A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) elege nesta sexta-feira seu próximo presidente em meio a águas revoltas. Gerida desde março por um interventor judicial, com a cúpula da diretoria anterior presa desde abril, em crise financeira e sob o risco de ser suspensa pela Federação Internacional de Natação (Fina), a entidade tentará um recomeço.

continua após a publicidade

Três candidatos disputam o pleito: Miguel Cagnoni (chapa Inovação e Transparência), Cyro Delgado (Cara Nova) e Jefferson Borges (Novos Rumos). A eleição acontecerá no Rio de Janeiro, sendo que o colégio eleitoral será composto por 97 votantes (69 de representantes dos clubes, 27 de federações e um da comissão de atletas).

continua após a publicidade

Caberá ao nadador Leonardo de Deus votar pelos atletas. Ele não quis revelar em quem será o voto, apesar de seus colegas de piscina Joanna Maranhão e Cesar Cielo declararem preferência por Miguel Cagnoni.

continua após a publicidade

“A gente analisou as propostas dos três candidatos. Lógico que alguns atletas já se manifestaram. A maioria dos atletas da natação está a favor do Miguel, mas não é só a natação. Temos de olhar para o polo aquático, saltos ornamentais, nado sincronizado e maratonas aquáticas”, comentou.

Em comum, os candidatos prometem “maior transparência” e melhores práticas de gestão. Vale lembrar que, em abril, a operação Águas Claras, da Polícia Federal, prendeu três ex-dirigentes da CBDA, incluindo o ex-presidente Coaracy Nunes, por suspeita de desvios da ordem de R$ 40 milhões. Com a ação, os Correios, maior patrocinador da entidade, anunciou que iria romper o acordo.

Com experiência no setor privado, Miguel Cagnoni fala em profissionalizar a gestão da CBDA. Em termos esportivos, ele quer focar no trabalho da base. “O objetivo é encher as piscinas do Brasil inteiro de praticantes. Assim, a gente tem assegurado o processo de renovação e nossa participação em Jogos Olímpicos e Mundiais. É da quantidade que você tira a qualidade”, comentou.

Cyro Delgado, que foi medalhista olímpico nos Jogos de Moscou-1980 e atuou como subsecretário de Esportes do Rio, declarou que pretende “recuperar a credibilidade” da CBDA. “A marca teve uma ruptura muito grande”, avaliou. “Já conversei com o presidente dos Correios e com outros patrocinadores. A saúde financeira da CBDA está cada vez pior, e temos que começar a buscar outros caminhos.”

Jefferson Borges, por sua vez, é árbitro que atua em competições internacionais e presidente da Federação Aquática do Mato Grosso. “O conhecimento que temos do gerenciamento da federação vamos trazer pra CBDA, mas óbvio que de maneira mais ampla”, destacou. A intenção dele é “massificar” todas as cinco modalidades de esportes aquáticos que estão sob o guarda-chuva da CBDA.

Borges promete criar eventos nos estados para apresentar as diferentes modalidades ao grande público. “Hoje o nado sincronizado é artístico. Você pode apresentar sem ser competição”, exemplificou. “Não adianta ficar só dentro dos clubes.”