São Paulo (AE) – O clássico entre Corinthians e Palmeiras hoje, no Morumbi, pelo campeonato brasileiro, ganhou ingredientes extras que aumentam ainda mais a importância do resultado.
A vitória é fundamental para que o Palmeiras se mantenha na briga pelo título – e ver o sonho de ser campeão escapar com uma derrota para o rival está longe de ser uma idéia agradável para qualquer torcedor palmeirense. O líder do campeonato espera deixar mais um concorrente pelo caminho – já o fez contra Fluminense e Santos, com remotas chances de levantar a taça.
Depois de jogos sem grandes aspirações, onde a importância ficou limitada à rivalidade, finalmente as equipes voltam a se encontrar em confronto decisivo. E apesar de ainda não valer título, esta sendo tratado por ambos como final antecipada. Ao Corinthians, vale o retrospecto dos últimos 11 confrontos, dos quais só perdeu uma vez. Não perdendo, mantém os 10 pontos de diferença ou, ganhando, os aumenta para 13, restando dez rodadas.
Mas os times entrarão em campo com desfalques importantes. No líder, os meio-campistas Roger, Rosinei e Carlos Alberto estão suspensos e o técnico Antônio Lopes coça a cabeça para encontrar substitutos à altura. Deve optar por Fabrício e Hugo.
No Palmeiras, Leão terá a difícil missão de montar a equipe sem seu principal atacante, Marcinho, também suspenso. Insatisfeito com o desempenho de André Cunha na lateral, deslocou o volante Correa para a posição e colocou Roger em seu lugar. "O André foi substituído nos dois últimos jogos porque não estava bem e acho que não preciso explicar mais. Roger entrou por ser mais marcador e ter vigor físico", observou o técnico, que não quis confirmar Warley no lugar do artilheiro.
Detestou o desempenho do jogador no treino de sexta-feira e por isso cogita, inclusive, escalar Washington ou até mesmo o jovem Cláudio ao lado de Gioino. No último treino, deu atenção especial às jogadas de bola parada.
Paralelamente, haverá uma atenção especial sobre o árbitro Wilson de Souza Mendonça por causa do recente conflito na partida entre Corinthians e Santos, um dos onze disputados novamente por causa do escândalo do apito. O time do Parque São Jorge venceu por 3 a 2, mas o jogo não chegou ao seu final porque a torcida santista se revoltou contra as decisões do juiz Cléber Wellington Abade e invadiu o gramado, aos 45 minutos da fase final.
Estrangeiros prometem um jogo à parte em campo
São Paulo (AE) – O destino de Palmeiras e Corinthians no campeonato brasileiro passará pelos pés de dois estrangeiros, o paraguaio Gamarra e o argentino Carlitos Tevez. O zagueiro é o responsável por arrumar a defesa palmeirense ao longo da competição; o atacante, artilheiro corintiano da temporada, é o termômetro do time. Quando joga bem, a vitória é praticamente certa.
Apesar do status de estrela de ambos, quando pisarem no Morumbi buscarão quebrar pequenos, mas incômodos tabus. Gamarra tenta desvencilhar-se do rótulo de corintiano com boa apresentação e a primeira vitória contra o ex-clube. Tevez busca e acredita, enfim, espantar a falta de gols em clássicos. "Oxalá que eu marque no domingo", enfatiza. "Mas o mais importante é o Corinthians. Se o time vence, o Tevez também vence", profetiza, confiante.
Marcar contra o maior rival seria a consagração para o ídolo atual da torcida. Por sua garra, dedicação, o atacante é reverenciado em campo. E se os zagueiros acham que, na base na violência, vão intimidá-lo, Tevez avisa: quanto mais apanha, mais fica motivado. "É tipo Boca (Juniors, time no qual iniciou a carreira) e River (Plate, o principal adversário). Clássico que gosto de atuar, onde costumo jogar bem," avisa.
Desde sua chegada ao clube, Tevez já disputou 7 clássicos, sendo dois deles contra o Palmeiras, justamente nos que mais brilhou. Nos 2 a 0 do campeonato paulista, inclusive, chegou a marcar um gol, anulado injustamente. Promete que hoje será diferente.
Timidez
Gamarra admite: não gosta muito de falar. "Trato de trabalhar muito e aparecer pouco. Por isso caí nas graças da torcida", disse o zagueiro em uma de suas raras entrevistas desde que começou a trabalhar no Palmeiras, primeiro sob o comando de Paulo Bonamigo, depois de Emerson Leão.
E o desafio de ganhar a confiança dos palmeirenses não era dos mais simples, afinal, viveu o auge da carreira no rival, onde conquistou, inclusive, o maior título do clube, o Mundial da Fifa. E a torcida palestrina não se contentaria com desempenho do mesmo nível do apresentado no Parque São Jorge. Queria mais.
Gamarra pode ser de poucas palavras, mas é ousado nas atitudes. Em sua apresentação no Palmeiras, revelou que não voltou ao Brasil apenas para reforçar a equipe. Disse que não sabe jogar em um time sem ter a motivação de lutar por títulos e, por isso, esperava ajudar o time a atingir esse objetivo.
De fato, desde sua chegada o Palmeiras vem subindo de produção e os companheiros, em especial os de defesa, não cansam de ressaltar a importância de seu trabalho e de suas orientações no grupo.
Hoje, Gamarra busca apagar a má impressão do duelo do primeiro turno, no qual perdeu a bola para Mascherano no lance que originou o terceiro gol da vitória corintiana por 3 a 1, há três meses, também no Morumbi. (FH e VZ)