O Paraná Clube usou a apresentação de três reforços, ontem, como “cortina de fumaça” para a crise. Além disso, usou a chegada de caras novas para ganhar tempo antes de se posicionar oficialmente sobre a elaboração de uma lista de dispensas.
Após a derrota por 3 x 1 para o Santo André, na terça-feira, o vice de futebol Aramis Tissot foi taxativo: “Alguns jogadores não têm condições de vestir novamente a camisa do clube”. Na prática, a redução do elenco se faz necessária diante de um visível inchaço.
O Tricolor entrou de vez na mesma ciranda dos últimos anos: se o rendimento não é o ideal, o jeito é contratar. Ao longo dos dois anos da gestão passada, mais de cem jogadores vestiram a camisa do Paraná.
Houve quem criticasse abertamente o então presidente Aurival Correia pela inconstância e “falta de planejamento”. Porém, nos últimos oito meses, o clube já trouxe nada menos do que 38 jogadores – sendo que alguns sequer tiveram seus contratos registrados e outros não disputaram uma partida sequer.
Os dirigentes se dizem reféns da falta de um orçamento compatível com as necessidades do clube. “Aqueles que brigam para subir, têm folhas salariais na casa dos R$ 1,3 milhão. Nós trabalhamos, humildemente, com apenas R$ 300 mil”, admitiu Aramis Tissot.
Com poucos recursos, o Paraná imaginou ser possível encarar as dificuldades da Série B com uma espécie de “legião paranaense”. Jogadores que conseguiram algum destaque no estadual e vieram com salários muito abaixo dos praticados na média nacional.
Hoje, o Tricolor sente os efeitos dessa aposta com uma modesta – e porque não dizer perigosa – 12.ª colocação. Aos poucos, quase todos os “caipiras” caíram em descrédito.
O ala Gílson (prematuramente negociado com o Grêmio) se tornou o único a realmente vingar com a camisa tricolor. Para o torcedor, a imagem atual é de um grupo de qualidade duvidosa e que seguirá vegetando na Série B, tendo como único foco a sobrevivência no segundo escalão nacional.
Aramis Tissot lembra que a vinda de uma série de jogadores, no início do ano, se fez necessária. “Tínhamos apenas um jogador com vínculo no clube (Murilo)”, destacou.
Além disso, a crise que se abateu sobre as categorias de base, que nada conseguiu produzir desde a construção do Ninho da Gralha, também contribuiu para o elevado número de contratações.
“Isso nos obrigou a fazer uma série de apostas”, explicou Aramis. “Espero fechar meu ciclo no futebol, em dezembro, deixando ao menos uma base”, completou. Vale destacar que o grupo de 38 jogadores pode aumentar, pois os clube podem contratar até o final do mês.
O próprio Tissot revelou que busca pelo menos mais um atacante. Quem sabe Lima, que está mantendo a forma no clube. É a ciranda tricolor, que não para de rodar.