No mundo árabe, aliás, Caio fez história. Entre 2009 e 2011, no Al-Gharafa, do Catar, foi campeão nacional duas vezes e faturou outras duas copa. Em 2012, no Al Jazira, dos Emirados Árabes, mais uma taça. Mas faltava uma carreira consolidada no país de origem.
Por aqui, havia conquistado apenas um título, o campeonato baiano de 2013, pelo Vitória, além da maior conquista, que foi, em 2006, levar o Paraná Clube à Libertadores. Fez outros bons trabalhos, como no Palmeiras, em 2007, e Flamengo, em 2008, onde chegou a brigar por Libertadores até a última rodada, e Botafogo, em 2011, quando sonhou com as primeiras posições, mas o time caiu de rendimento na reta final. Por isso, faltava um trabalho com mais prestígio, para recuperar a imagem deixada dez anos atrás no Tricolor.
E a Chapecoense parecia ser a opção ideal. Um clube estruturado, que mantinha um padrão de trabalho e via em Caio a solução ideal. O casamento era perfeito. Aos poucos, o trabalho foi ganhando um corpo, a cara do técnico. Em 34 jogos, entre Campeonato Brasileiro e Copa Sul-Americana, foram 12 vitórias, 11 empates e 11 derrotas, totalizando 46% de aproveitamento.
Nestes resultados, a Chape foi subindo na classificação do Brasileirão. Em nenhum momento se viu assustada pela zona de rebaixamento e passava a maior parte do tempo na metade de cima da tabela, se aproximando daquela que seria a melhor campanha da história do time, que havia chegado à elite em 2014. Na Copa Sul-Americana, apesar dos sustos e dos jogos difíceis, foi passando adversário após adversário, até chegar à grande final.
Dez anos depois, Caio Júnior mais uma vez estava fazendo história e colocando seu nome em destaque. Assim como fez com o Paraná em 2006, pegou um time sem expressividade nacional, montou uma equipe organizada e foi surpreendendo a todos. A vaga na final da Sul-Americana parecia o auge da carreira de alguém que estava acostumado a ganhar títulos. Tanto que na semana após eliminar o San Lorenzo, o treinador deu uma declaração que ficou marcada.
“Se eu morresse amanhã, eu morreria feliz, pois tudo o que quis na vida eu consegui”, declarou ele, em entrevista ao Sportv, por conta do momento que vivia pessoal e profissionalmente. Uma entrevista que, infelizmente, acabou sendo lembrada pelo que aconteceria na semana seguinte, quando o avião que levava a Chapecoense para a Colômbia, para a disputa da final da Copa Sul-Americana, sofreu um acidente, com 71 mortes. Entre eles, Caio Júnior.
A comoção e as homenagens ao treinador em Curitiba, principalmente no dia em que foi celebrada uma missa de corpo presente, mostrou que a carreira construída por aqui e os resultados adquiridos em campo não foram em vão e que o trabalho foi reconhecido, principalmente em 2016, que poderia ser o ano com o título mais importante da carreira.