Dunga chama Ronaldinho Gaúcho e Kaká

Rio – O futuro de Kaká e Ronaldinho Gaúcho na seleção brasileira é incerto. Pelo menos enquanto Dunga for o comandante.

O treinador deixou isso claro na entrevista coletiva de ontem, quando anunciou os 22 convocados para os amistosos contra Inglaterra, no dia 1.º de junho, no novo estádio de Wembley, em Londres, e com a Turquia, dia 5 de junho, na cidade alemã de Dortmund. Na lista algumas surpresas como o zagueiro Alex Silva (São Paulo), o goleiro Doni (Roma) e os atacantes Afonso Alves (Heerenveen, da Holanda) e Jô (CSKA Moscou) – todos novatos.

Nervoso e várias vezes se dirigindo aos repórteres como profissionais ?mal-informados?, Dunga passou quase uma hora abordando um tema delicado: o pedido de dispensa de Kaká e Ronaldinho Gaúcho para a disputa da Copa América, competição com início marcado para 26 de junho, na Venezuela. ?Temos que respeitar as individualidades, assim como no futuro e no presente terão que respeitar a minha idéia e a minha forma de pensar?, disse o treinador.

Para Dunga, a Copa América representa uma oportunidade para a seleção recuperar a credibilidade dos brasileiros que gostam de futebol, após a campanha decepcionante na Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. ?A ferida está aberta no torcedor?, admitiu o treinador.

Ele teria cogitado não convocar Kaká e Ronaldinho Gaúcho para os dois amistosos no começo de junho. Mas a ?punição? incorreria num problema para a CBF. Os organizadores dos jogos com Inglaterra e Turquia exigem a presença dos principais atletas.

Contrariado

Os sinais de sua contrariedade com a decisão de Kaká e Ronaldinho ficaram mais evidentes quando Dunga afirmou que eles não são imprescindíveis para a seleção. ?Gostaria de contar com eles, mas não é possível. São jogadores de valor, de qualidade incrível, agora o Brasil já ganhou e já perdeu com esses jogadores, já ganhou e já perdeu com Pelé, Rivelino e Zico?, explicou.

Para justificar os nomes dos novatos Afonso e Jô na seleção, Dunga contou que Fred, Adriano e Rafael Sóbis estão contundidos, diminuindo suas opções de atacantes. Na verdade, com a presença do ex-corintiano Jô e do ex-palmeirense Vagner Love, o treinador acabou convocando a dupla de ataque do CSKA, da Rússia.

?O Afonso vem se destacando na Europa. O Jô é artilheiro do CSKA e está fazendo jogos muito bons e tem idade para a seleção sub-20?, justificou Dunga.

Afonso é a maior surpresa da seleção

São Paulo – Atacante de estilo matador, em grande fase, artilheiro de um campeonato na Europa com 34 gols em 31 jogos, responsável pelo maior negócio da história de um clube. Com seus gols, levou sua equipe a uma competição continental e acabou convocado para a seleção brasileira. Tais características, que se encaixam em jogadores como Ronaldo e Adriano, desta vez descrevem um ilustre desconhecido do torcedor brasileiro: é Afonso Alves, atacante de 26 anos que joga no também pouco conhecido Heerenveen, da Holanda.

Maior surpresa na lista de convocados pelo técnico Dunga para os amistosos do Brasil contra Inglaterra e Turquia, Afonso construiu sua carreira na Europa. Ele conta que se considera um atacante com estilo nada brasileiro. ?Jogo há muito tempo na Europa. Sou técnico, não gosto de jogar parado na área, prefiro chegar com a bola dominada.?

Carreira

Mineiro de Belo Horizonte, Afonso Alves começou no Atlético. Em 2002, ainda jovem, transferiu-se para o clube sueco Örgryte. Dois anos depois, foi contratado pelo Malmoe, onde foi campeão nacional. No meio de 2005, contabilizava 14 gols em 24 jogos quando teve os direitos comprados pelo Heerenveen por 4,5 milhões de euros (cerca de R$ 13 milhões, em valores atuais), na maior negociação da história do clube sueco.

Recorde de artilharia

Na Suécia, Afonso foi vice-artilheiro por dois anos seguidos. Já na Holanda, o atacante foi artilheiro do último Nacional, com 34 gols em 31 partidas, ultrapassando a marca de Romário (25 gols, em 1990/91) e igualando a de Ronaldo – ambos pelo PSV -, feito inédito na história do pequeno Heerenveen. Atualmente, briga pela Chuteira de Ouro de maior artilheiro da Europa, superando estrelas como Totti, da Roma, e Van Nistelrooy, do Real Madrid.

A alegria de Afonso pela convocação se mistura com a surpresa, nem tão grande por causa de uma ?dica? recebida alguns dias antes de seu empresário.

Dunga elogiou o atacante: ?Estamos num mundo globalizado e ele é um jogador que se destacou na Europa e bateu o recorde de gols de Romário. É o maior artilheiro da Europa no momento, um jogador alto e forte?.

Teixeira garante Dunga

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, fez ontem uma defesa veemente do técnico Dunga e assegurou a permanência dele no comando da seleção até a Copa do Mundo de 2010. ?É isso que eu queria esclarecer para que não se gaste folha de papel com assunto ultrapassado?, avisou o dirigente, antes da convocação para os dois últimos amistosos antes da Copa América.

Teixeira enfatizou que os jogos do Brasil na Copa América, em amistosos e ?qualquer competição que não seja a Eliminatória (do Mundial de 2010)?, não vão influenciar a diretoria da CBF sobre a permanência de Dunga. ?O Dunga irá conosco até a Copa do Mundo de 2010, se classificarmos, se Deus quiser?, garantiu.

O discurso a favor dos treinadores em início de trabalho é marca registrada do presidente da CBF. Mas nem sempre expressa a realidade. Em 2000, Vanderlei Luxemburgo foi demitido depois da eliminação do futebol do Brasil na Olimpíada de Sydney. E em 2001, a fraca participação da seleção na Copa das Confederações resultou na saída de Emerson Leão.

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