Superar o recorde de medalhas do Brasil nos Jogos de Atlanta (15 no total, 3 de ouro, 3 de prata e 9 de bronze) e ainda a frustração de ter fechado as Olimpíadas de Sydney sem ouro (com 12 medalhas), seria a campanha dos sonhos em Atenas para o esporte brasileiro. Uma campanha boa, que colocasse o Brasil entre as principais forças das Américas, fortaleceria, inclusive, a candidatura do Rio aos Jogos de 2012. na quinta-feira, as cidades aspirantes entregam questionário (em inglês e francês) ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e pagam a taxa de US$ 150 mil para o registro da candidatura. O Rio compete com forças como Londres, Paris, Nova York, Madri e Leipzig, para citar as candidaturas mais importantes.

Mas para medir a força olímpica nacional em Atenas será preciso esperar um pouco mais. Nos próximos meses é que se define qual será o tamanho do Brasil em Atenas: índices, rankings, seletivas continentais ou mundiais e pré-olímpicos, de acordo com as regras de cada modalidade, determinam a delegação que irá à Grécia. De 13 a 29 de agosto, as Olimpíadas volta para o cenário onde foram realizados os primeiros Jogos da Era Moderna, em 1896.

O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) fixou o dia 9 de julho como o prazo final para a apresentação das listas com os nomes dos representantes de cada esporte. Para o COB, o prazo do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Atenas (Athoc), é dia 21 de julho.

O chefe de missão do Brasil, Marcus Vinícius Freire, acredita que o grupo será maior se comparado ao dos Jogos de Sydney, com 204 atletas, mas não chegará ao número recorde de Atlanta, com 225 competidores. ?Se o basquete masculino tivesse se classificado, poderíamos chegar ao número do grupo que foi a Atlanta. Levaremos uma delegação com cerca de 215 atletas.?

Marcus Vinícius não acha que terá dificuldades para preparar a logística do time olímpico. A diferença de fuso horário é pequena, a maioria dos esportes fará a aclimatação na Europa – o handebol na Hungria ou Alemanha, o vôlei e o atletismo na Itália, por exemplo. As modalidades contam com o dinheiro da Lei Piva (cerca de US$ 20 mil serão aplicados na campanha, segundo estima), e mesmo a infra-estrutura de Atenas deverá estar pronta a tempo. ?Já estive lá três vezes e não vejo problemas com as instalações esportivas e da Vila Olímpica que, inclusive, abrirá bem cedo, 17 dias antes do inícios dos Jogos.?

Estrelas buscam vagas

Nem mesmo as principais estrelas do Brasil têm ainda vagas asseguradas nas suas modalidades. O iatista Robert Scheidt terá de passar por seletiva interna, na Pré-Olímpica de Búzios. Ninguém, no entanto, crê que Scheidt fique fora dos Jogos. O velejador, hexacampeão mundial da classe Laser, que em 2003 conquistou o centésimo título da carreira, já tem tudo traçado para tentar buscar a terceira medalha olímpica – trouxe ouro de Atlanta (1996) e prata de Sydney (2000). Elege os pontos altos da temporada: quer o 10.º título brasileiro, em fevereiro, vitória na Semana Pré-Olímpica de Búzios, em março, e o sétimo título mundial na Turquia, em maio.

Outra estrela dos esportes olímpicos, o cavaleiro Rodrigo Pessoa, que treina e vive na Bélgica, disse que espera a Confederação Brasileira de Hipismo definir os critérios para selecionar os dois conjuntos que irão à Atenas para a competição de saltos. ?Tenho a pretensão de brigar por uma das vagas.? As duas vagas do País foram obtidas por Álvaro Afonso de Miranda Neto, o Doda, e Bernardo Rezende Alves, nos Jogos Pan-Americanos em agosto de 2003. Mas como são do País, Rodrigo quer um dos lugares nas Olimpíadas.

Porta-bandeira

O nadador Gustavo Borges, dono de três medalhas olímpicas, tem índice para ir aos Jogos com o tempo de 49s06, nos 100m. Com a marca, ficaria apenas ?numa final B, entre 16 nadadores, na Grécia?. Sua intenção é treinar duro e nadar por tempos inferiores até maio.

O que Gustavo Borges já decidiu é que na sua quarta olimpíada participará pela primeira vez da cerimônia de abertura. ?A natação era sempre no primeiro dia e nunca desfilei.? Se possível, quer ser porta-bandeira do Brasil.

Apenas um sonho distante

Se há esportes que já planejam a campanha, outros ainda enfrentam os pré-olímpicos sem muita esperança. Após a seletiva do futebol, em andamento, no Chile, o próximo desafio será a classificatória do pólo aquático masculino, a partir do dia 25, no Rio. O Brasil está no grupo B, com Argentina, Rússia, Eslováquia e Holanda. A chave A terá Croácia, Alemanha, Canadá, Polônia, Porto Rico e Romênia. Os três primeiros garantem vagas.

Também o nado sincronizado do Brasil, apesar do crescimento obtido nos últimos anos, dificilmente estará em Atenas. A treinadora da seleção, Roberta Perillier, que prepara a equipe para o pré-olímpico, em abril, observa que o grupo ainda não reúne técnica para superar adversárias.

?Somos hoje a 13.ª seleção do mundo e é praticamente impossível saltar para o sétimo lugar de uma hora para a outra.?

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