Parece que o “escolhido” apareceu. Como já se esperava, o técnico Paulo Bonamigo colocou Willians como novo titular do meio-de-campo nos primeiros treinos táticos da intertemporada. Deve, portanto, recair sobre o jovem volante a responsabilidade de vestir a camisa que Tcheco usou nos últimos treze meses, e que inclusive citou em seu discurso de despedida.
“Espero que eu tenha honrado a camisa 7 do Coritiba da forma que a nossa torcida esperava”, afirmou Tcheco, que chegou a levar essa frase escrita “para não esquecer”. É essa a camisa que ficou em aberto, já que a função que o armador tinha em campo deve ser feita por Jackson.
E nos primeiros treinos (quinta de manhã e ontem à tarde) Bonamigo já escancarou sua preferência. Mesmo que não a confirme para os microfones (“temos que treinar ainda”), o treinador alviverde deve dar a oportunidade para um dos atletas que mais evoluiram na temporada, e é um dos poucos a arrancar efusivos elogios do comandante.
E é, no final das contas, uma retomada por parte de Bonamigo. “Quando ele assumiu, eu fui titular”, relembra Willians. É verdade – durante o supercampeonato paranaense de 2002, ele foi o terceiro zagueiro do Cori, posição que é ocupada agora por Reginaldo Nascimento. Mas, como o capitão alviverde está suspenso, o volante pode ser usado na defesa. “Eu estou pronto para jogar onde o Bonamigo quiser. Sim, porque será no meio-campo que Willians vai jogar quando Reginaldo voltar. O volante é considerado o melhor marcador do Coritiba pelo técnico e pelos próprios companheiros. “Ele é um cão de caça”, reconhece o capitão Nascimento. “Eu tenho as minhas características, e tentarei fazer o melhor para ajudar”, diz.
Até porque nem ele esperava essa chance. “Ninguém imaginava que o Tcheco fosse deixar o clube”, confessa Willians, que mesmo sendo o ?sucessor? do meia não comemora a saída do companheiro. “Ele vai fazer falta para a gente, porque ele é um grande jogador e estava em uma ótima fase”, comenta.
Mas ele tem consciência de que esta é a sua grande chance. Apesar de ter sido titular em 2000, Willians sabe que os anos lhe deram experiência, e que esta é a hora de aproveitar. “Eu estou evoluindo como pessoa e como jogador. Melhorei bastante e tenho certeza de que vou agarrar essa oportunidade e não desperdiçá-la. Não quero perder isso por causa de contusão ou cartão amarelo”, promete.
Poucas mudanças para não afetar entrosamento
As primeiras avaliações táticas do Coritiba na intertemporada reforçaram a constatação de que Paulo Bonamigo não quer mudar muito o que está dando certo. Para tentar adaptar a equipe com a saída de Tcheco e a ausência dos suspensos Edu Sales e Reginaldo Nascimento, o treinador alviverde estuda manter ao máximo a estratégia tática, mesmo que seja difícil fazer isso sem três titulares – um deles em definitivo.
Por isso, é quase certo o retorno ao 3-5-2 ortodoxo, com Ceará e Adriano nas alas. “Nós temos que criar opções, já que estamos sem alguns jogadores”, justifica Bonamigo. Na vaga de Nascimento, entrou Willians, e como Odvan está em tratamento de uma lesão no joelho esquerdo, Edinho Baiano voltou à equipe principal. Dessa forma, o time contou com Fernando; Danilo, Edinho Baiano e Willians; Roberto Brum, Ceará, Adriano, Jackson e Souza; Lima e Marcel.
Com esse time, Bonamigo ganha em compactação no meio-decampo, já que Lima e Souza compõem o meio e voltam para marcar, e cria variações táticas sem que seja necessário mudar peças. “Eu posso avançar ou recuar um jogador, dependendo da situação”, confirma o técnico. Ele só não quis adiantar quais seriam essas variações. “Eu não vou ficar dando o ouro para o bandido a uma semana do clássico”, brincou.
Essa pode ser a formação para o Paratiba do dia 14 contra o Paraná, mas não deve ser a usada quando Edu e Reginaldo voltarem. Bonamigo não esconde a vontade de manter o esquema tático das partidas contra Flamengo, Atlético-MG e Figueirense. “Eu gostei do time jogando daquela forma. Se for possível, podemos voltar”, confessa. Para isso, Nascimento entraria no lugar de Danilo (ou de Edinho), e Willians passaria para a primeira função do meio-de-campo, com Roberto Brum mais à frente.