Estima-se que atualmente existam pelo menos 4 mil proprietários de cadeiras do Pinheirão. São os poucos que restaram daqueles que acreditaram no projeto do estádio, quando ele começou a ser construído no final anos 1960, pelo então presidente da Federação Paranaense de Futebol, José Milani.
Entre eles está Gilberto Lobo Mello, que ainda guarda títulos de quatro cadeiras. Torcedor do Atlético, ele se sentiu diretamente afetado com a decisão da venda do Pinheirão, anunciada recentemente pela FPF. A sensação é de que, definitivamente, não conseguirá ser ressarcido do investimento feito há mais de 40anos. “Eu acho um absurdo. Primeiro, deveriam consultar todos os proprietários de cadeiras, porque pagamos por aquilo e temos direitos. Os inadimplentes são eles da FPF. Quanto vale aquilo? Deveriam fazer uma avaliação dos valores antes, como se fosse uma desapropriação, e nos pagar o que é de direito”, exige.
Um exemplo de quem conquistou na Justiça o dinheiro de volta é o advogado Samir El Hajjar. Em 2003, ele ganhou R$ 4,5 mil pela cadeira que tinha comprado, um valor que atualmente calcula em torno de R$ 6 mil, apesar da deterioração do local, que está interditado e abandonado. Em 2007, diante do sucesso obtido com a ação, ele tentou criar a ADUP (Associação de Defesa dos direitos do Usuário do Pinheirão) para que os proprietários recuperassem o dinheiro investido.
“As pessoas fizeram as compras das cadeiras como se fosse investimento. Na época, chegamos a reunir 40 pessoas, mas algumas pensaram de forma individual. Não quiseram sustentar outros que não faziam parte da associação e iriam receber. Aí, cada um buscou de maneira individual”, explicou Hajjar.
Mesmo assim, a sensação dos proprietários é de que nada vai acontecer e que este investimento foi jogado fora. “Vão fingir que nada aconteceu e pegar o dinheiro. Eu penso em entrar com uma liminar para anular a venda. Fazemos qualquer acordo, mas eu não acredito que alguma coisa será feita”, lamentou Gilberto Mello. As palavras do presidente da FPF, Hélio Cury, reforçam ainda mais o pensamento pessimista de Mello.
Questionado sobre o que vai acontecer com os proprietários das cadeiras, e se haverá algum encontro para definir isto, Cury se esquivou e disse que os interessados é que têm que tomar uma medida. “Isto é uma coisa que precisa ser verificada legalmente. Cada um que veja o seu interesse e tome a atitude que achar adequada. Ninguém me procurou. Então, eu não posso fazer nada a respeito disso”, declarou.