Domingos Moro garante que nem entregou a renúncia, mas já foi “demitido” por nota oficial. |
“A Diretoria Executiva do Coritiba Foot Ball Club informa que recebeu nesta data pedido de renúncia do cargo de diretor de seu vice-presidente, Domingos Augusto Leite Moro, sob a alegação de razões pessoais. Em face da vacância, foi eleito vice-presidente o diretor André da Costa Ribeiro e secretário o diretor Luís Henrique de Barbosa Jorge. Por fim, a diretoria esclarece que o departamento de futebol é de responsabilidade do coordenador Oscar Yamato. Curitiba, 22 de julho de 2004”.
Esta é a íntegra da nota oficial que anunciou a saída de Domingos Moro do Coritiba. Nada mais foi dito pela diretoria e nem pelo agora ex-dirigente. Mas o teor do documento explicita a cisão entre ele e o presidente Giovani Gionédis. Segundo pessoas ligadas ao ex-vice, não houve até agora nenhuma carta de renúncia, e a possível saída negociada foi abandonada sem o final das conversações. E ficam abertas as feridas no Alto da Glória.
Em conversas reservadas, Moro admitia que poderia renunciar, desde que se transformasse em advogado do clube. Essa hipótese era quase certa na noite de quarta, quando estava programada uma reunião entre os então dois homens mais poderosos do Coritiba. O ex-vice abrira mão do comando do futebol e de uma possível eleição para a presidência do clube para evitar um atrito ainda maior com o presidente.
Este desgaste ficara evidente na terça, quando Gionédis afirmara que Moro teria que sair do Coxa para se candidatar a vereador – ele está inscrito no Tribunal Regional Eleitoral. “Ele terá que escolher, esta é uma imposição da Diretoria Executiva”, disse o presidente, que deixou nas entrelinhas claro que não permitiria a utilização do clube na campanha. Quando soube das declarações, o ex-vice decidiu renunciar à candidatura.
Em tese, tudo ficaria resolvido, mas a crise de relacionamento não fora debelada. Juntos na administração alviverde desde janeiro de 2002, Gionédis e Moro já não se entendiam. As discussões sobre temas do futebol vêm de tempos (desde a saída de Paulo Bonamigo, hoje sem clube), e agora atingiram graus mais elevados, com discussões em tons elevados. Nos últimos jogos fora de casa, o vice-presidente se afastou da delegação – para Florianópolis, ele nem foi.
Apesar da cisão, a saída negociada era tomada como certa. Só que a nota oficial criou novo constrangimento. Moro teria sabido da própria renúncia pela imprensa e não teria aceitado a situação. “Vão dizer o quê para explicar a minha saída”? – disse o ex-vice a interlocutores. Como ninguém quis se pronunciar, seguem as dúvidas – e as perguntas aumentam a cada instante.
Time vai ter duas modificações
Alheios à confusão institucional, os jogadores do Coritiba souberam ontem quem serão os titulares para a partida de amanhã, às 16h, contra o Botafogo, no Couto Pereira. O técnico Antônio Lopes, como esperado, pouco altera a equipe, apenas trazendo de volta o atacante Alemão e escalando Vágner no lugar de Reginaldo Nascimento.
O capitão coxa, por sinal, passou ontem por uma delicada cirurgia na face. Nascimento, que teve parafusos e placas metálicas implantadas no rosto, segue internado no Hospital Santa Cruz.
Lopes optou por Vágner, pelo entendimento que tem com o titular Miranda. “Eles se conhecem há muito tempo, jogaram juntos nos juniores e não terão problemas em atuar agora”, explica o treinador alviverde, que escala amanhã a mesma defesa que disputou a Copa São Paulo de futebol júnior, com Rafinha, Miranda, Vágner e Ricardo.
Sobre o ataque, Alemão apenas recupera a posição que era dele. “É natural, ele cumpriu suspensão e agora volta no lugar do Josafá”, diz Antônio Lopes. Aristizábal, que seria a outra opção, vai continuar seu processo de readaptação, entrando no segundo tempo. “Está certo, porque preciso me recuperar completamente. Não vou acelerar nada”, confirma o colombiano.