Diumar Bueno viu imagens de acidente, diz filha

Dez dias após o grave acidente que sofreu durante treino livre da F-Truck, no circuito de Guaporé (RS), o piloto Diumar Bueno pediu o laptop e entrou na internet para ver as imagens de seu caminhão sem freio atravessando a pista, batendo na mureta e despencando de um uma altura de 15 metros.

“Meu pai ficou muito impressionado. Dava para ver nas reações dele que ele não acreditava que estava vivo depois de ver as imagens do acidente”, disse a filha do piloto, Sheren Bueno, em entrevista à Folha de S.Paulo.

O paranaense não se recorda de tudo o que aconteceu nas pistas de Guaporé, no dia 13 de outubro. “Ele lembra até o momento em que passou pelo radar, percebeu que estava sem freio e bateu na mureta. Depois disso, não se lembra de mais nada, porque desmaiou.”

Diumar sofreu múltiplas fraturas e teve que ser submetido a duas cirurgias -a primeira, para colocação de placas e parafusos, durou cerca de oito horas. Na última terça-feira, ele recebeu alta do hospital Marcelino Champagnat, em Curitiba, e deve ficar cerca de quatro meses em cadeira de rodas, já que não pode apoiar nenhum dos pés no chão.

“Agora, em casa, ele vai passar por um longo período de fisioterapia para reabilitação das pernas e pés, e fisioterapia respiratória, por causa da lesão no pulmão”, explicou Sheren. “É um período que vai exigir muita paciência dele.”

Apesar do susto e das graves lesões que sofreu, Diumar Bueno sequer cogitou a possibilidade de deixar de competir na F-Truck.

“Em hipótese alguma passou pela cabeça dele parar de correr. Ele já chamou o chefe de equipe para fazer uma reunião e planejar a construção de um novo caminhão. No ano que vem, a equipe [DB Motorsport] terá dois caminhões: o do meu pai, e o do meu irmão, que vai começar a competir”, contou Sheren Bueno -ela é a primeira mulher a dirigir o Pace Truck (veículo de apoio da categoria).

Riscos

Diumar Bueno correu risco de morte devido a um sangramento no pulmão, segundo os médicos. O piloto também por pouco não teve as duas pernas serem amputadas -os músculos estavam muito inchados, comprometendo a circulação sanguínea.

Mark Deeke, o médico ortopedista que operou Diumar Bueno no hospital Marcelino Champagnat, descreveu as lesões identificadas no piloto após uma tomografia “praticamente de corpo inteiro”.

“Ele teve uma contusão na face, um corte na língua, lesão no cotovelo direito, sangramento pulmonar, trauma no abdômen, lesão por esmagamento das duas pernas e pé esquerdo, múltiplas fraturas na tíbia com grave comprometimento da musculatura e pequenas fraturas na coluna lombar”, enumerou o médico.

 

“Ele passou por duas cirurgias. A primeira, que durou oito horas, foi para a colocação de placas e parafusos -montamos um verdadeiro quebra-cabeças- e tratamento da musculatura. Tivemos que cortar a pele que reveste a musculatura dos membros inferiores para deixar os músculos expandirem, diminuir o inchaço e o risco de amputação. A segunda, mais simples, foi para fazer o fechamento, já que o risco de amputação havia passado.”

 

A rápida recuperação do piloto foi elogiada pela equipe médica. “Ele evoluiu de maneira exemplar. Para usar um clichê, o homem é “touro’ de forte. Tem um condicionamento físico excelente, além de uma sorte inigualável”, disse Deeke.

“A primeira coisa que ele me perguntou foi: “quando vou poder jogar futebol e correr?’ Falei que primeiro ele precisava voltar a andar sem sentir dores. O próximo passo é observá-lo, para saber se todos esses ossos vão se consolidar. Antes de 90 dias, não dá para dar um prognóstico. Mas posso dizer que ele evoluiu de maneira excepcional”, acrescentou.

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