Depois das cenas tristes do clássico do último domingo, Atlético e Coritiba sentam-se no banco dos réus para tentarem escapar de uma pesada punição. A 4.ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) julga hoje os incidentes entre torcedores da Arena, que podem tirar até 10 mandos de campo de cada clube, além de multa de R$ 10 mil a R$ 200 mil.

continua após a publicidade

Coxa e Furacão foram denunciados com base no artigo 213 do CBJD (“deixar de tomar providências capazes de prevenir e reprimir desordens”). A pena máxima, de 10 jogos, é praticamente descartada. Mas como o caso é grave e houve repercussão – a rapidez com que a denúncia foi a julgamento é uma demonstração disso – , o risco de uma punição acima de uma partida é real, especialmente para o Atlético.

Mas o advogado rubro-negro no caso, Domingos Moro, diz que o fato de o Furacão ser o mandante não significa risco de pena mais dura. Nem mesmo o caso semelhante entre o Furacão e o Corinthians, na Copa do Brasil, pode ser levado em conta, segundo ele.

“O Atlético foi inocentado no episódio. Se isso for levado em consideração, terei mais argumentos para levar ao recurso”, disse o defensor. Na ocasião, a mesma 4.ª Comissão Disciplinar puniu o rubro-negro com perda do mando de um jogo pelo lançamento de um fogo de artifício em direção à torcida corintiana. No recurso, porém, o Furacão foi absolvido, mas com dois votos favoráveis à manutenção da pena.

continua após a publicidade

No julgamento, Moro tentará provar que a entrada das “bombinhas”, do mesmo tipo usado em festas juninas, é difícil de ser reprimido, e lembrar que os responsáveis pelas bombas foram identificados e punidos.

Por outro lado, o Coritiba conta com o histórico do STJD, que tende a ver com rigor as falhas de segurança do time da casa. “Não há argumento técnico que justifique uma punição ao Coritiba.

continua após a publicidade

O artigo em que o clube foi enquadrado reprime apenas invasão ou arremesso de objeto no campo”, falou o advogado do clube, Itamar Cortes. Ele lembra que o STJD absolveu clubes visitantes em casos semelhantes, como o Avaí, no caso em que uma bomba foi arremessada em direção à torcida do Criciúma no Catarinense de 2008, ou o Corinthians, julgado pelo arremesso de cadeiras contra a torcida do Atlético pela Copa do Brasil.

Cortes disse que mostrará aos auditores o tipo de prevenção adotada pelo Coxa no Couto e lembrará que o clube não tem histórico de punições quando atua em casa.

Qualquer que seja o resultado, haverá recurso. O STJD costuma conceder efeito suspensivo em caso de punição, o que adia o cumprimento da pena até que o tribunal faça o segundo e definitivo julgamento. Clubes que perdem mando de campo jogarão a pelo menos 100 km de sua sede.