São Paulo – A fórmula de campeonato por pontos corridos, que era um sonho da maioria dos dirigentes e jogadores até poucos anos atrás, não é mais unanimidade. Há grande divergência se vale ou não a pena continuar com ela, apesar de jogos emocionantes e decisivos, como alguns de domingo. O Mineirão, por exemplo, recebeu mais de 70 mil pessoas para saudar o título do Cruzeiro, na vitória por 2 a 1 sobre o Paysandu. Será que se o torneio classificasse os oito primeiros, o estádio teria algum público? O jogo não passaria de um amistoso, pois o time já estaria garantido na fase seguinte. E os são-paulinos? Ficaram ligados no confronto com a Ponte Preta para assistir à volta da equipe à Taça Libertadores.
Curiosamente, os maiores opositores são aqueles que fracassaram no Brasileirão, como o Flamengo. “Temos de mudar algumas coisas. Acho que uma final é necessária. E os chamados play-offs também, porque atraem o público”, afirmou Hélio Ferraz, presidente do Flamengo. Será que, com as contratações pobres que fez, com o elenco medíocre que representa o clube, o torcedor iria incentivar os atletas?
Pensamento parecido tem seus colegas cariocas. “Tecnicamente a fórmula atual é justa e premia a equipe mais constante. A atratividade, porém, não é boa. O torcedor brasileiro gosta de decisão. O fato de não ter os play-offs é ruim financeiramente para os clubes”, afirmou David Fischel, presidente do Fluminense. Será que uma fórmula diferente faria seu time jogar um pouco mais de bola? O Flu perdeu 21 jogos e ganhou só 12 e ainda queria que o público fosse aos seus jogos? Nenhum regulamento faz milagre.
Mauro Galvão, técnico do Vasco acha que “a fórmula atual é boa, pois privilegia a melhor equipe, mas é preciso ver se ela é rentável para os clubes”. Seria rentável para o Vasco, se o clube não tivesse negociado Marques, Marcelinho Carioca…
Paulistas
Em São Paulo, os cartolas têm opinião distinta e defendem os pontos corridos. “É a melhor fórmula, embora tenha gostado do sistema da série B, com quadrangular final”, analisou Mustafá Contursi, presidente do Palmeiras. Marcelo Portugal Gouvêa, do São Paulo, é um dos maiores defensores do regulamento adotado no atual brasileiro.
Planejamento
Os clubes que levaram a sério o brasileiro, fizeram bom planejamento e não deixaram tudo para a última hora – quando a corda começava a apertar o pescoço – tiveram enorme sucesso. O Cruzeiro, por exemplo, obteve média de público de cerca de 25 mil pessoas por jogo, número parecido com o Fortaleza. A competição teve média de 10 mil, não muito diferente do que ocorreu nos últimos anos.