O Atlético está endividado e passando por dificuldades financeiras. Esse é o assunto principal nas rodas de conversa sobre futebol entre torcedores e que ganhou espaço nos noticiários sobre o Rubro-Negro nos últimos dias.

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Mas, afinal, qual é a real situação financeira e administrativa do Furacão? A resposta será dada na manhã de hoje, numa coletiva agendada pelo presidente Marcos Malucelli para passar o balanço do clube a limpo.

Provavelmente o presidente revelará um déficit nas contas atleticanas, mas que não chegará a ser uma “herança maldita” como foi propagado. Afinal de contas, todos sabem que o Atlético, assim como grande parte dos clubes de futebol no País, depende da venda de seus atletas para gerar receita, o que praticamente não aconteceu em 2008.

De acordo com o balanço do ano anterior foi exatamente a transação de jogadores que salvou o Atlético de terminar 2007 no vermelho. As negociações geraram quase R$ 17 milhões limpos ao clube.

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Graças a essa quantia o Rubro-Negro fechou o caixa com um superávit de R$ 1,6 milhão. Bem inferior ao do final de 2006 – R$ 15,5 milhões – e diferente do superávit milionário que parte da imprensa especula.

Gastos

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Apenas R$ 1,6 milhão em caixa e com todos os gastos que o clube teve em 2008 aliada a falta de negociação de atletas com alto valor de revenda, o resultado só poderia ser déficit.

Vale ressaltar que no ano passado o Atlético pecou pelas extravagâncias. Uma delas foi a manutenção de duas equipes disputando campeonatos paralelos. O Furacão tinha o grupo principal – inchado com cerca de 40 atletas para o calendário tradicional – e o time Sub-23, com mais 20 atletas, para fazer amistosos internacionais e atuar na Copa Paraná.

Além desses altos gastos com jogadores, o clube despendeu valores demasiados no CT do Caju, com a manutenção de muitos atletas para a categoria de base, e com o departamento médico, visto a grande quantidade de atletas no estaleiro e por longos períodos.

Para piorar a situação, em 2008 o Rubro-Negro não renovou o contrato com a Kyocera e “perdeu” um boa quantia (estimada em US$ 2 milhões ou cerca de R$ 5 milhões) em patrocínio referentes ao naming rights da Arena (utilização de uma marca batizando o estádio) e do patrocínio master da camisa. Agora em março, o Atlético completará um ano sem patrocinador.

Mas o principal problema para a queda financeira foi a escassez de negociação de jogadores para o mercado europeu e mundo árabe. Em 2008, aconteceram as vendas de Rogerinho para o Kuwait, uma porcentagem de Dinei para o Celta de Vigo (Espanha), Evandro (50% para a Traffic) e Claiton para o Japão; e empréstimos menores como o de Ferreira para o Emirados Árabes e Kaio para o Japão.

Para se ter idéia, todos esses valores juntos correspondem praticamente à venda do goleiro Guilherme ao futebol russo no ano anterior. O fator positivo em 2008 foi a adesão em massa do torcedor ao plano de sócios. Isso gerou uma boa renda ao clube (em média R$ 750 mil por mês).

Equilíbrio

Atualmente para sanear as contas, o presidente Marcos Malucelli adotou uma política de enxugar gastos. Acabou com o Sub-23, dispensou alguns atletas que não renderam e está emprestando jogadores, alguns para o exterior como Pedro Oldoni e Alan Bahia.

Segundo Malucelli, houve uma redução de 25% nos gastos com a folha salarial em sua gestão. Mas a venda de jogadores, que é responsável pela manutenção das finanças do clube em alta, também não está acontecendo em 2009.

Reflexo das más campanhas do clube nos últimos anos – o que significa diretamente uma baixa valorização dos atletas rubro-negros. Há também a crise econômica mundial que repe,liu altos investimentos no futebol.

É dentro deste cenário que, logo mais, Marcos Malucelli explicará se o Atlético está bem financeiramente, endividado ou possui dívidas administráveis. O torcedor aguarda ansioso.