A derrota para o Sport Recife foi um choque de realidade para o Paraná Clube. Os dirigentes mudaram o tom do discurso e a luta pelo acesso deu lugar à preocupação com o futuro do clube.
Com apenas 32 pontos, o Tricolor “desceu do muro”, mas para o lado errado. Faltando 13 rodadas para o fim da temporada, restou ao clube a inglória luta pela permanência na Série B.
Trata-se de uma missão não tão simples. Considerando que são necessários 46 pontos para escapar matematicamente da degola, o Paraná precisa somar mais 14 pontos (quatro vitórias e dois empates).
Ao longo do primeiro turno, frente aos mesmos adversários, o time conseguiu apenas 12 pontos (três vitórias e três empates). “O quadro é no mínimo desconfortável. Mas, temos que seguir trabalhando, buscando sempre o melhor”, disse o técnico Marcelo Oliveira.
O treinador não escondeu o abatimento logo após o revés. Afinal, mais uma vez o clube via abortado seu plano de decolagem na Série B. Uma situação que fez o diretor de futebol Guto de Melo desabafar e expor de vez a crise financeira do clube.
“Nossa situação é caótica. Não estamos conseguindo pagar os atrasados e precisamos da união dos verdadeiros paranistas”, disse o dirigente. “Muita gente prometeu apoio, mas ficamos sós”, completou.
Guto de Melo praticamente implorou apoio, reconhecendo que o quadro só tende a piorar. O clube está prestes a completar dois meses de salários atrasados – há ainda direitos de imagem pendentes.
“Os jogadores não podem ser responsabilizados de nada. Têm sido guerreiros e muito profissionais, diante dessa situação”, emendou o diretor. Os atletas, na verdade, já se aconstumaram com a situação.
Afinal, jogaram todo o Paranaense com apenas um mês de pagamento e ninguém alimenta a possibilidade de uma solução a curto prazo. “Pelo que se comenta, vamos assim até o fim do ano. Mas não é isso que está pesando dentro de campo”, comentou o zagueiro Alessandro Lopes. “A gente tem feito tudo ao nosso alcance, mas temos tido muitas oscilações. Aí, levamos um gol e temos que correr atrás. É difícil”, analisou.
O diretor de futebol, mesmo rotulando de “covardes” aqueles que deram as costas ao clube, pregou a união de forças para tirar o Paraná dessa situação. “É hora de se deixar de lado a vaidade e unirmos as forças internas do clube para arrumar a casa”, disse. “Em 1995, o Atlético estava numa situação muito pior e deu a volta por cima com o Petraglia”, lembrou Guto de Melo.