Fim de um ciclo. O zagueiro Émerson pediu a rescisão de seu contrato e está se desligando do Paraná Clube. Uma decisão amadurecida a partir do coletivo da última quinta-feira, quando o jogador percebeu que estava perdendo a condição de titular. Dirigentes e integrantes da comissão técnica tentaram, em vão, demovê-lo dessa idéia. Na versão da diretoria, problemas ?de foro íntimo? fizeram com que Émerson tomasse esse caminho.
Em sua segunda passagem pelo clube – ele já vestiu a camisa tricolor em 2004 -, Émerson foi um dos destaques da equipe campeã estadual deste ano, comandando a zaga formada ainda por Gustavo e Neguete. Aproveitou o período da Copa do Mundo para se submeter a uma cirurgia no tornozelo.
Já na segunda rodada do Brasileiro, Émerson estava outra vez em ação e foi titular em 24 dos 31 jogos disputados pelo Tricolor, até aqui. Ao longo do primeiro turno, na condição de cobrador oficial de penalidades máximas, o zagueiro foi o artilheiro da equipe, com 4 gols.
?Só tenho a destacar o profissionalismo e o caráter do Émerson?, disse Caio Júnior.
O treinador tem a convicção de que o fato do zagueiro ter perdido a posição de titular, antes do clássico do último sábado ?detonou? esse processo. ?Isso aconteceu comigo, em 1999, no Rio Branco de Americana. Com um problema no ciático, já não conseguia treinar e mesmo participando dos jogos, pedi para rescindir contrato e encerrei minha carreira?, relembrou o treinador paranista. ?A atitude do Émerson foi de respeito ao grupo?.
O treinador não quis comentar sobre um possível desgaste no relacionamento entre Émerson e o goleiro Flávio. O presidente José Carlos de Miranda disse que o zagueiro lhe confirmou ter ficado magoado com informações incorretas que acabaram sendo veiculadas por alguns segmentos da imprensa sobre esse assunto. ?O que posso atestar é que o Émerson sempre foi um grande profissional. Um jogador diferenciado não só dentro de campo, mas como pessoa?, disse Miranda.
O zagueiro, que deve assinar a rescisão ainda hoje, não foi ao clube nos últimos dias e a assessoria do Paraná Clube não sabe se ele concederá entrevista coletiva ou não. Mesmo com apenas 31 anos, Émerson nunca escondeu que estava encaminhando sua aposentadoria para breve.
Ao se desligar do Tricolor, deixa seu nome marcado no clube com a conquista do estadual, após nove anos de jejum, e a melhor campanha em Brasileiros, até o momento.
Tá nas mãos dos jogadores
Agora, é Copa do Mundo. Restando sete rodadas para o fim do Brasileirão, o Paraná Clube vai em busca de uma difícil missão: superar adversários diretos na luta por uma vaga à Libertadores da América. Serão quatro confrontos ?de seis pontos?, a começar pelo jogo de quinta-feira, em Belo Horizonte, frente ao Cruzeiro. Esse foi o tema principal de uma palestra ontem pela manhã, onde Caio Júnior procurou trabalhar o emocional do grupo, após as derrotas para Flamengo e Atlético.
Sai de cena o treinador, entra o psicólogo. Caio revelou ontem que se houvesse tempo para voltar a estudar, faria o curso de psicologia. ?Acho que todo treinador precisa disso. Ainda mais num campeonato tão longo, onde você precisa de soluções a todo instante?, disse o ?psicólogo?. A diretoria decidiu descartar a inclusão de profissionais da área para sessões motivacionais. ?O que vimos aqui, foi impressionante.
O Caio Júnior e o Júlio César (auxiliar-técnico) prepararam uma palestra excepcional. Eles tocaram fundo no coração dos caras?, disse o vice de futebol José Domingos.
Caio garante que não se deixou abater pelos recentes fracassos. ?Creio na força do grupo. É hora da decisão e vamos buscar?, avisou.
Para o treinador, é preciso colocar pra fora toda a qualidade, toda a ?raiva?. ?Uma coisa é querer a vaga, outra é decidir. Agora, não há mais espaço para deslizes?, avisou o treinador. Para mobilizar o grupo, Caio Júnior utilizou os recentes números da equipe. Das sete últimas partidas, o Paraná venceu cinco e perdeu duas. ?Se repetirmos essa performance, chegamos lá?, disse o meia Batista, assimilando as orientações do treinador.
Nas contas da comissão técnica, o Paraná já cumpriu duas etapas neste Brasileiro. Garantiu com folga a permanência na Série A. Também já assegurou presença na Sul-Americana. Como pensar em título já é impossível, Caio Júnior lançou a seguinte questão ao grupo: ?A vaga para a Sul-Americana já satisfaz??.
Os atletas garantiram que não e prometem 35 dias de mobilização, de sacrifício total – dentro e fora de campo – na busca pelo maior objetivo da temporada: a classificação para a Libertadores.
Para chegar lá, o Tricolor terá que superar adversários diretos e em ?campo minado?.
Além de encarar o Cruzeiro, no Mineirão, vai a São Januário pegar o Vasco e à Vila Belmiro encarar o Santos.
O Paraná ainda recebe o Internacional, que briga pelas primeiras posições, sem contar o São Paulo, adversário da última rodada.
As outras ?decisões? serão contra Palmeiras, na Vila Capanema, e São Caetano, no ABC Paulista.
Zagueiro do Paraná fará queixa-crime
O zagueiro Gustavo, do Paraná Clube, deve confirmar na manhã de hoje a queixa-crime, por agressão, de dois atleticanos que entraram no gramado antes do clássico de sábado. O jogador teria sido atingido pelo mastro de uma das bandeiras empunhadas pelos torcedores da ?Fanáticos? -fato registrado pela diretoria tricolor no posto policial do estádio, mas que deverá ser ratificado na Polícia Civil. ?Tentaram acertar o Peter e pegaram o Gustavo. Ele só não formalizou a queixa antes porque voltou a Campinas ver a mãe doente?, conta o superintendente paranista, Ricardo Machado Lima.
O presidente da Fanáticos, Júlio César Sobota, o ?Julião?, acusa um dos paranistas de ter pisado na bandeira da organizada. ?Outro jogador comprou a briga e começou o agito. Também não vamos baixar a bola em nosso quintal?, falou. Os dois torcedores – um deles diretor da Fanáticos e outro colaborador, segundo o líder do grupo -, levaram golpes de cassetete dentro de campo e acabaram detidos pela PM.
Julião revelou também que os torcedores entraram no gramado com autorização da diretoria. ?Eles nos procuraram na época em que o Atlético estava mal. Liberaram a bateria e falaram em fazermos uma situação diferente, entrando em campo com as bandeiras?, disse. Outros torcedores da Fanáticos estiveram no gramado da Arena em jogos anteriores. O Atlético informou, através da assessoria de imprensa, que irá se manifestar sobre o assunto, se achar necessário, através do site oficial do clube.