São Paulo – A seleção brasileira venceu a Guatemala por 3 x 0, em amistoso realizado na noite de ontem, em São Paulo, que serviu para marcar a despedida de Romário com a camisa do Brasil. Anderson, Romário e Grafite marcaram os gols.
Com uma equipe formada por jogadores que atuam em clubes brasileiros, a seleção teve dois momentos distintos no jogo, -com Romário em campo, até os 38 do 1.º tempo, e sem o Baixinho, quando o técnico Carlos Alberto Parreira pôde fazer várias substituições e observar jogadores.
Parreira cumpriu a promessa de escalar o ataque do Brasil com Romário e Robinho. E Romário teve a chance de marcar o seu gol logo aos 4min, quando arriscou um chute de pé esquerdo, mas mandou a bola para fora.
Era um jogo fácil e o primeiro gol do Brasil não demorou muito para acontecer. O zagueiro Anderson, aos 5min, aproveitou cruzamento do são-paulino Cicinho para fazer Seleção Brasileira 1 x 0 Guatemala.
Romário, enfim, realizou seu sonho de marcar em seu jogo de despedida, aos 16min. Numa saída errada do goleiro Miguel Klée, Ricardinho recuperou a bola para o Brasil e cruzou para Romário, sozinho na pequena área, concluir de cabeça.
As tabelas entre Romário e Robinho não saíram como a torcida pensava. O atacante do Santos até que tentou deixar o Baixinho na cara do gol, ou fazer o seu, mas não conseguiu.
Aos 38min de partida, Romário foi substituído por Grafite. Na saída de campo, o jogador do Vasco foi recepcionado por Dunga, Branco, Paulo Sérgio, Viola e Raí, ex-companheiros na conquista do tetra, deu uma volta olímpica e encerrava a sua história de 18 anos pela Seleção Brasileira.
Pouco antes de Romário ser substituído, o volante Magrão, do Palmeiras, chocou-se, de cabeça, com Sandoval, da Guatemala, e teve que sair de campo. O jogador foi levado para um hospital e deveria passar a noite em observação.
No intervalo, o técnico Carlos Alberto Parreira fez profundas modificações no time. Trocou o goleiro Marcos, o meia Carlos Alberto e Robinho por Rogério Ceni, Fernandão e Fred.
O terceiro gol saiu aos 20min do segundo tempo. Fernandão fez passe preciso para Grafite, que tocou na saída do goleiro, e marcou pela primeira vez com a camisa do Brasil – o atacante do São Paulo fez sua estréia pela Seleção.
Ficha técnica
Gols: Ânderson, aos 16?, e Romário, aos 38? do 1.º tempo; Grafite, aos 20? do 2.º. Brasil: Marcos (Rogério Ceni); Cicinho (Gabriel), Anderson, Fabiano Eller (Glauber) e Léo; Mineiro, Magrão (Marcinho), Ricardinho e Carlos Alberto (Fernandão); Robinho (Fred) e Romário (Grafite). Técnico: C. A. Parreira. Guatemala: Miguel Klée (Motta); Nestor Martinez, Melgar, Cabrera e Denis Chen (Gomes); Fredy Thompson (Figueroa), Giron (Morales), Romero e Angel Sanabria (Dávila); Carlos Castillo (Aragon) e Sandoval. Técnico: Ramón Maradiaga. Local: Pacaembu (São Paulo).
Romário vai deixar saudade
São Paulo – Ainda que o jogo tenha importância questionável para a Seleção Brasileira, daqui a muitos anos haverá gente se lembrando com saudade da partida de ontem à noite no Pacaembu. A despedida de Romário com a camisa verde-amarela foi emocionante – ainda que não tenha sido a primeira, mesmo que não seja a última. O Baixinho marcou gol – impedido, mas e daí, valeu pela festa -, deu volta olímpica e reclamou da arbitragem ao levar cartão amarelo por excesso de comemoração após fazer 2 a 0.
O Pacaembu apresentou ares do campinho da Vila da Penha, bairro carioca onde Romário costumava se divertir jogando futebol com os amigos na infância e adolescência. Com batucada nas arquibancas, ouvindo seu nome gritado pelos mais de 30 mil torcedores que, em sua maioria, saíram de casa apenas para vê-lo jogar, se sentia em casa.
E mais uma vez, como se acostumou a fazer na carreira, deixou aflita a dupla de zagueiros que cruzou seu caminho. Ontem: Melgar e Martinez. Começa o jogo. Passa o tempo e Romário nem toca na bola. Quase sempre na banheira, se recebesse o passe estaria várias vezes impedido. Sem problema para o espetáculo, fez isso por duas décadas e sempre deu certo. Gol de Anderson aos 5 minutos. Todos correram para abraçar o zagueiro, menos o dono da festa. Ciúme? Pode ser. Ninguém jamais disse que ele é perfeito.
O zagueiro Melgar, que o acompanhava a todo momento, foi vendo que o atacante do Vasco parecia disperso, abriu espaço aos poucos – enfim, caiu na armadilha do veterano de 39 anos. Assim, aos 9, a bola sobrou para Romário finalizar pela primeira vez, nas mãos do goleiro. Errava e era aplaudido, acertava, era ovacionado.
O grande momento veio aos 17. Romário, em posição questionável, aproveita cruzamento de Ricardinho e marca de cabeça. O estádio veio abaixo. O atacante agora sim abraçou a todos, comemorou tanto que levou amarelo.
Aos 40 do primeiro tempo, os ex-jogadores Dunga, Paulo Sérgio, Raí, Branco e Viola, integrantes da equipe campeã mundial em 1994, foram buscar o atacante na saída do gramado. Rebelde como sempre, Romário quebrou o protocolo, pediu autorização para o juiz e deu uma emocionante volta olímpica.
O homenageado deixou o campo e logo em seguida o estádio. Estava muito emocionado, contou o assessor de imprensa da seleção brasileira, Rodrigo Paiva. Só estava triste porque não poderia acompanhar a repercussão da partida. Viajou para o México, onde participa da despedida do goleiro mexicano Jorge Campos.
Vaga para quatro ?brasileiros?
São Paulo – Os ?estrangeiros? voltam à Seleção Brasileira em junho para os jogos contra Paraguai e Argentina pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2006. A Seleção ?doméstica? foi desfeita ontem, depois do amistoso contra a Guatemala que marcou a despedida de Romário. A convocação dos ?estrangeiros? será no dia 20 de maio.
Dos que participaram do jogo no Pacaembu, apenas o goleiro Marcos, o volante Magrão, o meia Ricardinho e o atacante Robinho têm chance de estar na próxima lista. Parreira não abre mão dos jogadores que estão na Europa e formam a base da Seleção nas Eliminatórias. ?Os que estão na Europa sempre levam vantagem. Não dá para imaginar a Seleção Brasileira sem a participação deles?, avalia Carlos Alberto Parreira.
O treinador já tem a lista pronta para os jogos contra os paraguaios e argentinos: goleiros, Dida e Marcos; laterais, Cafu, Belletti, Roberto Carlos e Gustavo Nery; zagueiros, Juan, Roque Junior, Lúcio e Luisão; volantes, Emerson, Renato e Magrão; meias, Juninho Pernambucano, Zé Roberto, Ricardinho, Alex e Kaká; atacantes, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo, Robinho e Adriano. Esta lista será alterada apenas em caso de contusão mais séria dos convocáveis.
A seleção joga dia 5 de junho contra o Paraguai no Beira-Rio, em Porto Alegre. Três dias depois, enfrenta a Argentina em Buenos Aires. E no dia 12 embarca para disputar a Copa das Confederações na Alemanha, de 14 a 29 de junho.
Nesta competição, chancelada pela Fifa, Parreira deve enfrentar resistências dos clubes para liberar os jogadores. A Copa das Confederações será disputada no período de férias dos que atuam na Europa.
Real Madrid e Barcelona já se manifestaram contrários à participação de Ronaldo, Roberto Carlos e Ronaldinho Gaúcho no torneio. O Milan também exige férias para Cafu, Dida e Kaká.
A CBF, em recente comunicado, garantiu que não havia feito nenhum acordo com clubes europeus. E, até segunda ordem, todos os jogadores poderiam ser convocados.
Parreira teme também cortar as férias dos seus principais jogadores, que não teriam um descanso prolongado até a Copa do Mundo de 2006. Eles emendariam duas temporadas sem férias.
