O presidente Mário Celso Petraglia e a Os Fanáticos agora são parceiros no Atlético. No passado recente, isso parecia irreal. No entanto, em troca de apoio nas eleições – vencida na quinta-feira – o dirigente e a diretoria da torcida chegaram a um acordo. A facção terá espaço no conselho deliberativo, mas em troca terá de seguir à risca uma “cartilha de disciplina”.
Petraglia garante que não mudou em nada seu pensamento em relação às organizadas, mas pelo bem do clube resolveu dar uma trégua. “Abrimos cinco vagas para eles no nosso conselho e eles se comprometeram conosco a variar posições e a manter um comportamento que aceitamos, e eles agirão desta forma. No futuro é uma nova vivência, novo momento, novo modelo. No futebol do Brasil, pós-Copa do Mundo, tudo será diferente, novo e uma nova vivência também teremos com Os Fanáticos”, explicou.
Em 2005, em plena guerra com a facção, Petraglia mostrou sua adversidade à organizada. Se disse contrário às torcidas, que não tinha respeito por elas por concorrerem com o clube com a venda de produtos não oficiais e por elas atrapalharem a venda de camarotes, pois ficavam em pé nas cadeiras.
Desta vez, Petraglia voltou a ser taxativo. Fez questão de frisar que a conduta da organizada terá de ser diferente daqui para frente. “Vamos fazer uma diferença entre torcida e torcida organizada. Quando falo em torcida, falo de um milhão de torcedores. É para eles que trabalhamos não para aqueles privilegiados 12, 13, 15 mil que tem setentão para pagar por mês. Agora, quando se fala em torcida organizada, todos conhecem a minha posição”, ressaltou o mandatário.
Briga antiga
A briga Os Fanáticos e Petraglia é antiga. Começou em 2004, quando a organizada passou a protestar contra o preço dos ingressos, na época, abusivo. O presidente passou a proibir o material da bateria no anel inferior – espaço no setor Buenos Aires que é ocupado pela torcida. A briga continuou, a facção entrou na Justiça para impedir que os ingressos passassem de R$ 15 para R$ 30, venceu e despertou a ira do mandatário. A represália veio logo em seguida, com a proibição total de instrumentos e faixas da torcida.
Em 2005, antes da liberação do material da organizada, novo confronto. A Os Fanáticos iniciou a campanha “Fora Petraglia!” depois de uma coletiva em que o mandatário atacou sem pena seus desafetos. Ainda em 2005, a bateria e os materiais da torcida foram liberados, mas a aproximação com Petraglia só aconteceu em novembro deste ano, quando ambos resolveram se aliar para que o dirigente obtivesse votos para voltar à presidência do Atlético.
