Os clubes do interior precisam lutar para sobreviver ao Campeonato Paranaense. Nos últimos dez anos, pelo menos onze times com passagens pela elite perderam calendário ou morreram na principal competição de futebol do estado, que inicia em sua versão 2015 no dia 31 de janeiro.

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A principal justificativa dos clubes é a falta de apoio de empresários da bola, prefeituras e empresas das cidades e, ainda, da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Sem suporte externo, Adap Galo, Iraty, Roma, Grêmio Maringá, União Bandeirante, Engenheiro Beltrão, Império do Futebol, Real Brasil, Cascavel, Iguaçu e Arapongas se tornaram ‘fantasmas’.
O caso mais recente é o do Arapongas. Em novembro, a representação do Norte paranaense pediu licença das atividades por um ano, alegando problemas financeiros. Diante da desistência, o Foz do Iguaçu, terceiro lugar da Divisão de Acesso em 2014, herdou a vaga.

“Um clube que não tiver o apoio de empresários ou do poder público não consegue sobreviver. Investi mais de R$ 3 milhões no Arapongas, R$ 1 milhão só no estádio, que ficou para a cidade, e não tive retorno”, reclama Adir Leme, presidente do clube.

Empresário, Leme não tem planos para o Arapongão. “Quem quiser tocar, pode pegar. Eu abro mão. Há alguns interessados, mas nada certo”, dise o dirigente. Caso volte aos gramados, os nortistas teriam de disputar a Divisão de Acesso do Estadual.

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Iraty

Em 2012 o tradicional Iraty deu adeus ao Paranaense. Naquela temporada, o Azulão viu seu investidor, o empresário Sérgio Malucelli, assumir a gestão do Londrina. Fez péssima campanha, foi rebaixado e decidiu fechar as portas.

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“Ficamos com o elenco muito enfraquecido. E o Sérgio foi transparente, disse que não poderia mais investir, que o elenco era aquele. Foi uma pena”, relembra Édson Paulista, ex-jogador com passagem pelo Atlético e treinador da equipe de Irati na oportunidade.
Uma das agremiações mais antigas do futebol paranaense, o Iraty completou 100 anos em 2014 somente com atividade no social piscina, sauna e campos de futebol. “Não temos planos para voltar. O gasto é muito alto”, conta Jorge Ruteski, contador e presidente do clube.

Outro clube importante que fechou as portas foi o Iguaçu, de União da Vitória. Fundada em 1971, a Pantera do Vale, como ficou conhecida, parou com o futebol em 2009, após ser rebaixada para a Segundona, atolada em dívidas com a FPF.

Nos últimos meses, uma nova diretoria assumiu e passou a negociar com a federação o pagamento dos débitos. A intenção é voltar aos campeonatos em 2015 caso se concretize, seria preciso disputar a Terceira Divisão.

“Estamos tentando voltar já em 2015, começando pelos campeonatos de base. Tem muita gente trabalhando para honrar os compromissos que ficaram do clube”, declarou Eduardo Schappo, da nova diretoria do Iguaçu.

Enquanto ainda esteve na ativa, o Iguaçu contou com o apoio da prefeitura local. “Nós ajudamos com transporte, saúde, alimentação. Dinheiro nós não demos porque é ilegal”, disse Hussein Bakri, prefeito de União da Vitória de 2001 a 2008 e deputado estadual (PSC).

Mesmo com o empurrão do poder público, não deu certo. “Houve um desânimo generalizado, que se enraizou. Faltou energia para seguir em frente. Não sei o motivo, se as dívidas, o fato é que não continuou”, recordou Bakri.

Hélio Cury rebate críticas

O presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Hélio Cury, contesta a alegada falta de apoio aos clubes do Estado. De acordo com o cartola, a entidade cumpre a sua parte dentro do possível. “Nós estamos ajudando. A Federação dá 24 bolas para os clubes treinarem, por exemplo. Fora as três bolas por partida. Parece pouco, mas representa um custo de R$ 100 mil. Entre outras a&ccedi,l;ões”, diz Cury, desde 2007 no comando da FPF e que neste ano vai concorrer à reeleição.

Segundo Cury, a entidade tem condições limitadas. “Eu peguei uma federação problemática. Estou pagando 20 anos de problemas”, afirmou, fazendo referência ao período da gestão do ex-presidente Onaireves Moura.

O dirigente diz ainda que os clubes que encerram suas atividades, ou perdem calendário, são os sustentados por empresários. “Se não dá certo, se o empresário não vê resultado, vai embora mesmo”, finalizou.