Não há outro resultado ao Brasil do que vencer a Holanda neste sábado, às 17 horas, na disputa do terceiro lugar da Copa do Mundo, no estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. Quatro dias depois de sofrer a pior derrota de sua história, a seleção volta a campo para jogar em nome da honra. É o que resta. Ainda atordoado com o que se passou no Mineirão na última terça-feira, Felipão garante que ele e os jogadores reverteram 75% da situação horrível que estão vivendo e prometem lutar para ficar em terceiro no Mundial e “dar ao povo uma pequena alegria”.
Este momento de felicidade ao torcedor, espera o treinador, é a forma que ele e a seleção encontraram para retribuir o apoio que têm recebido nas ruas, mesmo após a queda diante da Alemanha. Para chegar ao jogo com os nervos no lugar e de cabeça erguida, Felipão não preparou nada especial. Garantiu apenas que vai manter o equilíbrio emocional.
“Nervoso não estou mais porque o objetivo principal já não vai acontecer. A quarta-feira, quinta e sexta estão sendo difíceis. E provavelmente será difícil para o resto de nossas vidas. A derrota (para Alemanha) sempre será lembrada por muito tempo por todos”, disse Felipão, menos emocionando, nesta sexta, em Brasília.
Sem muitas alternativas, o treinador avisa que vai mexer no time. Deve trocar no máximo dois jogadores para não desfigurar muito a seleção e dar chance aos que pouco ou nem atuaram na Copa. Felipão não revelou os nomes de quem deve entrar e quem deve sair. E não espera grandes alterações do adversário. A sua maior preocupação no jogo é não deixar Robben pintar e bordar. “No treino inventei o Marcelo como falso ponta-direita para imitar uma jogada de um grande jogador, o melhor do Mundial para mim, que é o Robben”.
Do lado da Holanda, Louis Van Gaal também fala em jogar em nome da honra e se despedir invicto da Copa – os holandeses não perderam um jogo no tempo normal e só não foram à final porque caíram na decisão de pênaltis contra a Argentina. Van Gaal, que havia desprezado a decisão do terceiro lugar, mudou o discurso. Ele quer seu time ligado para derrotar o Brasil e sair do Mundial sem nenhuma derrota.
O jogo, no aspecto tático, não promete grandes mudanças. A seleção brasileira vai atuar no modelo que usou desde o início da Copa. Nem mesmo com o desastre diante da Alemanha vai fazer Felipão mudar de ideia. Os holandeses vão se escorar na forte marcação no meio e explorar a última gota de suor de Robben e Shneider, os talentos do time.
Mais que diferenças táticas, a decisão do terceiro lugar vai colocar duas seleções abatidas frente a frente. Os holandeses, pela frustração de não ter ido à final da Copa. E os brasileiros, pelo vexame dos 7 a 1 e a decepção que provocou na torcida. O jogo marca também a despedida de Brasília do Mundial, depois de seis jogos – completa o sétimo neste sábado – e do estádio Nacional Mané Garrincha (que custou cerca de R$ 1,5 bilhão), um dos mais caros dos 12 erguidos para a competição.
A partida pode marcar ainda a despedida de Luiz Felipe Scolari do comando da seleção brasileira. Até esta sexta, essa possibilidade era bem remota. Felipão tem projeto de ficar mais um tempo no comando do time. Antes de a Copa começar, ele esperava se despedir com a conquista do hexa no Maracanã, neste domingo. Depois da catástrofe em Belo Horizonte, a dor o obriga a pagar uma dívida com a torcida. Turrão e firme nas suas ideias, o treinador não parece disposto a abandonar o barco agora por lealdade aos jogadores que estiveram com ele desde o ano passado. Não quer ver este grupo ser imortalizado pelo fracasso.