O sucesso do Audax passa, fora de campo, pelo dono do clube, Mário Teixeira. E o executivo aposentado conta com ajuda preciosa de ex-colegas de diretoria do Bradesco para tocar os projetos que visam garantir um futuro sólido para o clube que se tornou a sensação do futebol paulista. Eles investem na base do Audax por meio da Lei de Incentivo ao Esporte.

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Somente no ano passado, por exemplo, 20 diretores do Bradesco contribuíram, no total, com R$ 1.088 milhão para o projeto “GO Audax – Formação e Cidadania”, destinado à descoberta de talentos para as quatro categorias de base do clube (de sub-11 a sub-17) de acordo com o Ministério do Esporte. O presidente do conselho de administração do banco, Lázaro de Mello Brandão, doou R$ 15 mil. Teve doações bem maiores, de até R$ 110 mil.

As contribuições dos colegas aos times de Mário Teixeira – ele também controla o Osasco FC, o Audax do Rio, o time feminino do Audax em parceira com o Corinthians e o Grêmio Esportivo Osasco – são feitas desde 2011. Foram pelo menos R$ 10 milhões em vários projetos (no total, segundo dados do ministério, a captação para vários projetos chega a R$ 12,4 milhões). E alguns resultados já foram obtidos, como o título paulista sub-15 do Audax no ano passado, vencendo justamente o Santos na decisão.

“O Audax é um bom exemplo do uso eficiente da lei de incentivo. Quem conseguiu entender como funciona a regra, quais são os benefícios, acaba tendo um resultado satisfatório”, disse Ricardo Paolucci, gestor de projetos do Sindi-Clube. O Bradesco não se manifesta sobre o relacionamento de seus diretores com os projetos, por se tratar de iniciativa pessoal.

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O jornal O Estado de S.Paulo procurou alguns executivos, mas nenhum quis se pronunciar. É sabido no ambiente do futebol, porém, que a relação com o colega-dirigente estimulou a participação deles no projeto. Mesmo porque, nos tempos de banco, era comum Teixeira convidá-los para assistir, pela TV, jogos de seus times, inclusive da base.

Com 70 anos completados em março e recém-aposentado após construir uma sólida carreira como executivo no banco em que começou a trabalhar em 1971, Mário Teixeira hoje praticamente só pensa em futebol. Adora o jogo bem jogado, mas encara o projeto Audax com visão ousada e já revelou até a intenção de expandi-lo para outros Estados.

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O Mário Teixeira dirigente conserva características do executivo que comandou, por exemplo, o banco de investimento do Bradesco por cerca de 15 anos e encabeçou de negócios importantes como a Bradespar, a empresa de participações do banco, que chegou a presidir. Também participou ativamente de privatizações da década de 1990. Entre elas a da mineradora Vale. Amigo de Roger Agnelli, morto recentemente em acidente aéreo, integrou o conselho de administração da Vale entre 2003 e 2015.

Teixeira circula bem por todos os ambientes. “É uma pessoa simples, humilde e amiga”, definiu Vampeta, presidente do Audax. É, também, uma figura conhecida em detalhes pelos poucos seguidores fiéis da equipe. Os torcedores sabem que o “Seo Mário” tem suas manias. Nos jogos da equipe em casa, assiste apenas os 15 minutos iniciais. Depois, vai até o bar do estádio para apreciar uma cervejinha. Se o time ganha, ele faz questão de ir ao vestiário para conversar com todos e abraçar os jogadores, a quem chama de “filhos”.

Se fica feliz, a recompensa vem na certa. Exemplo: após o Audax garantir a vaga na decisão ao eliminar o Corinthians, Teixeira reuniu o elenco, a família dos jogadores e alguns torcedores presentes no Itaquerão para comemorar. Fechou uma churrascaria toda apenas para os 150 convidados celebrarem o feito. A noite se estendeu até por volta das 2 horas da manhã com muita música, fartura de comida e, é claro, bebida.

Mas se o time perde, a reação é outra. Costuma ficar irritado demais com o desempenho, até por gastar mais do que arrecada com o futebol (em 2015, segundo o balanço, o prejuízo do Audax foi de R$ 763 mil).

Ele só deixa de lado a forte ligação afetiva com o Audax quando está em campo a Ponte Preta, o time de coração. “Não se muda de time”, costuma dizer Mário Ponte Preta, como também é conhecido. A paixão pelo time de Campinas pode ser medida por gestos como construir uma ponte sobre o lago da casa em que mora em Alphaville e pintá-la de preta. Mas, neste domingo, seu Mário pode ganhar de presente algo que a Ponte Preta jamais lhe deu: um título.