Valquir Aureliano
Zumbi se movimentou
bastante e criou boas chances,
mas faltou pontaria.

Pelo menos três erros capitais do árbitro impediram que o Paraná Clube voltasse do Rio de Janeiro com um resultado melhor. A comissão técnica via no empate um bom resultado, mas diante da atuação do time, até mesmo a igualdade provocaria lamentos. A derrota, diante da interferência direta do apito, resultou em profunda frustração pelos lados do Tricolor. Isso, sem deixar de lado a falta de ?poder de fogo? da equipe, que criou inúmeras oportunidades e falhou ao não traduzir em gols o amplo domínio que impôs ao Fluminense ao longo de quase toda a partida.

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No retorno da delegação, no início da tarde de ontem, o péssimo desempenho do trio de arbitragem ainda era assunto. Édson Esperidião reconheceu o erro ao validar o primeiro gol do Fluminense, quando Tuta – em impedimento – fez a assistência para Lenny marcar. Chegou a pedir desculpas aos atletas, antes de dar início ao segundo tempo, que aliás, teve atraso de aproximadamente 5 minutos porque Esperidião -segundo informações de bastidores – teve uma discussão com o assistente Alfonso Scarpati, que não indicou a posição irregular do centroavante carioca.

?É um fato para mim inédito. Mas, as desculpas não adiantam, pois o gol foi decisivo. Era um jogo onde quem saísse na frente, venceria?, comentou o vice de futebol José Domingos. ?Com a vantagem, o Fluminense se fechou ainda mais e passou a administrar o jogo sem precisar se expor?, disse. O técnico Caio Júnior concorda. Não eximiu seus jogadores de culpa – diante das várias chances de gols perdidas – mas creditou ao árbitro o maior percentual pela derrota. ?Além do gol irregular do Fluminense, tivemos dois pênaltis não assinalados a nosso favor?, lembrou o técnico.

Relembrando

O primeiro deles, logo aos 5 minutos. Zumbi foi puxado na área por Thiago, insistiu na jogada e chutou para a defesa de Fernando Henrique.

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?Um lance típico onde o árbitro pode até esperar a conclusão da jogada e, ao ver que a vantagem não se confirmou, marcar o pênalti?, explicou José Domingos. No final, novo erro de Édson Esperidião, que não marcou penalidade máxima clara de Fernando Henrique sobre Beto. Pouco depois, deu um pênalti no mínimo duvidoso em um suposto toque de mão do zagueiro Thiago Silva.

?Ele mostrou despreparo para apitar a Série A?, lamentou José Domingos.

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Apesar das reclamações, a diretoria não deve formalizar um protesto à CBF. ?Vamos discutir o assunto com os demais diretores e nosso departamento jurídico.

Mas, o campeonato está começando e não acho interessante nos expormos a retaliações?, disse o vice de futebol paranista. Em quatro rodadas, o Paraná teve lances polêmicos de arbitragem em todos os seus jogos.

Frente ao Juventude, o clube reclamou dos critérios de José Henrique de Carvalho na aplicação dos cartões e de um pênalti sobre Beto, no último minuto. No empate contra o Botafogo, houve mais um pênalti não marcado, só que como o time desperiçou uma penalidade máxima com Sandro, a reclamação não encontrou eco. Até mesmo na goleada sobre o Grêmio, aconteceram lances polêmicos. O pênalti a favor do time gaúcho não ocorreu, mas como Wilson Luiz Seneme usou do mesmo critério na outra área, tudo ?acabou em pizza?. No último sábado, novo capítulo dos ?trapalhões do apito?, onde o torcedor paranista pode afirmar sem receio: ?o Paraná foi operado, e sem anestesia?.

Falta caprichar na pontaria

O Paraná Clube não teve, frente ao Fluminense, um jogador de referência na área adversária. Zumbi tentou se encaixar na estratégia armada por Caio Júnior, ficando mais centralizado – e deixando Batista e Cristiano prepararem as jogadas pelos lados do campo -, mas sua característica de jogo não é essa. Tanto que ao longo da partida, ele se preocupou em atrair a marcação do adversário e criar situações para seus companheiros. Sofreu um pênalti (não marcado) e deixou Cristiano na cara do gol em uma assistência perfeita.

Mas, os gols não saíram e a missão de Caio Júnior ao longo da semana será justamente calibrar a pontaria. O poder de finalização nem pôde ser avaliado. Já Edmilson, Cristiano e Felipe Alves desperdiçaram chances incríveis, frente a frente com o goleiro adversário, que nem foi exigido, pois os arremates foram para fora. ?Na Série A, com jogos tão equilibrados, perder tantos gols é fatal. Talvez, tenha sido o jogo em que mais criamos?, disse Caio Júnior. O técnico está correto em sua análise. Mesmo na goleada sobre o Grêmio, o Paraná não teve tantas chances reais de gol como no último sábado.

Ainda sem contar com Leonardo – que está liberado para trabalhos físicos, mas só deve retornar dentro de duas semanas, frente ao Fortaleza -, a tendência é que o treinador mantenha a mesma formação das últimas duas partidas.

?O time está jogando bem. Pecamos na finalização e vamos trabalhar nesse fundamento. Mas, gostei da postura do time, que mesmo tendo muitos jogadores que pela primeira vez pisaram no Maracanã, impôs um ritmo forte e dominou o adversário, jogando com personalidade?, analisou Caio.

A única dúvida será na meta. Flávio deixou o time no intervalo, reclamando de uma fisgada na virilha esquerda.

O jogador será reavaliado hoje, na reapresentação do elenco. Já Marcos Leandro, que sofreu torção de tornozelo na fase final, não deve ser problema. Tanto que foi liberado para ficar mais um dia com seus familiares no Rio de Janeiro. O Paraná volta a campo no próximo domingo, para encarar o Corinthians, em jogo já confirmado pela CBF para o Estádio Willie Davids, em Maringá.