Atlético Paranaense e São Paulo já decidiram uma Copa Libertadores, mas nesta quarta-feira os torcedores dos dois times devem ter ficado saudosos daquelas equipes. Em jogo ruim tecnicamente, no estádio Parque do Sabiá, em Uberlândia (MG), pela oitava rodada, empataram em 2 a 2 e ficaram longe das primeiras posições do Campeonato Brasileiro no penúltimo jogo antes da pausa para a Copa do Mundo.
Um fenômeno curioso é que o São Paulo escolhe apenas 45 dos 90 minutos de jogo para realmente fazer alguma coisa – a outra metade do tempo é marcada por uma letargia inexplicável. Nesta quarta, o time decidiu usar o segundo tempo para “entrar em campo” e efetivamente jogar um pouco de futebol.
Na primeira etapa, o torcedor que se arriscou a encarar o frio do estádio Parque do Sabiá sofreu com uma partida fraquíssima tecnicamente. Se o Atlético não é um time que desperte maiores emoções, o São Paulo segue como um catado, uma massa anencéfala refém de Paulo Henrique Ganso para fazer alguma coisa. Se o camisa 10 não está em noite de gala, o time não anda e vive de chutões ou das arrancadas de Osvaldo. Não há compactação entre os setores, estrutura de jogo. Nada. É um árido deserto de ideias.
Em que se pese o drama de ter jogadores como Lucão e Reinaldo entre os titulares, a defesa continua um terror. A bisonha falha individual de Douglas que originou o gol de Bady não pode ocultar que o sistema é frágil como uma casca de ovo.
Enquanto o sexto mês do ano se avizinha, o técnico Muricy Ramalho, blindado por grande parte da torcida, patina e dá sequência a um trabalho até aqui pobre em qualidade e resultados. Fosse outro, difícil imaginar que contaria com tamanha paciência. E não faltou tempo para encontrar o time ou ao menos uma forma de jogar; o time tricolor ficou praticamente um mês sem jogar depois da queda no Campeonato Paulista e não aproveitou para nada.
Sem Maicon, suspenso, o São Paulo ficou ainda mais estéril na criação de jogadas; Souza não tem a mesma saída do camisa 18 e foi até onde podia para tentar ajudar. Incapaz de construir alguma jogada, o time tricolor passou a explorar o jogo aéreo e na correria desordenada na expectativa de alguma falha do adversário, que se fechou e desperdiçou boas chances de matar a partida no contra-ataque. Faltava quem parasse a bola e pensasse um pouco mais a armação.
A partida andava modorrenta quando Deivid derrubou Luis Fabiano dentro da área e Rogério Ceni cobrou o pênalti para empatar. Daí em diante a tática foi de vez para o espaço e o jogo ganhou rumo elétrico: Cléo, aos 44, e Luis Fabiano, aos 46 minutos, movimentaram mais uma vez.
No fim, o empate acabou sendo o resultado mais justo para os dois times que passaram mais tempo surrando a bola do que jogando futebol. Em termos de resultado, o São Paulo pode comemorar o ponto achado. Mas se olhar a fotografia de longe, verá que o time está longe de ser confiável e ainda precisa evoluir muito. O trabalho, até aqui, está devendo.
FICHA TÉCNICA
ATLÉTICO-PR 2 x 2 SÃO PAULO
ATLÉTICO-PR – Weverton; Sueliton, Dráusio, Léo Pereira e Natanael; Deivid, Otávio, Bady (João Paulo) e Marcos Guilherme; Douglas Coutinho (Nathan) e Ederson (Cléo). Técnico: Leandro Ávila (interino).
SÃO PAULO – Rogério Ceni; Douglas, Lucão, Antonio Carlos e Reinaldo; Denilson (Hudson), Souza e Paulo Henrique Ganso; Alexandre Pato (Boschilia), Osvaldo e Luis Fabiano. Técnico: Muricy Ramalho.
GOLS – Bady, aos 29 minutos do primeiro tempo; Rogério Ceni (pênalti), aos 30, Cléo, aos 44, e Luis Fabiano, aos 46 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Deivid e Léo Pereira (Atlético-PR); Osvaldo (São Paulo).
ÁRBITRO – Anderson Daronco (RS).
RENDA E PÚBLICO – Não disponíveis.
LOCAL – Estádio Parque do Sabiá, em Uberlândia (MG).