Antonella Roccuzzo não espera a ajuda do motorista para descer do Toyota Corolla preto da Associação de Futebol Argentino (AFA) quando chega ao Mineirão. Mesmo com o filho, Thiago, nos braços, desce devagar, uma perna, depois a outra e se dirige para a fila grande, mas que anda rápido. Para se abanar, usa o ingresso que indica a área 334 – setor E – fila 6 da tribuna central. Dentro do estádio, levanta o braço cada vez que o marido, Lionel Messi, pega na bola, mesmo estando ele longe do gol. Pede que o filho olhe, mas ele não está nem aí.
No intervalo da partida, Thiago, de 1 ano e oito meses, ranheta, mas ela consegue fazê-lo parar sem gritar. Não há babás por perto. Quando uma revista argentina pede uma pose para uma foto, ela abre um sorriso Colgate de trinta e tantos dentes e diz: “Não me peça fotos. Nós não somos famosos. O protagonista é o Leo”, diz a dona de casa de 26 anos.
Anto, como está escrito na camisa da seleção argentina que ela usa, não gosta de aparecer. A ida ao Mineirão para ver o segundo jogo da Argentina na Copa, a vitória dolorida contra o Irã, surpreendeu os argentinos. Ela tem um perfil diferenciado entre as mulheres dos jogadores. Messi é embaixador da Boa Vontade pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). A esses eventos ela vai.
Uma parte desse comportamento arredio se explica pelo jeito de ser. Simples assim. Consultores de marketing esportivo dizem que algumas pessoas sentem necessidade de exposição, outras, não. A segunda parte desse jeito de ser se explica porque ela segue à risca as recomendações do marido em relação à privacidade. Por exemplo: ela ficou encantada com uma mansão em Lagoa Santa, no mesmo bairro que Ronaldinho Gaúcho tem casa. Fez beicinho para que o clã ficasse ali durante a Copa, perto do CT. Messi disse não, porque a casa não tem muros, e o proprietário não quis colocar tapumes. Anto obedeceu.
Nas redes sociais, ela é mais saidinha. Publica fotos de uma viagem com as amigas para Londres. Tudo muito comportado. As fotos de biquíni só são tiradas ao lado de Messi, como nas férias em Ibiza. Em uma das publicações mais recentes, desmentiu uma gravidez. Quando alguém perguntou se ela era a mulher do Messi mesmo, escreveu: “sou uma pessoa comum como vocês. Não sou uma estrela que não pode ter Twitter”. No dia do aniversário do maridão, dia 24, publicou vídeo no Instagram. Com uma música ao fundo, fez uma montagem simples de diversos momentos dos dois, desde a infância.
Sim, a paixão vem de longe. Antes de ser o melhor do mundo. Antes de fazer tratamento especial para crescer. Antes de ir para o Barcelona. Esse é outro diferencial da relação. Ela é irmã de Lucas Scaglia, ex-companheiro do Newell’s Old Boys e melhor amigo de Lionel. Quando ele foi embora para a Espanha, o namoro acabou e só foi retomado na juventude.
Filha de um empresário do setor de supermercados e de uma dona de casa, ela começou cursos de Comunicação Social, Nutrição e Odontologia na Universidade Nacional de Rosario, na Argentina. Abandonou todas as carreiras para seguir Messi. Ella, esse é o apelido para os íntimos, dá as cartas dentro de casa. Fecha a carranca quando Messi pega o controle da tevê para ver futebol. Mas gosta de ver quando o craque do Barça dá banho e troca o pequeno Thiago.