Genebra – A eleição do melhor jogador do mundo pela Fifa em 2004, que premiou Ronaldinho Gaúcho, gerou uma verdadeira crise entre a entidade máxima do futebol e Federação Internacional de Jogadores Profissionais (FIFpro).
Pelas regras estabelecidas pela Fifa neste ano, a votação incluiria os técnicos e capitães das seleções, além dos membros da FIFpro, espalhados em 40 países. O problema é que, sem poder realizar as eleições com todos seus membros antes do anúncio da Fifa, na última segunda-feira, o sindicado de jogadores optou por pedir aos comitês executivos de cada país que indicassem um vencedor. A Fifa não aceitou o modelo e recusou os votos, que representariam 20% na soma dos eleitores.
Ronaldinho Gaúcho, com 620 pontos, terminou a votação da Fifa com os técnicos e capitães em primeiro lugar, seguido pelo francês Thierry Henry, do Arsenal, e pelo ucraniano Andriy Schevchenko, com apenas 253 votos.
Em entrevista à Agência Estado, o presidente da FIFpro, Gordon Taylor, optou por não revelar quem teria ganho a eleição entre os membros dos sindicatos. "Não seria correto de minha parte dar essa informação e nem sei como ficou a votação", disse. Mas ele indicou que "também teria sido justo" se Henry fosse o vencedor, com Ronaldinho sendo o ganhador na próxima edição da votação, em 2005. Para ele, outra opção poderia até ter sido a divisão do título entre os dois jogadores. "Não estou dizendo que Henry ganhou a eleição e ainda preciso dizer que o título está em muito boas mãos com Ronaldinho Gaúcho, que é um grande jogador e está tendo uma grande fase", ponderou.
Gordon Taylor explicou que aceitou participar da iniciativa da Fifa na votação do melhor jogador do ano, mas justifica que não teve tempo suficiente para organizar eleições com todos seus membros em 40 países diferentes. "Só na Inglaterra temos 4 mil membros. Ficou impossível obter o voto de todos", disse. "Por isso, pensamos que a melhor solução seria pedir para que os comitês de cada sindicato em cada país tomasse a decisão em nome de seus membros", afirmou.
O modelo de democracia indireta adotado pelo sindicato deixou a Fifa irritada. Mas, mesmo assim, Taylor foi até Zurique na entrega do prêmio a Ronaldinho Gaúcho. "Achei que deveria ir como um ato de diplomacia", afirmou.
Em conversa com a Agência Estado, Franz Beckenbauer apontou que se fosse consultado teria optado por Henry para o título do melhor do ano. "Se eu tivesse de escolher um dos três (Ronaldinho, Schevchenko e Henry) para minha equipe, acho que optaria por Henry", disse o ex-jogador e técnico alemão.