Dia 30 de junho. Elano entra na improvisava sala de imprensa do Hotel Fairway, em Johannesburgo, com o médico José Luiz Runco para revelar que sua lesão é grave e que ele está fora da Copa do Mundo. Muito antes disso, no entanto, o meia já sabia que seu sonho havia acabado. Ele admitiu à Agência Estado que, ainda no estádio Soccer City, depois de levar uma entrada violenta de Tioté, de Costa do Marfim, sabia que não teria mais condições de jogar.
Elano se machucou logo na segunda rodada da primeira fase do Mundial, diante dos marfinenses, e por causa da lesão não atuou mais na competição. “É a primeira vez que vou falar sobre isso. Para ser bem realista, eu sabia naquele momento que não iria conseguir voltar mais. Por isso, estava muito triste, sentia muita mágoa. Realmente não conseguiria mais jogar na Copa. No quarto, eu ficava acordado até quatro, cinco horas da manhã. Ficava fazendo fortalecimento sozinho, andava em cima da cama para ver se melhorava. Mas sentia muita dor, estava muito triste, foi angustiante”, admitiu o meio-campista, mais de um mês depois do final do Mundial, encerrado no último dia 11 de julho.
O jogador do Galatasaray, da Turquia, também contou que recebeu uma carta do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, parabenizando-o por seu desempenho na África do Sul, o que não ocorreu com outros jogadores, e ainda se colocou “à disposição” do novo técnico da seleção brasileira, Mano Menezes. “Não tive possibilidade de agradecer pessoalmente, mas fiquei emocionado. Foi uma coisa que eu não esperava. Infelizmente eu não ganhei essa Copa, mas essa carta da CBF, assinada pelo presidente Ricardo Teixeira, ficará como troféu”, disse.
Elano ainda isentou Runco de culpa no seu processo de recuperação da lesão, lembrando que o médico da seleção brasileira confiou no próprio otimismo do jogador, que acreditava ter um problema menos grave do que o detectado após exame realizado posteriormente. “Se eu faço o exame logo depois que me machuquei, às vezes, não é possível detectar o problema ósseo. A gente poderia estar tratando uma coisa que poderia não ser. O Runco (médico do Brasil) também foi em cima do que eu falei. Cada dia que ficava parado, sem me movimentar, minha perna melhorava, mas não estava melhor porque tinha o problema e não sabia. Toda vez que ia treinar era uma dor muito forte e tinha de parar. Então, não diria que foi um erro, foi uma decisão em conjunto. Foi feito tudo para eu jogar, mas era grave”, lamentou.