Campinas – Enquanto Paulista e São Caetano escrevem seus nomes na história das finais do campeonato paulista, o duelo no banco de reservas também coloca frente a frente dois técnicos novatos, mas que possuem histórias semelhantes.
Ex-jogadores do São Paulo, Muricy Ramalho e Zetti, também iniciaram a carreira nas divisões de base do clube e tiveram Telê Santana como mestre. Seria este o segredo do sucesso? “No São Paulo você aprende a ser vencedor, porque é um clube que sempre luta para ser campeão. Esta formação é essencial para qualquer profissional”, diz Muricy Ramalho, ex-meia do tricolor, de 49 anos, sendo 11 deles na profissão, que tenta fazer do Azu- lão, um eterno vice, campeão pela primeira vez entre os grandes do futebol brasileiro. “As condições que o São Paulo oferece são excepcionais, porque tudo é profissional. Ninguém trabalha com a cabeça quente e o rendimento aparece em campo”, diz Zetti t écnico, de 39 anos, do Paulista.
Mesmo mestre
Os dois técnicos, por coincidência, tiveram a felicidade de trabalhar ao lado do técnico Telê Santana, responsável pelo bicampeonato mundial interclubes, maiores feitos da história do clube. Zetti não esquece os ensinamentos de Telê, seu técnico na época. “Ele unia o grupo e parecia incansável dentro de campo. Repetia os exercícios de cruzamento, faltas, posicionamento até não poder mais” recorda o técnico do Paulista, ainda perto de comemorar seu primeiro aniversário como técnico profissional. Outro aprendizado inesquecível com o antigo mestre: a correção. “Tudo que faço na vida pessoal e profissional é dentro de muita sinceridade e honestidade. O Telê neste aspecto, era excepcional”, comenta.
Zetti começou a carreira de técnico nas categorias de base do São Paulo, onde pretendia ficar mais tempo. Foi vice-campeão paulista de juniores em 2001. Mas a proposta do Paulista o seduziu ano passado. “Achava que seria necessário mais bagagem, mas acabei aprendendo mais rápido aqui no Paulista”, diz orgulhoso de ter tido em suas mãos jogadores revelados no Morumbi como Kléber, Júlio Santos e Gabriel. Ele também foi o responsável pela vinda a Jundiaí de três são-paulinos: o goleiro Márcio, agora titular, o meia Ailton, destaque do time, e o reserva Thiago Almeida.
Independente do resultado da final, que começou com a vantagem do adversário por 3×1 na primeira partida, Zetti já decidiu que permanecerá no Paulista para o campeonato brasileiro da Série B, apesar de ter recebido algumas sondagens, como do Sport Recife. “O Paulista tem, no momento a melhor base do interior. Sei que vou perder alguns jogadores, como o Ailton e talvez o Canindé, mas já estou pensando nas peças de reposição”.
Esquema 4-4-2
Os dois técnicos preferem adotar o esquema tradicional, não por coincidência como também fazia Telê Santana. Ambos também são extremamente profissionais e não admitem desculpas para o fracasso. “Essa história de que jogo é jogo e treino é treino não existe mais. Se você não treinar direito, também não vai jogar bem”, diz Muricy, que não abre mão da disciplina. Garante, porém, que não existe problema com o “excelente elenco do São Caetano”. No ABC, pelo Paulistão, Muricy está invicto com oito jogos, sete vitórias e um empate. Ele substituiu a Tite.
O mesmo faz Zetti no Paulista, o que, segundo ele, é o motivo para ser respeitado pelos jogadores. O técnico acha que, apesar do noviciato, pode sonhar com o inédito título paulista. Antes não havia a obrigação de vencer, mas agora “temos o dever de brigar pelo título que nunca esteve tão perto”. Vem respaldado pela boa campanha, com sete vitórias, quatro empates e três derrotas. E o melhor ataque, com 33 gols em 14 jogos.
O segredo para Zetti é “fazer uma partida perfeita” e manter a média no outro jogo. Muricy também pensa igual, mas se expressa diferente: “O jogo tem que encaixar, como aconteceu naquela vez contra o Santos”. No Pacaembu, domingo que vem, os dois estarão novamente correndo atrás do sucesso, por uma partida perfeita ou por um jogo encaixado, quando será conhecido o campeão paulista da temporada 2004.
São Caetano – Muricy Ramalho – 30/11/1955 (São Paulo-SP). Ex-meia do São Paulo. Como técnico começou a carreira no Puebla – México (1993), São Paulo 1994 – 1996), Guarani (1997), Chuhua – China (1998), Ituano (1998), Botafogo (1999), Santa Cruz (2000), Náutico (2001-2002), Figueirense (2002) e Internacional (2003).
Títulos: Copa Conmebol (1994 – pelo São Paulo); Copa da China (1998), Pernambucano (2001 e 2002); Gaúcho (2003).
Paulista – Armelino Donizetti Quagliato (Zetti) -10/01/1965, Porto Feliz – SP Como técnico profissional só dirigiu o Paulista na Série B do brasileiro e agora no campeonato paulista.