Dirigentes se reúnem para salvação do basquete

São Paulo – Foi preciso que o basquete brasileiro chegasse ao fundo do poço para que clubes rivais fora de quadra concordassem em se reunir no dia 10, na sede da Federação Paulista, para discutir os rumos do esporte.

Na pauta estão assuntos como a saída de patrocinadores, o êxodo precoce de atletas para o exterior, a recusa de jogadores em defender a seleção brasileira enquanto os clubes da Nossa Liga de Basquete (NLB) reclamam que seus atletas não são chamados por motivos políticos e, principalmente, o formato do campeonato brasileiro e a participação dos clubes nas negociações financeiras do evento. O encontro pode iniciar uma mudança radical no basquete.

O vice-presidente do Winner Limeira, Cássio Roque, disse que os clubes estão concluindo que o racha no esporte e a realização de dois torneios – um organizado pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB) e outro pela NLB – não são bons para ninguém, especialmente em termos financeiros.

Os dirigentes da CBB e da liga não estão convidados para esse primeiro encontro, mas podem ser chamados posteriormente. ?Após o encerramento do campeonato da NLB, todos os envolvidos – times dirigentes e TV – se reuniram. Chegamos à conclusão que seria interessante se todos os clubes sentassem para conversar?, afirma Cássio.

Segundo o dirigente, todos os times que disputaram a NLB e o Nacional da CBB foram convidados. ?A idéia é criar um campeonato único?, revela. Na sua opinião, o ideal seria um torneio com aval da CBB e o esquema organizacional da NLB, onde os clubes tem mais participação na elaboração da tabela, nas negociações com as TVs e com os patrocinadores. O dirigente limeirense, atual campeão da NLB, também é a favor da participação de times de vários estados como o Piauí, Espírito Santo, Pará e Pernambuco.

Carlos Osso, diretor de basquete do Pinheiros, acha que ?faltam líderes? ao esporte e apóia o projeto elaborado por Franca de criar uma associação de clubes para gerenciar o Nacional ao lado da CBB. Ou um manifesto dos clubes paulistas, ainda não levado adiante, de se disputar apenas o estadual. ?O nacional custa caro. Todos gastam muito e não obtêm resultados.? Observou que a CBB repassou R$ 17 mil aos clubes para mais de 30 jogos.

Osso lamentou que, depois do fiasco do nacional – o torneio não teve final e campeão por problemas jurídicos – times fortes como o COC/Ribeirão Preto, a Telemar/Rio e o Universo/Ajax, além de patrocinadores como a Mariner, de Franca, deixaram o basquete. O dirigente procura um patrocínio para o Pinheiros há seis meses.

O ex-jogador Fernando Minucci, diretor de Franca na última temporada, está pessimista. O clube, tradicional, perdeu o patrocinador e os dirigentes renunciaram. ?A idéia era adotar o modelo do Clube dos 13 do futebol. Mas isso teria de ser puxado pelos clubes mais fortes, se fossem coesos. Mas não há essa unanimidade.? Para Minucci ?os clubes de basquete estão como o Hezbollah e Israel – não há acordo possível?.

Jorge Bastos, dirigente do Universo, patrocinador que fechou uma de suas três equipes depois do nacional da CBB, acha que o basquete fez nesse primeiro semestre ?tudo o que não deve ser feito? e está desperdiçando potencial. ?O vôlei tem uns dez clubes. Juntando as equipes do Nacional (18) e da NLB (17) são mais de 30, o suficiente para fazer primeira e segunda divisões. É preciso deixar as vaidades de lado para pensar no bem do basquete?.

O presidente da CBB, Gerasime ?Grego? Bosikis, anunciou que fará uma reunião na segunda semana de agosto para discutir o próximo nacional. E a NLB anunciou o seu encontro, com o mesmo objetivo, para o dia 19.

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