É outro Paraná Clube. Uma equipe mais confiante, segura, com jogadas trabalhadas e com um técnico que arrisca nas alterações. O resultado foi um grande jogo com o Cruzeiro, tecnicamente melhor, mas que teve que lutar no final para segurar o 2×2 de ontem na fria Vila Capanema. O resultado deixa o Tricolor com 28 pontos no Campeonato Brasileiro, afastando-se um pouco da zona de rebaixamento.
O Paraná prometia um futebol agressivo contra o time com o melhor ataque do Brasileirão. Mas a formação demonstrava o respeito pelo Cruzeiro – três zagueiros e dois volantes formavam o cinturão defensivo tricolor. Do lado dos visitantes, a estrela era Alecsandro, que marcou nove gols em apenas seis partidas, aproximando-se do artilheiro Josiel. No banco da Raposa, estava o ex-goleiro Ivan (que jogou no Atlético e no Palmeiras), pois Dorival Júnior estava no Rio acompanhando seu julgamento no Superior Tribunal de Justiça Desportiva.
Na televisão, na solidão de um hotel, Dorival Júnior gostou do que viu no primeiro tempo. O Cruzeiro mostrou porque é um dos melhores times do País na atualidade. Uma equipe segura na defesa (com, no mínimo, quatro jogadores atrás) e que saía para o ataque com extrema velocidade. Os dois laterais saíam como loucos, Wágner e Leandro Domingues comandavam as ações e Alecsandro e o boliviano Marcelo Moreno levavam terror à trinca de zagueiros do Paraná.
Além disso, a Raposa mostrou um toque de bola que não perdeu a qualidade nem mesmo no gramado castigado da Vila Capanema – que, por sinal, está muito melhor. Foi assim que os visitantes abriram o placar. Aos 25 minutos, Leandro e Wágner fizeram a tabela e Wágner tocou de pé esquerdo, da entrada da área, com muita categoria. Golaço do Cruzeiro. Em desvantagem, o Tricolor avançou a marcação e teve chances, principalmente com Josiel. ?Faltou um pouco mais de qualidade. Sem isso, a gente não vai conseguir nada?, comentou Lori Sandri, no intervalo.
O treinador resolveu desmontar o sistema tático e colocou Batista no lugar de Toninho. Alteração que colocou o Tricolor à frente – ?de peito aberto?, como falou o treinador na véspera. E um time agressivo chegou rapidamente ao empate. Aos 12 minutos, na jogada ensaiada, Paulo Rodrigues cobrou escanteio, Beto desviou e Josiel chegou na segunda trave para empatar o jogo.
A partida ficou eletrizante. Aos 18 minutos, Daniel Marques falhou e Moreno ficou na cara de Flávio. Tocou com estilo e recolocou os visitantes na frente. Mas o domínio era tricolor. E sete minutos depois, em rápida jogada, Beto foi derrubado por Jonathan. Pênalti que Josiel converteu, igualando o jogo de novo e marcando seu 15.º gol no Brasileiro.
A partir daí, os dois times criaram diversas chances de gol. Se havia um controle territorial do Paraná, o Cruzeiro era perigosíssimo nos contra-ataques. O jogo terminou empatado, mas ficou clara a recuperação tricolor, que conseguiu encarar de peito aberto a equipe que joga o futebol mais agressivo neste momento do Brasileirão.
Time mostra mais qualidade
O torcedor pode ter saído com uma ponta de tristeza por causa do empate com o Cruzeiro, mas percebe-se um elenco mais seguro no Paraná Clube. Os jogadores demonstraram a satisfação pelo bom jogo com o vice-líder do Campeonato Brasileiro e o técnico Lori Sandri teve a certeza de que pode tirar mais dos atletas – e pensar em ficar mais perto de posições de honra na competição.
Os jogadores do Tricolor gostaram do que fizeram. ?Nós mostramos que poderíamos jogar. Muita gente imaginava que a gente ia ser massacrado pelo Cruzeiro, mas encaramos eles de igual para igual?, comentou o zagueiro Daniel Marques. ?Acho que mostramos nossa qualidade, principalmente no segundo tempo?, complementou o meia Batista, um dos destaques do time.
Lori teve a mesma avaliação dos jogadores. ?Gostei mais do segundo tempo. Nós poderíamos ter buscado um pouco mais, mas tivemos respeito, o que é natural?, disse o treinador paranista, que reconheceu que teve de trabalhar a motivação do elenco. ?Hoje, se você não trabalhar o psicológico dos atletas, você não consegue nada?.
Além do bom rendimento tático, o Paraná ganhou um sistema de jogo mais agressivo – o 4-4-2, com a presença de Batista, rendeu bem na segunda etapa. ?Nós temos a nova opção. Mas o grupo sabe como se trabalha assim, porque implantamos esse trabalho em 2005, quando cheguei aqui?, afirmou Lori Sandri.
Próximo
Para a partida contra o São Paulo, sábado, às 18h10, no Morumbi, o treinador terá a volta de Nem. E a tendência é que se mantenha o esquema com três zagueiros para encarar o líder do Brasileirão.
CAMPEONATO BRASILEIRO
2° turno – 22ª rodada
PARANÁ CLUBE 2×2 CRUZEIRO
Paraná
Flávio; Daniel Marques, Toninho (Batista) e Neguete; Léo Matos, Beto, Adriano, Éverton (Goiano) e Paulo Rodrigues; Vandinho (Vinícius Pacheco) e Josiel.
Técnico: Lori Sandri
Cruzeiro
Fábio; Jonathan, Emerson, Thiago Martinelli e Fernandinho; Ramires, Charles, Wágner (Aldo) e Leandro Domingues (Maicosuel); Marcelo Moreno (Nenê) e Alecsandro.
Técnico: Ivan Izzo
Súmula
Local: Vila Capanema
Árbitro: Lourival Dias Lima Filho (BA)
Assistentes: Alessandro Rocha Matos (FIFA-BA) e Adson Márcio Leal (BA)
Gols: Wágner 25 do 1°; Josiel 12 e 26 e Marcelo Moreno 18 do 2°
Cartões amarelos: Léo Matos (PR); Ramires, Charles, Thiago Martinelli, Jonathan (CRU)
Renda: R$ 39.278,00
Público: 3.823 (3.182 pagantes)