Clube ainda deve para o empresário que negociou a venda do jogador para o Flamengo. |
Ainda não se encerrou um dos maiores imbróglios da história recente de nosso futebol. A negociação do volante Mozart (hoje no Reggina) para o Flamengo foi parar na Fifa, pois o empresário espanhol José Antonio Martín exige dinheiro relativo à intermediação do negócio. A dívida – mais uma – chega a quase um milhão de reais, mas o Coritiba ainda tem chance de recurso.
O caso se iniciou em janeiro de 99, quando Mozart foi negociado com o Flamengo pelo então presidente João Jacob Mehl. “O negócio envolvia quatro milhões e meio de dólares para o Coritiba, quinhentos mil para o empresário, o passe de um jogador do Flamengo, um milhão de dólares em uma posterior revenda e os 15% do atleta”, conta o ex-dirigente coxa.
A soma quase atingiria sete milhões de dólares, mas o negócio foi desfeito. “O Flamengo encerrou o negócio, mas o Coritiba esqueceu de colocar no destrato a parte do empresário”, diz Mehl, que não era mais o presidente do clube quando do início da confusão. “O negócio foi desmanchado já com o Sérgio Prosdócimo como presidente.”
Após algumas semanas, Flamengo e Coritiba voltaram a se acertar e o negócio foi fechado por US$ 3,2 milhões, sendo intermediado por outro empresário (João Francisco). Martín sentiu-se prejudicado e foi à Fifa pedir a sua parte no negócio. “Como ele tinha o papel, e havia ajudado na negociação anterior, o empresário quis que o clube cumprisse com a obrigação”, explica Jacob Mehl.
Martín ganhou em todas as instâncias até agora, com a Fifa obrigando o Coritiba a pagar 320 mil dólares (10% da negociação final), sob pena de suspensão. “Ainda não se chegou à última instância”, diz o secretário coxa Domingos Moro, que preferiu não dar maiores declarações. “Nem é bom eu falar sobre esse assunto.” Apesar de ainda ter como recorrer, o Cori dificilmente vai conseguir absolvição no caso – a intenção é protelar por mais algum tempo o pagamento.
Por falar em pagamento, o Flamengo ainda pagou o Coritiba grande parte do passe do volante – que deixou a Gávea há quase dois anos. Cheques dados pelo clube carioca estavam sem fundos, fato que originou o bloqueio de todas as contas correntes. “O Flamengo não paga, ninguém se responsabiliza e o Coritiba fica com a conta”, desabafa Moro.
Essa é uma das histórias que o presidente Giovani Gionédis estuda divulgar para todo o Conselho Deliberativo do Coritiba. A reunião da terça passada trataria desses problemas – que incluem os processos trabalhistas, por exemplo -, mas um acerto entre os conselhos do clube adiou a apresentação para depois do supercampeonato. Jacob Mehl, um dos possíveis atingidos pela `devassa’, diz que não está preocupado. “Quero que tudo seja colocado às claras”, finaliza.
Ségio Manoel ganha espaço
A afirmação só veio depois de longos meses. Mas Sérgio Manoel conseguiu convencer torcida e diretoria da sua importância, e é agora peça-chave para o Coritiba no segundo semestre. Mais até que suas atuações (principalmente a boa presença no Atletiba), foram os fatos que fizeram dirigentes derramarem elogios ao meio-campista, que já se sente parte do Cori. E nem as propostas do futebol japonês atraem mais o jogador.
Ele chegou como a grande esperança para a equipe então comandada por Joel Santana durante a Copa Sul-Minas. Mas, assim como treinador, a equipe – e Sérgio junto – naufragou na competição regional, o que causou a queda do técnico e uma pequena reformulação no elenco, ceifando inclusive o ídolo Evair. Aí o jogador sentiu que a responsabilidade dele aumentaria. “Eu, o Picolli e o Reginaldo Nascimento sentimos que era a hora de dar força aos jovens e também responder à exigência que nos foi passada”, conta.
E Sérgio correspondeu, mais até do que se esperava. Jogando quase que improvisado na ala-esquerda, foi uma das armas do Cori enquanto esteve em campo durante o supercampeonato. “O Sérgio teve atuações ótimas”, elogia o técnico Paulo Bonamigo. E ele também tomou posição, sendo um jogador mais agressivo, às vezes até cometendo faltas. “Eu precisava dar uma resposta ao nosso torcedor”.
Mas aí veio o Atletiba. No primeiro tempo, tudo perfeito – Sérgio Manoel anulou Alessandro e deu o passe para o gol de Da Silva, que definiu a partida. E esse passe já foi dado com sacrifício. “Eu tive que fazer um esforço maior da minha perna de apoio, e a contusão se agravou um pouco”, relembra. Era uma contratura no músculo posterior da coxa direita, que o tiraria da partida contra o Grêmio Maringá – na verdade, o tempo normal de recuperação era de duas semanas.
Entrou aí o profissional Sérgio Manoel, misturado àquele que já adotara o Cori. “O que ele fez nessa semana, com tratamentos dos mais diversos, não tem como não se elogiar. Ele até pagou as sessões de acupuntura”, diz o secretário Domingos Moro. “Parti para algumas terapias alternativas, porque era o jogo mais importante do ano para o Coritiba”, afirma o meio-campista, referindo-se à partida contra o Paraná. Ele jogou, mas sem condições ideais. “Não havia treinado durante toda a semana, e por isso não tinha condições ideais. Fui na raça”, resume Sérgio Manoel, que não resistiu às cãibras e acabou substituído. (CT)