Em busca do ‘quádruplo-duplo’, Mo Farah se diz muito confiante para o Rio-2016

Não são poucas as pessoas que consideram Mo Farah imbatível nos 5.000 e 10.000 metros. Nascido na Somália, mas com cidadania britânica, ele é o atual bicampeão mundial e campeão olímpico nas duas provas. Nos Jogos do Rio, em agosto, o fundista busca o histórico “quádruplo-duplo”. Ou seja, ganhar de maneira consecutiva quatro medalhas de ouro em duas provas diferentes em Mundiais e Olimpíadas. “Estou concentrando todas as minhas energias em tentar alcançar esse feito. Seria incrível transformar esse meu sonho em realidade”, disse Mo Farah ao jornal O Estado de S.Paulo.

Aos 32 anos, ele dá detalhes da sua preparação para os Jogos do Rio. Mo Farah tem corrido em média 200 quilômetros por semana, já participou de prova de cross country e no próximo mês disputará uma meia maratona. Tudo para testar os limites do seu corpo e chegar ao Rio no melhor da sua forma física.

Como está a sua preparação para os Jogos do Rio?

Está indo muito bem. Ainda terei muitas corridas emocionantes este ano, mas tudo tem sido feito para que eu possa estar na melhor forma possível até a Olimpíada do Rio. Tenho uma grande equipe ao meu lado e o apoio que ela me dá é fantástico. Por isso estou muito feliz com a forma como tudo está sendo feito até agora. Tenho corrido algumas provas bem difíceis para testar a minha condição física e ter certeza de que estarei pronto para os desafios nos Jogos Olímpicos do Rio. Em janeiro, por exemplo, disputei uma prova de cross country em Edimburgo debaixo de frio e chuva.

Você acredita que pode alcançar o “quádruplo-duplo” no Rio?

É para isso que estou treinando todos os dias. Sei que vai ser difícil, mas tenho me esforçado muito e concentrado todas as minhas energias em tentar alcançar esse feito. Seria realmente incrível transformar esse meu sonho em realidade.

Quem são seus maiores adversários nos 10.000 e 5.000 metros?

Tenho grandes concorrentes nas duas provas. Não há nada garantido. O meu foco principal neste momento está no meu próprio desempenho e na estratégia que adotei para ganhar o ouro. Isso é algo que tenho trabalhado já há algum tempo.

Quais são as suas impressões sobre a cidade do Rio?

Estou bastante ansioso para correr no Rio. Ouço as pessoas dizerem que o povo do Rio é muito receptivo e tenho certeza que vai ser uma grande Olimpíada. Vai ser muito diferente em comparação com os Jogos de Londres de 2012, mas isso é o bom da Olimpíada porque pessoas de diferentes culturas e lugares estarão juntas em um único local.

O que te motiva a ainda continuar correndo depois de tantas conquistas?

Estou sempre pensando na próxima corrida, em como conquistar mais medalhas e fazer as pessoas sentirem orgulho de mim. Em corridas de longa distância cada quilômetro é fundamental e eu treino sempre com esse pensamento. Por essa razão é que fui bem sucedido nas grandes corridas até agora. Sei que é difícil, mas eu não estaria correndo 200 quilômetros por semana se não amasse o que faço. Quando estou treinando, também estou pensando na minha família e em fazê-los orgulhosos. Isso me dá a força e motivação que preciso para me manter no topo.

Você tem 32 anos. Quando percebeu que tinha um talento especial para provas de longa distância?

Quando eu era mais jovem sonhava em se tornar um dia num jogador profissional de futebol. Mas, na minha escola, o professor Alan Watkinson viu potencial em mim e acreditou que eu poderia ter algum sucesso no atletismo. Ele reconheceu esse talento em mim desde bastante cedo, e me ajudou a compreender o que era necessário para vencer e chegar ao topo. Ganhei uma série de títulos de cross country na Inglaterra quando ainda estava na escola, mas foi somente depois que conquistei a medalha de ouro nos 5.000 metros no Campeonato Europeu de Atletismo Júnior, em 2001, é que passei a realmente me dedicar em tempo integral exclusivamente ao esporte.

Como a sua experiência de imigrante na Inglaterra influenciou o seu desenvolvimento como atleta?

Eu me mudei para Londres quando tinha apenas oito anos e não falava muito bem inglês. Foi bastante difícil no começo, mas desde que cheguei à Grã-Bretanha sempre me senti em casa. É até engraçado, mas até hoje a minha mãe ainda se esforça para tentar entender como eu pude transformar o atletismo na minha carreira. Estou incrivelmente orgulhoso da minha dupla cidadania, mas quando eu corro, corro para a Grã-Bretanha.

Qual foi o momento mais importante da sua carreira até agora?

O Campeonato Mundial no ano passado, em Pequim, foi incrivelmente importante para mim porque eu queria muito manter meus títulos e fiquei muito orgulhoso de conseguir um “triplo-duplo”. Mas o maior momento da minha carreira foi, com certeza, os Jogos Olímpicos de2012. Ganhar a medalha de ouro nos 5.000 e nos 10.000 metros na cidade onde eu cresci, com a minha família lá e a multidão gritando o meu nome durante todo o trajeto foi inesquecível. Muitas vezes eu olho para trás e tenho de me beliscar para ter certeza de que aquilo não foi um sonho.

Você pretende passar a correr maratonas no futuro?

Isso é algo que estou realmente interessado em fazer no futuro, mas é preciso ter consciência de que correr maratonas requer um regime de treinamento totalmente diferenciado. Este ano, todo o meu foco está exclusivamente nos Jogos do Rio e em participar de grandes corridas importantes até lá. Em março, por exemplo, vou disputar a prova de Meia Maratona de Cardiff, no País de Gales, e estou bastante animado com isso. Depois da Olimpíada no Rio quem sabe eu não comece a participar de maratonas também?

Você já começou o planejamento para a aposentadoria?

Eu não me sinto um cara velho. Para ser honesto, ainda não pensei muito sobre o que vou fazer depois que parar de correr e me aposentar. Muitas pessoas não sabem, mas eu sou massagista esportivo. Por isso, talvez eu possa me tornar um fisioterapeuta profissional no futuro. Posso ver com o Arsène Wenger (técnico do Arsenal) se ele não precisa de alguém como eu para trabalhar com ele.

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