Clássico é um jogo que faz com que torcedores dos dois times não consigam conter a ansiedade em ver seu time derrotando o rival em campo. Porém, apenas os mandantes terão a oportunidade de ver o jogo no estádio. E assim, São Paulo e Palmeiras se enfrentam no Morumbi, neste domingo, às 16 horas, pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro, no primeiro clássico disputado na cidade com torcida única.
Desde o início de abril e até o fim do ano, todos os confrontos entre os principais times do Estado – São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos – serão realizados apenas com torcedores do time mandante. A decisão da Secretaria de Segurança Pública visa tentar coibir a violência, após um homem ser assassinado por uma bala perdida durante confusão entre torcedores de Palmeiras e Corinthians, no dia 3 de abril. “Tirar a torcida visitante só empobrece o espetáculo e não tem efeito algum”, disse o sociólogo e professor da Universidade Federal Fluminense, Rodrigo Monteiro.
O fato é que apenas são-paulinos poderão entrar no estádio, mas isso não parece algo que preocupe o técnico Cuca. “Não faz diferença para mim. Me lembro de ter jogado no Morumbi com 114 mil pessoas, em 1992, e era meio a meio. Que lindo que era aquilo. O São Paulo ganhou, foi melhor, mas era bonito. O problema é que atualmente muitos vão para brigar e põem em risco todo mundo”, afirmou o treinador palmeirense.
Existe um temor por parte dos organizadores do jogo de que alguns torcedores do Palmeiras possam comprar ingressos para assistir a partida no meio dos são-paulinos e, caso sejam descobertos, possam ocasionar confusão. A polícia promete atenção com isso.
O fato é que, financeiramente, clássico de torcida única não é visto como negativo pelos dirigentes. Os clubes reduzem os gastos com segurança e não precisam perder assentos para colocar guardas que separam as torcidas adversárias. Além disso, muitos torcedores que alegam não irem ao estádio em clássicos por medo de violência, podem mudar de opinião e comparecerem para apoiar seu time.
Entretanto, em conversas informais, os jogadores reclamam do clássico de torcida única, pois afirmam que isso acaba favorecendo ainda mais o time da casa, que, além da vantagem de poder atuar em seus domínios, terá seus torcedores pressionando mais os adversários.
EQUILÍBRIO – Com a nova realidade e sem torcida para lhe dar apoio, o Palmeiras inicia a rodada um pouco melhor do que o rival, se for levada em conta a tabela de classificação. Os comandados de Cuca têm seis pontos, contra quatro do time do técnico argentino Edgardo Bauza.
Por outro lado, o time do São Paulo tem demonstrado evolução e criado uma personalidade, algo que o treinador faz questão de ressaltar. Ele nega qualquer pressão para que o time volte a vencer um clássico.
“Temos de ganhar domingo. Pode jogar bem ou mal, mas temos uma identidade e não vamos perder isso. Não posso assegurar que vamos ganhar, mas nos mataremos para isso”, assegurou o argentino.
O São Paulo vem de 12 clássicos sem vitória. Foram 11 derrotas e um empate. Neste ano, o time tricolor teve um empate com o Santos e derrota para Palmeiras e Corinthians. Por outro lado, o rival alviverde não vence no Morumbi desde 2002, em clássico que ficou marcado pelo golaço do meia Alex, que após passar por dois marcadores, deu um chapéu em Rogério Ceni e mandou para as redes.
Em relação aos times, os dois treinadores resolveram não abrir o jogo e aproveitaram o fato de alguns titulares estarem se recuperando de problemas físicos para não dar pistas sobre quem joga. No São Paulo, Edgardo Bauza espera contar com o argentino Calleri, que se recupera de dores na coxa esquerda, mas na última sexta-feira avisou que a tendência maior é que o atacante fique como opção no banco de reservas e Alan Kardec inicia a partida.
Cuca tem mais problemas. O meia Cleiton Xavier tem dores no adutor, o lateral-esquerdo Egídio se recupera de uma pancada na coxa esquerda e o volante Matheus Sales também sente dores musculares. Moisés, Fabrício e Thiago Santos são os cotados para entrar no time.