Houve expulsões, houve jogadas ríspidas. Mas, acima de tudo, houve futebol, e o Paratiba de ontem no Pinheirão foi decidido limpamente.
E venceu quem foi melhor – o Paraná, que derrotou o Coritiba por 3×2, se aproximando definitivamente das primeiras posições do campeonato brasileiro e voltando a visar uma vaga na Copa Libertadores. Ao Coxa, resta um sonho distante de Sul-Americana.
O clássico começou muito bom para o Paraná, que logo a dois minutos abriu o placar. André Dias recebeu na entrada da grande área, deu um drible desconcertante em Reginaldo Nascimento e chutou rasteiro, sem chances para Douglas – acabava ali a invencibilidade do goleiro coxa, que chegou a 295 minutos. Era somente o primeiro ato de um domínio avassalador do tricolor.
Sem ação, o Coritiba foi envolvido pela armação tática de Barbieri e pela ótima atuação dos setores paranistas. Mas as chances de gol criadas foram desperdiçadas – principalmente por Edinho, que recebeu livre e tocou para fora.
E no futebol, não há jeito -quem não fez acabou tomando. Apesar de inoperante, o Coritiba chegou ao empate com o zagueiro Anderson, aproveitando a falha da defesa tricolor. Um lance que mudaria a história do jogo, caso Maia não fosse expulso dois minutos depois. O atacante coxa acertou um tapa em Daniel Marques e foi excluído por Rodrigo Martins Cintra.
Com um jogador a mais, Luiz Carlos Barbieri fez a alteração de costume – sacou Aderaldo e pôs Sandro, desmontou o 3-5-2 e partiu para o 4-4-2. Para tentar conter a pressão, Cuca também usou o 4-4-2 – no caso coxa, o 4-4-1. "Vou aproveitar o espaço que eles vão dar", avisou o técnico alviverde. Deu certo logo no primeiro lance da segunda etapa – Peruíbe arrancou e tocou para Caio, que chutou na saída de Flávio.
Era o momento em que o Coxa controlava o jogo, impedindo as ações ofensivas do Paraná. Mas um petardo de Mário César igualou a partida – o volante aproveitou o rebote e mandou de longe, marcando um golaço. A partir do empate, começou a pressão tricolor, e Borges virou a partida ao desviar a falta cobrada por Mário César. No lance fortuito, o jogo voltou a ter justiça.
As já remotas chances do Coxa se esvaíram definitivamente quando Reginaldo Nascimento foi expulso aos 22 minutos. O Paraná dominou o clássico (mesmo com a expulsão de Marcos) e só não ampliou a vantagem porque falhou em diversas conclusões. A vitória dá o fôlego que Barbieri necessitava, e reafirma a condição tricolor de postular melhores colocações, a partir do jogo de terça com o Atlético-MG.
Paranistas valorizaram a tranqüilidade da equipe
"Era o resultado que precisávamos." A frase do goleiro Flávio resumiu a alegria do Paraná Clube após a vitória sobre o Coritiba – a primeira de virada do tricolor no campeonato brasileiro. O sucesso da estratégia e da força do time jogando em casa fez com que o time se recuperasse dentro da própria partida. Os jogadores paranistas valorizaram a tranqüilidade que a equipe teve quando sofreu os dois gols alviverdes.
"No momento em que nós ficamos atrás, mantivemos a calma e soubemos como buscar o resultado", comentou o atacante Borges, que marcou o gol da vitória. "Provamos mais uma vez que temos grupo, que somos fortes e que podemos chegar longe neste campeonato", completou o meia Éder, novamente fundamental para a equipe – apesar de não luzir tanto, o armador participou das principais jogadores ofensivas do Paraná.
O técnico Luiz Carlos Barbieri, apesar de alegre, preferiu manter o discurso de serenidade. "Eu estou com os meus pés no chão, não vamos ficar sonhando muito. Primeiro temos que atingir nossos objetivos, e ainda há muito o que fazer no brasileiro", disse. O treinador também valorizou o feito do grupo, em um jogo considerado por ele "difícil, complicado, disputadíssimo". "Fomos superiores o tempo todo, sofremos gols de bobeadas, mas tivemos personalidade para buscar a virada e vencer o clássico", comentou.
Os jogadores do Coritiba lamentaram as expulsões de Maia e Reginaldo Nascimento. "Da forma que aconteceu, ficou muito difícil. Lutamos, mas não conseguimos", afirmou Peruíbe, o melhor alviverde no Paratiba. Caio preferiu reclamar da arbitragem de Rodrigo Martins Cintra. "Ele só expulsou um jogador do Paraná no final, e toda falta nossa ele dava cartão amarelo. E com dois a menos ficou complicado", atirou. (CT)
CAMPEONATO BRASILEIRO
2º Turno – 29ª Rodada
PARANÁ CLUBE 3×2 CORITIBA
Paraná: Flávio; Daniel Marques, Marcos e Aderaldo (Sandro); Neto, Pierre, Mário César (Beto), Éder e Edinho; Borges e André Dias (Fernando Gaúcho). Técnico: Luiz Carlos Barbieri
Coritiba: Douglas; Jackson, Vágner, Anderson e Ricardinho (Tiago); Reginaldo Nascimento, Peruíbe, Luís Carlos Capixaba (Élton) e Caio; Maia e Renaldo (Marciano). Técnico: Cuca
Local: Pinheirão
Árbitro: Rodrigo Martins Cintra (SP)
Assistentes: Márcio Luiz Augusto (SP) e Nilson de Souza Monção (SP)
Gols: André Dias 2 e Anderson 38 do 1º; Caio 1, Mário César 10 e Borges 16 do 2º
Cartões amarelos: Marcos, Borges, Sandro, Pierre (PR); Reginaldo Nascimento, Vágner, Ricardinho (CFC)
Cartões vermelhos: Maia, Reginaldo Nascimento e Marcos
Renda: R$ 88.470,00
Público: 7.444 (6.844 pagantes)