A torcida do West Ham recebeu o time em campo nesta terça-feira avisando que “para sempre assoprará bolhas, lindas bolhas no ar”. De fato, as bolhas de sabão cantadas na música tida como hino do clube tomaram conta do ar em Upton Park, em uma linda festa protagonizada pelos fanáticos torcedores para se despedirem daquela que foi sua casa por 112 anos. Em campo, a equipe londrina correspondeu diante do Manchester United e, em um duelo memorável, conseguiu uma emocionante vitória por 3 a 2 no adeus ao lendário estádio, em jogo atrasado da 35.ª rodada do Campeonato Inglês.
O West Ham foi amplamente superior no primeiro tempo, saiu na frente, mas levou a virada na etapa final e precisou buscar uma nova reviravolta para vencer. O resultado o levou a 62 pontos, subindo de novo para a sexta colocação e o deixando perto da vaga para a Liga Europa a uma rodada para o fim do Campeonato Inglês. Um ponto à frente está o Manchester United, que perdeu a chance de passar o rival Manchester City em quarto e se aproximar da Liga dos Campeões da Europa.
Durante mais de um século e 2.398 partidas em Upton Park, passaram por lá com a camisa do West Ham nomes como os de Bobby Moore, Geoff Hurst, Paul Ince, Rio Ferdinand, Paolo Di Canio, Frank Lampard, entre outros. A partir do dia 7 de agosto, em amistoso contra a Juventus, o time londrino passará a ter como casa o estádio Olímpico, utilizado nos Jogos de Londres em 2012.
Talvez pela emoção desta despedida, a torcida do West Ham mostrou o seu melhor, mas também o seu pior lado nesta terça-feira. Parte dela atacou o ônibus dos jogadores do Manchester United antes da partida, o que causou um atraso de 45 minutos no apito inicial. No intervalo, depredaram partes do interior do estádio, na busca de “lembranças” para levar para casa.
Mas foi empurrado pelo incrível espetáculo das arquibancadas e do canto em uníssono do hino que o West Ham começou a todo vapor a partida. Logo aos nove minutos, abriu o placar com Sakho. Lanzini recebeu ótimo lançamento pela esquerda e tocou para trás, no meio da área, onde chegava o senegalês para bater. A bola ainda desviou em Blind e matou De Gea.
O West Ham exercia intensa pressão, mantinha a posse e só não levava mais perigo por erros na finalização. Como aos 19 minutos, quando Carroll aproveitou cochilo total da defesa adversária, recebeu no meio de campo e arrancou absolutamente sozinho. Mas de frente para De Gea, bateu em cima do goleiro espanhol.
A última grande chance dos anfitriões no primeiro tempo aconteceu aos 31 minutos, em novo erro da defesa do Manchester United. Noble roubou no campo de ataque, conduziu e deixou Payet em ótima posição. O francês cortou a marcação, mas quando ficou de frente para o gol, isolou.
Só que o segundo tempo foi bem diferente. O Manchester United voltou melhor e não demorou para empatar. Logo aos cinco minutos, Rashford recebeu na intermediária e deu ótimo passe para Mata, que foi à linha de fundo pela direita e rolou para o meio. Martial apareceu sozinho, sem goleiro, e tocou para a rede.
O West Ham, então, voltou a atacar e quase ficou à frente mais uma vez aos nove minutos, quando Payet arriscou de fora da área e jogou rente à trave. No minuto seguinte, o mesmo Payet cobrou falta pela direita, Sakho apareceu sozinho na linha da pequena área, mas cabeceou por cima.
Na ânsia por uma despedida à altura, o West Ham deixou muitos espaços na defesa. O Manchester United aproveitou e virou o placar aos 26 minutos. Rooney puxou contra-ataque e tocou para Rashford, que arrancou e encontrou Martial pela esquerda. O atacante passou como quis pelo marcador e bateu mesmo sem ângulo. O goleiro Randolph errou ao tentar antecipar o cruzamento e viu a bola morrer na rede.
Parecia que a festa seria mesmo atrapalhada pelo Manchester United, mas o West Ham não se abateu, continuou em cima e empatou aos 30 minutos. Payet cruzou da intermediária, Antonio subiu sozinho e cabeceou com estilo. Mais cinco minutos e saiu a virada. Em novo cruzamento de Payet, desta vez em falta pela esquerda, Reid cabeceou firme e De Gea desviou, mas não impediu o gol. Foi o suficiente para que os cantos da torcida embalassem o time londrino pela última vez em Upton Park, em uma festa que demorará para ser esquecida.