Belo Horizonte – O técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, praticamente confirmou ontem que o meia Edu irá substituir Zé Roberto na partida contra o Chile, domingo, pela sétima rodada das eliminatórias para a Copa do Mundo de 2006.
O titular da posição recebeu o segundo cartão amarelo na vitória por 3 a 1 sobre a Argentina, quarta, em Belo Horizonte, e terá de cumprir a suspensão automática. Edu foi um dos destaques do Arsenal na última temporada e deverá, pela primeira vez, iniciar uma partida com a camisa amarela.
Parreira disse que, “a princípio”, não vai mexer no esquema tático da equipe e admitiu que a entrada de Edu no lugar de Zé Roberto é “natural”. Também deu a entender que não deverá promover a volta de Gilberto Silva, que cumpriu suspensão automática contra a Argentina, ao meio-campo brasileiro, mantendo o zagueiro Edmílson na posição de volante. “Vamos ver isso lá no Chile, mas possivelmente sim (a permanência de Edmílson no time).”
Motivação
O treinador admitiu que uma de suas preocupações é quanto à motivação dos jogadores, após a vitória sobre a Argentina, jogo que atraiu todas as atenções e, segundo ele, assemelhou-se a uma decisão de título. Por isso, prega que os jogadores tenham a mesma “atitude mental” e disposição apresentadas na última partida.
Por outro lado, Parreira se irritou ao ser questionado se a vitória do Brasil em Santiago deveria ser encarada como uma obrigação. “Não vamos agora, a cada jogo achar que é uma final de Copa do Mundo. Não existe isso. Só na cabeça de vocês”, disse, se referindo aos jornalistas.
Frio
O preparador físico Moracy Sant?Anna deu pouca importância à decisão da Federação de Futebol do Chile de marcar o início da partida de domingo para as 21h30 local (22h30 em Brasília), horário em que a temperatura em Santiago pode estar próxima ou abaixo de zero grau. Moracy desdenhou a estratégia chilena, lembrando que muitos jogadores brasileiros atuam na Europa e estão acostumados com as temperaturas baixas.
“Eu duvido muito (que a seleção brasileira sinta o frio chileno), porque são 10 jogadores que estão vindo do exterior. Todos eles estão vindo de um frio bastante intenso lá, muito mais do que esse que faz no Chile”, observou.
O preparador físico disse que o Brasil fará apenas dois treinamentos na capital chilena antes da partida de domingo. Um treino leve hoje e outro de reconhecimento do gramado do estádio, amanhã.
Chile teme o Fenômeno
Santiago – Santiago teme pela passagem de um fenômeno no domingo. Não se trata de algum problema climático. O medo tem nome: Ronaldo. Sua foto saiu nas edições de ontem dos principais jornais chilenos. E as mensagens foram, no mínimo, muito curiosas. “Antídotos para frear Ronaldo”, chamou o vespertino La Segunda, com uma receita aos jogadores do Chile para anularem o Fenômeno no Estádio Nacional.
“Respirar na sua orelha”, recomenda o jornal. “Marcá-lo escalonadamente para evitar os seus arranques” e “antecipar para que não domine a bola”. Até mesmo Elias Figueroa, símbolo maior do futebol chileno, foi convocado para dar sua receita. “É uma tarefa muito difícil conseguir anulá-lo. Ronaldo é Ronaldo em qualquer campo do mundo. Porém, tem de se fazer alguma coisa. Como? Evitando que arranque.”
Não parece tão fácil como sugere Figueroa. Em frente ao Estádio Nacional, palco do jogo de domingo, o adolescente Daniel Pera, 16 anos, também disse que será difícil conter o Fenômeno. Vestido com a camisa amarela da seleção brasileira, Daniel foi enfático. “O Brasil vai vencer porque tem melhor time. E, claro, tem Ronaldo.”
O medo de ter Ronaldo pela frente também favorece aos cambistas. Agindo livres em frente ao Estádio Nacional, ontem, disseram que os estragos que Ronaldo provocou na Argentina deu uma motivação a mais para a torcida ir ao jogo de domingo. Eles vendiam ingressos a US$ 157.