São Paulo – Não poderia ser melhor para o São Paulo. Com o empolgante 5 a 3 desta quarta-feira à noite no frio e chuvoso Morumbi, diante do Vasco, o líder do Brasileiro conquistou não só sua oitava vitória consecutiva no campeonato, igualando o recorde dele próprio de 1983 e 1986, mas principalmente a garantia de disputar em casa o segundo jogo da fase seguinte do campeonato. E mais: teve sim um gostinho de revanche a goleada devolvida aos cariocas. Ano passado o Vasco venceu por 7 a 1, no Rio. Quando tudo caminhava para um resultado surpreendente, em oposição à esperada vitória fácil do time de Oswaldo de Oliveira o Vasco abriu 2 a 0 aos 38 do primeiro tempo. E os primeiros 10 minutos de jogo sugeriam que a expectativa dos 15.506 torcedores que foi ao estádio seria correspondida. O São Paulo envolvia o adversário, apesar de não chegar com perigo ao gol. Por alguma razão que o técnico terá de conversar com os jogadores, o grupo caiu muito de produção a seguir, em especial na defesa, que não se entendia.
O Vasco aproveitou. Aos 35, Ramon fez um belo gol ao cortar já dentro da área Gabriel, que se confundiu na jogada junto de Jean e Regis. O gol desestabilizou ainda mais o sistema defensivo são-paulino e três minutos depois Ramon apareceu livre, nas costas de Gabriel, para chutar cruzado: 2 a 0. O que deveria ser uma festa do São Paulo, em casa, estava tornando-se um pesadelo. A invencibilidade de nove partidas estava em xeque e a sonhada vantagem para as quartas-de-final do Brasileiro começava a ficar um pouco mais distante.
A virada teve início ainda no primeiro tempo. O juiz apitou pênalti de Henrique aos 45 minutos. O zagueiro do Vasco levantou claramente o braço num cruzamento para a área. O artilheiro do campeonato, Luís Fabiano, cobrou e fez o primeiro dos seus três gols no jogo. Agora ele soma 18 gols no total e está em primeiro nesse ranking. Rodrigo Fabri, do Grêmio, caiu para segundo, com 17. Mas o São Paulo perdeu seu melhor atacante: o árbitro lhe deu cartão amarelo por demorar demais na volta a campo, na comemoração do seu segundo gol.
A segunda etapa foi emocionante. A chuva apertou no começo e até algumas pequenas poças surgiram no gramado. O São Paulo voltou mais animado, apesar da defesa continuar batendo cabeça. Mas a do Vasco resolveu ser solidária e aos 15 minutos, na cobrança de um escanteio, a bola correu livre, por toda a zaga vascaína, até encontrar, na segunda trave, o pé de Jean, que apenas empurrou para o gol. O empate atiçou ainda mais o São Paulo e o que poderia ser uma ducha gelada na tentativa de virar o placar, o desempate do Vasco, aos 22, com Zé Carlos, em outra falha da zaga, serviu de estímulo. Um minuto apenas mais tarde o lateral-esquerdo Gustavo Nery driblou vários jogadores e deu um passe sob medida para Luís Fabiano empatar de novo: 3 a 3. Os gols se sucediam em profusão, numa bela partida. O São Paulo queria mais. O Vasco estava colaborando também, tanto que aos 27, em outro escanteio, a defesa entregou o ouro. Desta vez foi o goleiro Fábio, que tinha boa atuação até aquele momento. Luís Fabiano surgiu por trás de Fábio para de cabeça colocar o São Paulo na frente pela primeira vez no jogo: 4 a 3.
Com toda certeza boa parte da torcida começou a pensar no 7 a 1 sofrido ano passado, em São Januário, quando Júlio Santos fez apenas dois minutos mais tarde o 5 a 3. Faltavam ainda 15 minutos para o apito final e o Vasco parecia entregue. Não deu para fazer mais dois gols, mas a vitória diante dos cariocas não deixou de ser comemorada como uma revanche. A vitória deixou o clube do Morumbi bem antes de qualquer outro no Brasileiro em excelente condição já para a fase seguinte da disputa, as quartas-de-final. Gols – Ramon aos 35 e aos 38 e Luís Fabiano (pênalti) aos 45 minutos do primeiro tempo; Jean aos 15, Zé Carlos aos 22, Luís Fabiano aos 23 e aos 27 e Júlio Santos aos 29 do segundo.
São Paulo – Roger; Gabriel, Jean, Régis e Gustavo Nery; Júlio Santos, Fábio Simplício (Júlio Baptista), Kaká e Ricardinho (Adriano); Luís Fabiano e Reinaldo (Leandro). Técnico – Oswaldo de Oliveira.
Vasco – Fábio; Géder, Rogério Pinheiro e Marcelo; Russo (Glaydson), Henrique, Léo Lima (Rodrigo Souto), Petkovic e Edinho; Ramon e Zé Carlos (Ely Thadeu). Técnico – Antônio Lopes.
Juiz – Wilson de Souza Mendonça (PE).
Cartão amarelo – Marcelo e Luís Fabiano.