O técnico Dunga avaliou que o atacante Neymar é o melhor jogador em atividade no futebol brasileiro, mas rejeitou apontar o jogador do Barcelona como uma craque. Para o novo técnico da seleção brasileira, Neymar só atingirá tal condição no momento em que for campeão mundial.

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“Ele é o melhor jogador brasileiro. Para ter carimbo de craque, tem de ter o carimbo de campeão do mundo nas costas. Mas vamos trabalhar, na Seleção, para ele jogar acima da média que define um craque”, afirmou o treinador em entrevista à revista Época, apontando um excesso de badalação sobre os jogadores jovens, que seriam chamados de craques pela imprensa apenas por aplicarem um drible.

“Mas, se tiver uma equipe sólida, ele pode fazer isso. Temos essa questão de que o cara faz um gol e já é craque. Temos tanto essa necessidade, que o cara de 15 anos, deu um drible, já é craque. O jogador novo, ele oscila. Até ele ter uma afirmação emocional, psicológica, física, técnica, ele vai oscilar. Só que a gente já põe uma responsabilidade no menino, com 16, 17 anos – ‘é craque, é craque, é craque’ -, aí começa a pressão. Dali a dois anos, mesmo ele tendo 19 anos, não o consideramos mais jovem. E aí começam as críticas. Aí ele fala: ‘Com 17, eu era um craque, hoje com 19 só me dão pancada…’. Então o emocional, a autoestima, aquela confiança que ele tinha, de dar o drible, de fazer aquela jogada, já começa a se resguardar um pouco mais”, completou.

Para Dunga, que definiu como craque o jogador que é decisivo em quase todas as partidas, o futebol brasileiro não possui esse tipo de atleta nesse momento. “Isso não somos nós que temos de comprovar, são eles. Mas é uma constatação. Vamos ver. O Pelé, de dez partidas, resolvia seis, sete. O Garrincha resolvia seis, sete. Lógico, quanto mais passa o tempo, fica mais difícil, os espaços são mais reduzidos, a marcação é mais apertada, o adversário põe dois jogadores em cima… Mas hoje, no futebol moderno, o cara, para ser diferenciado, tem de decidir, em dez partidas, pelo menos cinco, seis, tem de ser acima da média”, afirmou.

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Dunga também comentou a sua primeira convocação no comando da seleção brasileira, marcada para a próxima terça-feira, para os amistosos contra a Colômbia, em 5 de setembro, e o Equador, no dia 9, em amistosos marcados para os Estados Unidos. O treinador deu a entender que vai chamar uma equipe mesclada entre jovens e experientes, mas avisou que ninguém terá lugar cativo no time.

“Vou botar uma mescla entre jovens e veteranos, buscar sangue novo, aguçar a competitividade entre eles, não deixar ninguém pensar que é o dono, ninguém se acomodar. Tudo isso”, afirmou.

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Embora tenha declarado anteriormente que precisa melhorar o seu relacionamento com os jornalistas, o treinador aproveitou um questionamento sobre a derrota do Brasil por 7 a 1 para a Alemanha nas semifinais da Copa do Mundo, para ser irônico ao declarar que seria bombardeado pela imprensa se fosse o treinador da equipe naquela partida.

“Nem quero imaginar (se fosse o técnico contra a Alemanha), senão os caras me matam. Empatei em 0 x 0 com a Argentina, com um a menos, em Belo Horizonte, e o estádio todo vaiou, imagina 7 a 1. Ninguém imagina, e ninguém quer imaginar. Porque é duro, ainda mais se tratando de seleção”, comentou Dunga, que comparou a acachapante derrota com uma luta de boxe.

“É que também tinha um time do outro lado, que estava encaixado, com a autoestima lá cima, muito concentrado naquilo que teria de fazer, muito atento. É difícil falar, porque tu não esteve (sic) lá dentro para ver, mas é mais ou menos como um boxeador: o Brasil levou o primeiro golpe, e a Alemanha não deixou o Brasil respirar. Foi para cima e, quando se viu, o Brasil estava nocauteado. Não deram tempo de o Brasil dar os três segundos, o juiz contar até dez… Não. Levou o primeiro no queixo, tonteou e a Alemanha…”, concluiu.