Ao empatar em Paranavaí, o Coxa trouxe a decisão para junto da galera. |
O caminho está aberto. O Coritiba retoma os seus treinamentos hoje à tarde, no CT da Graciosa, com a consciência de que deu o primeiro passo para o 31.º título estadual com o empate de 2×2 com o Paranavaí, no sábado, no Noroeste do Estado. Só que, ao mesmo tempo, todos perceberam que as coisas não serão fáceis, já que uma excelente oportunidade de sacramentar o título já no jogo de ida foi desperdiçada. E acabou ficando tudo para a grande decisão, a princípio marcada para domingo, às 17h, no Couto Pereira. E quem levar a taça também marcará história – depois de 67 anos, haverá um campeão paranaense invicto.
Estádio cheio
E para fechar o campeonato paranaense, o Coritiba pretende ver quarenta mil pessoas no Alto da Glória. “Quero ver a nossa torcida marcando presença e nos empurrando para o título”, pede Bonamigo. “É uma obrigação para os coritibanos. Nós, porque eu me incluo entre os torcedores, precisamos estar presentes em mais um momento histórico do clube e do futebol paranaense. É bom reiterar que o campeão, seja quem for, o será de uma forma invicta”, comenta Moro.
E a diretoria alviverde confirmou ontem a venda antecipada de ingressos para a partida de domingo. Quem comprar a partir de hoje terá desconto, já que o preço normal de R$ 15,00 voltará a ser praticado. A intenção dos dirigentes é reduzir o preço para R$ 10,00 até quinta ou sexta, incentivando a torcida a comprar os ingressos antes do dia do jogo.
Havia um certo descontentamento no ar, após o empate em Paranavaí. Ainda mais porque no primeiro tempo do jogo o Cori foi soberano em campo. “Fizemos o nosso melhor tempo no campeonato paranaense”, reconhece o volante Roberto Brum. “A equipe foi taticamente perfeita, e merecia aquele resultado. A resposta que eles deram foi ótima, na minha avaliação”, completa o técnico Paulo Bonamigo. Com razão: a vantagem de dois gols aberta na primeira etapa condizia com o que acontecia no gramado.
E a mesma relação pode ser feita com o que aconteceu depois. “Não é primeira vez que isso acontece”, reclama o meia Tcheco. O Coritiba se rendeu à empolgação adversária, deu espaços e cedeu o empate. “Mas não podemos esquecer que do outro lado havia uma equipe de qualidade, que comprovou o porquê de estar na final”, diz Bonamigo. “Em jogos de final, não se joga contra o vento”, resume o secretário coxa Domingos Moro.
Mas a forma que o jogo apresentou demonstrou, mais uma vez, o desequilíbrio do Cori, que fez lembrar em certos momentos o time que enfrentou Londrina e Ituano – depois de ter empolgado como fez contra Atlético e Prudentópolis. Apesar da diferença gritante de rendimento nos dois tempos, Bonamigo garante que gostou do time como um todo. “Acho que nós temos que valorizar esses jogadores, ainda mais porque tivemos muitos problemas nessa semana, e acabamos jogando sem seis titulares”, comenta o técnico, incluindo na lista o centroavante Marcel, que jogou menos de vinte minutos.
Além disso, os problemas enfrentados em Paranavaí são notórios – forte calor, campo em condições ruins e pressão total. “Não quero falar muito nisso porque vão pensar que é desculpa. Mas o gramado é uma porcaria”, atira Tcheco. Para completar, havia o desentrosamento natural da equipe, e a falta de ritmo de vários jogadores. “Eles sentiram, porque não atuam muito tempo normalmente”, afirma o meio-campista.
E até por isso o resultado foi exaltado após o jogo – e talvez fosse mais se o jogo não tivesse à mercê do Coxa. “Nós tínhamos a intenção de ir a Paranavaí para manter a vantagem e, se possível, ampliá-la. Conseguimos o nosso objetivo”, diz Domingos Moro. “Nós não podemos esquecer da vantagem que temos, principalmente depois de um resultado que nos é interessante”, completa Bonamigo.
Nem torcida acreditou no 2 a 2
Um jogo de dois tempos distintos. Quantas vezes você já ouviu essa frase para explicar um jogo? Muitas, provavelmente. Só que esse clichê é o que melhor resume o que foi a primeira partida da final do campeonato paranaense entre Paranavaí e Coritiba, que terminou empatada em 2×2, sábado, no Estádio Waldemiro Wagner. A partida marcou a melhor atuação do Cori no paranaense, pelo menos no primeiro tempo.
Claro que o medo do ACP ajudou. Mas o Coritiba mandou na partida durante os primeiros quarenta e cinco minutos, jogando um futebol de rápidos deslocamentos e muita marcação. Roberto Brum, Tcheco e Pepo dominavam o meio-campo e comandavam as ações alviverdes. O único susto aconteceu quando Willians tentou uma bicicleta no ataque coxa e acabou acertando a boca de Marcel – o centroavante teve o lábio cortado, e ficou tão preocupado com o corte que ficou cinco minutos em campo sem a menor noção do que estava acontecendo.
Marco Brito entrou no lugar do atacante e logo na primeira jogada deu um preciso toque de calcanhar para Pepo, que chutou da entrada da área. A bola explodiu na trave, nas costas de Vilson e foi morrer lentamente no gol do Paranavaí. Aos 25 minutos, o Coxa abria o placar e se mostrava dono da partida. A confirmação disso aconteceu aos 36, quando Lima driblou Daniel e acertou um arremate preciso, calando de vez o Felipão. Houve gente que desistiu do jogo e foi embora.
Devia ter ficado, pois o Paranavaí voltou a campo a toda velocidade. A entrada de Nelmo deu melhor presença ofensiva ao time da casa, e logo a dois minutos Maurício aproveitou a bobeada da defesa coxa após a cobrança de escanteio de Aléssio e diminuiu o placar. O gol transformou o estádio em um caldeirão – assim como as faixas da torcida apregoavam. Empolgado (e contando com a falha do lado direito da defesa alviverde), o ACP conseguiu o empate aos 10, com o artilheiro Neizinho.
Mesmo percebendo que até poderia ganhar, o time da casa ficou contente com o empate – o Coxa também, é claro. Isso deixou a partida modorrenta, com poucas chances de gol. As alviverdes só aconteceram depois da entrada de Alexandre Fávaro, que agitou o ataque coxa, e chegou a colocar Ricardo na cara do gol, mas o lateral falhou ao tentar o drible em Vilson. No final, todos saíram contentes com o empate: o Paranavaí, porque recuperou uma enorme desvantagem; a torcida, que adorou ver seu time manter a invencibilidade, e principalmente o Coritiba, que está cada vez mais perto do título paranaense.
Pepo pede passagem com gol e boa atuação
E agora? Sempre que Pepo entra em campo nos jogos decisivos, ele rende bem e gera dúvidas sobre seu possível aproveitamento nas partidas seguintes. Mas após o jogo de sábado, o meio-campista abriu para valer sua caminhada para o time titular, sendo um dos melhores em campo e autor do primeiro gol do Coritiba. Jogando tão bem, Pepo deixou uma grande dúvida para Paulo Bonamigo, que terá à disposição quase todos os titulares para a finalíssima do próximo final de semana.
A entrada de Pepo, apesar do mistério de Bonamigo, era esperada. E a formação de meio-campo com ele, Tcheco e Roberto Brum deu tão certo que o Cori teve uma atuação quase perfeita no primeiro tempo do jogo contra o Paranavaí. O meia acabou premiado com um gol, o primeiro dele como profisisonal, em um arremate da entrada da área. Depois, Pepo caiu de rendimento como todo o time, mas deixou o campo como o melhor jogador do Cori.
E isso deixa Bonamigo com dúvidas na cabeça – e ele gosta delas. “Fico feliz com a atuação do Pepo, até porque o considero um dos meus titulares. Ele sempre corresponde quando entra”, elogia o treinador, que desta vez sentiu que o meia está ?pedindo passagem?. “Quem sabe seja o momento de ele se firmar como titular, mas isso não será definido agora. Temos uma semana inteira de trabalho para montar a equipe que joga no domingo”, completa.
Isso porque ele terá o retorno dos suspensos Reginaldo Nascimento, Fabrício e Edu Sales, além de Adriano, que já iniciou a longa viagem de volta da Malásia, onde esteve com a seleção brasileira sub-20. O lateral tem chegada prevista para amanhã, mas é certo que ele chega para retomar sua posição. Pepo, por enquanto, ainda não pode ter essa certeza. (CT)
Desorganização marca o jogo
É uma pena. O Estádio Waldemiro Wagner é um dos melhores estádios do interior do Paraná, e certamente o mais bonito, mas não estava preparado para receber uma final de campeonato paranaense. Os problemas começaram antes mesmo de Coritiba e Paranavaí entrarem em campo, e se seguiram até depois. Sem estrutura, o Felipão tornou-se terra de ninguém durante boa parte do sábado – pior para jornalistas de todo o Estado e para os cerca de quatrocentos torcedores do Coxa.
Pouco depois do meio-dia de sábado, ainda não se sabia por onde a imprensa entraria no campo – em jogos como esse, é natural que televisões e rádios cheguem muito antes do jogo. Depois de discussões com supostos representantes do time da casa, todos conseguiram entrar, mas alguns sequer sabiam o que o destino previa.
Sem cabines suficientes, várias emissoras de rádio (eram dezesseis ao total) tiveram que transmitir a partida em cima da laje das cabines. Para chegar lá, não havia outra maneira que não fosse uma escada, emprestada pela produção da TV que transmitia o jogo. “Eu nunca passei por uma situação dessas”, resumiu o comentarista da rádio Transamérica Aírton Cordeiro.
Para os torcedores do Coritiba, também não foi fácil. Eles foram impedidos de almoçar pela polícia local, que os colocou no estádio mais de duas horas antes do início da final. Aos poucos, eles foram ficando cercados pela torcida do ACP, já que o espaço reservado a torcida alviverde foi diminuindo a cada minuto.
Mas isso não foi a pior parte. Ao término do jogo, o gramado foi invadido por pelo menos duzentas pessoas. A maioria era jovem (havia muitas crianças), mas todos foram provocar o lado coxa, atirando chinelos, rádios e o que estivesse à mão. Os alviverdes revidaram e foram fortemente repelidos pelos policiais, enquanto os que estavam em campo agiam livres, observados pelos soldados.
Apenas quinze minutos depois a confusão terminou, mas nenhum torcedor que estava no gramado foi obrigado a sair. Muito pelo contrário: eles ficaram lá por mais tempo, muito aplaudidos pelos que estavam nas arquibancadas.