Em dia de visitação, mais dois camarotes vendidos

A presença de torcedores e interessados surpreendeu até mesmo os dirigentes paranistas. A primeira tarde de visitação às obras da ?nova? Vila Capanema foi marcante e com saldo positivo: além da procura por produtos alusivos à campanha ?Vila, tá na hora!?, mais dois camarotes foram negociados, em pleno gramado. ?São situações assim que nos enchem de confiança e de expectativa para ver o quanto antes o Durival Britto prontinho?, disse um dos coordenadores do projeto, Waldomiro Gayer Neto.

Com mais essas duas unidades negociadas – e outra reservada pelo ex-volante do time, Paulo Miranda – o Tricolor vira o ano com apenas onze camarotes disponíveis. ?A idéia foi muito bem aceita e os números mostram isso. Agora, só falta um apoio mais intenso na compra de produtos e doações espontâneas para que as obras de recuperação de banheiros, bares e outras dependências prossigam dentro do cronograma?, confirmou o vice-presidente Márcio Villela. Estiveram presentes na Vila torcedores da velha e da nova geração.

Por mais que a ?atração? fosse o setor de camarotes, que a partir de segunda-feira entra em fase de acabamento, todos os presentes aproveitaram a abertura dos portões para ?pisar? no gramado e tirar fotos. Também da segunda-feira começa a ser preparada a fundação para o novo setor de arquibancadas, na curva norte do estádio. Serão erguidos catorze degraus e já existe um projeto para a utilização de todo o setor abaixo desta arquibancada e também dos camarotes, como a construção de uma nova sala de memória do clube, onde seriam expostos todos os troféus conquistados pelo Paraná e todos os clubes que deram origem ao Tricolor.

Uma queda inesperada

Sai Lori Sandri, entra Luiz Carlos Barbieri. Este foi o momento de maior receio para os paranistas no Campeonato Brasileiro. O efeito de uma mudança de filosofia de trabalho, em um time muito bem ajustado, poderia ser desastroso. E os primeiros jogos foram terríveis. Por mais que Barbieri tivesse mantido o esquema de jogo, o momento parecia ser de declínio. Após a derrota para o São Paulo, ainda sob o comando de Lori, o time entrou em parafuso. Foram outros três tropeços – para Juventude, Palmeiras e Ponte Preta -, fazendo muita gente crer em nova troca de comando.

A situação transformou um jogo aparentemente tranqüilo, frente ao frágil Brasiliense, em decisão. Ao golear por 4×1, o Tricolor não apenas garantiu serenidade ao elenco, como iniciou uma série invicta de cinco jogos. Foi justamente nesse período que a diretoria reforçou o elenco com outras cinco contratações: Pierre, Fernando Gaúcho, Sandro, Éder e Neguete. Todos vindos da Série B e em ritmo de competição. O ajuste foi quase imediato, principalmente para Pierre e Éder. O volante aproveitou as lesões dos titulares Rafael Muçamba e Beto para se firmar no time, enquanto que Éder surgia como a referência do setor de criação.

Este vinha sendo o maior problema do time. Thiago Neves, a principal revelação dos juniores, não conseguiu dar a resposta que se esperava. Problemas disciplinares -eternos atrasos aos treinamentos – incidiram diretamente no seu rendimento. Éder chegou para ser o novo camisa 10. E não decepcionou. Pelo menos nas primeiras partidas. Seu ápice ocorreu justamente no jogo onde o Paraná conquistou o seu mais expressivo resultado: 6×1 no Fluminense, até então um dos candidatos ao título.

A goleada emblemática teve efeito contrário no grupo. O próprio Barbieri, até então contido nas declarações, afirmou, ao término da partida, que o Paraná iria muito longe na competição. Parecia ser a senha de acesso à Libertadores. Mas, deu tudo errado. Foram outras quatro derrotas em seqüência (Figueirense, Corinthians, São Caetano e Atlético-PR), que afastaram o time na ponta da tabela. O jeito foi administrar a campanha na busca pela Sul-Americana. Ainda mais num momento de definição, onde os jogos tornavam-se mais duros – ou o adversário brigava pelo título ou contra o descenso.

O final acabou sendo positivo. Mesmo com alguns tropeços inesperados (derrota para os cariocas Botafogo, Flamengo e Vasco), o Paraná fechou o ano com a 7.ª colocação, a melhor em treze anos de Série A. Pela segunda vez em três anos, o time garante participação na Sul-Americana, competição que começa a ganhar prestígio no cenário nacional. A campanha apenas do segundo turno não teve o mesmo brilho da etapa anterior, mas foi suficiente para confirmar a qualidade individual do time. Como em anos anteriores, o Tricolor colocou vários atletas na vitrine nacional e internacional. Barbieri fechou a temporada com aproveitamento de 40,35% e à frente do clube para 2006.

Artilheiro Borges chega e cai nas graças da galera!

O Tricolor apresentou vários destaques individuais no Brasileirão. Mas, um jogador soube aproveitar a chance como ninguém. Depois de passagens discretíssimas por São Caetano e Paysandu, no ano passado, Borges tornou-se a principal referência ofensiva do Paraná Clube na competição. Com alguns gols espetaculares e presença de área, o artilheiro marcou seu nome na história do clube e por pouco não chegou à artilharia. Ficou com 19, três a menos que Romário. Não foi, no entanto, uma temporada de total tranqüilidade na carreira do atleta.

Sua contratação foi indicada pelo diretor de futebol Durval Lara Ribeiro, que o acompanhou em ação no Campeonato Paulista, quando defendeu o União São João de Araras. Na estréia, no Morumbi, deu trabalho à defesa do São Paulo, mas não marcou gols. Balançou as redes no primeiro jogo em casa, frente ao Juventude. Era o início de uma relação de pura empatia entre o atacante e a galera paranista, vendo no goleador a imagem de seu antigo ídolo, Saulo (maior artilheiro da história do clube, com 104 gols).

Só que ao término do primeiro turno, surgiu a possibilidade de Borges realizar seu sonho de atuar na Europa. E logo na Espanha. Chegou a se despedir dos companheiros e não viajou para Goiânia, onde o Paraná enfrentaria o Goiás. Mas, a negociação com o Real Betis ?melou? e o atacante permaneceu no clube. Num sinal evidente do abalo causado pelo imbróglio, Borges ficou em jejum de gols por quatro jogos, só voltando a marcar diante do Brasiliense. A partir daí, foi buscando uma aproximação de Robgol, do Paysandu.

Deixou claro seu objetivo de finalizar o ano como artilheiro do Brasil. Não conseguiu, mas nada que impedisse uma transferência para o rico futebol japonês.

O goleador vai defender, na próxima temporada, o Vegalta Sendai, equipe do técnico Joel Santana. Aos 25 anos, Borges busca a independência financeira, mas ainda sonha com uma futura incursão no futebol espanhol. Para quem duvida da sua capacidade, vale recordar o gol que Borges marcou frente ao Fortaleza, no dia 11 de junho, driblando dois zagueiros e tocando com categoria. Uma pintura, com assinatura do ?malabarista? Borges, que não se cansou de dar mortais (sua maneira característica de comemorar gols) pelo Brasil afora.

Goleada histórica sobre o Flu

Um jogo acabou sendo o ?divisor de águas? na campanha do Tricolor no segundo turno. Ao triturar o Fluminense (6×1), no Pinheirão, o Paraná Clube dava sinais de que conseguiria novamente embalar na busca por uma vaga na Libertadores. O resultado colocou o time em 6.º lugar, restando onze rodadas para ganhar mais duas posições. Foi um jogo espetacular, a começar pela presença de público, que aproveitou a promoção da Nestlé e superlotou o Pinheirão.

No primeiro tempo, apesar do gol de Éder no primeiro minuto, houve muita aplicação, mas o aproveitamento deixou a desejar. As emoções estavam reservadas para o segundo tempo. Ainda mais quando o técnico Abel Braga abriu seu time e deu espaços para a avalanche paranista. Borges comandou a festa, marcando dois, com André Dias, Edinho e Sandro completando o placar. Gabriel de pênalti fez o gol isolado do Flu, que deixou o estádio atordoado. Só que ao invés de ascensão, o que se viu no Paraná foi desatenção.

No jogo seguinte, o Tricolor foi facilmente derrotado pelo Figueirense, em Florianópolis (2×0). Uma ducha fria nas pretensões do clube e um castigo à morosidade do time. Em menos de uma semana, o céu e o inferno. A partir do revés, foram outras três derrotas que tiraram do Paraná o sonho de pela primeira vez disputar uma Libertadores da América. O grupo só acordaria novamente na vitória sobre o Inter (3×1), em Cascavel.

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