O empate de terça-feira, entre Paraná Clube e Portuguesa, abriu um princípio de crise no Tricolor. O pivô foi o técnico Ricardo Pinto, que após o jogo decidiu colocar a boca no trombone, revoltado com a pegação no pé da chamada “turma do amendoim”, que historicamente se posiciona atrás do banco de reservas do time, na Vila Capanema, e não costuma poupar ninguém.
Desavisado, o treinador reclamou das críticas e expôs a frágil situação financeira do clube, o que agitou os bastidores do Paraná ontem. Riocardo Pinto, que foi contratado há três meses, disse que não assinou contrato e que está sem salários desde que assumiu o cargo.
O vice financeiro do clube, Celso Bittencourt, rotulou de “infelizes” as declarações do técnico. “Foi mal sob todos os aspectos. Não era o momento para se falar nisso e, principalmente, não condiz com a realidade”, disparou o responsável pelo setor financeiro do Paraná.
Bittencourt também explicou não haver – contratualmente – um vínculo entre Ricardo Pinto e o patrocinador master do Paraná, a Sinoway. “Quando fechamos o contrato com a empresa chinesa, sabíamos que haveria uma demora na liberação das verbas. É capital estrangeiro”, disse.
“Por conta disso, fizemos um acordo para que, enquanto as questões burocráticas não fossem resolvidas, o patrocinador pagasse ao menos os salários do técnico e de seu auxiliar (Luiz Juresco). E o Ricardo Pinto sabe disso”, completou Celso Bittencourt.
O dirigente admitiu que o Paraná segue trabalhando com extrema dificuldade financeira e que os salários de abril ainda não foram pagos. Para ele, dois espectos pesam para esse quadro: a ação do Vitória da Bahia (que bloqueou as cotas de TV) e a lentidão para a liberação do dinheiro do patrocinador.
“Há uma promessa de que a Sinoway irá pagar uma parcela ainda esta semana. Isso já resolveria parte dos nossos problemas”, reconheceu. O entrave está na documentação que a empresa chinesa precisa apresentar junto à Receita Federal e ao Banco Central. “Por se tratar de capital estrangeiro, não é simplesmente depositar o dinheiro e pronto. Até o momento, não pensamos na rescisão do contrato”, explicou Celso.
O fato de o Paraná estar estampando a marca “gratuitamente” desde a disputa do Estadual, incomoda, mas não é, na visão do financeiro, um problema que não possa ser contornado.
“O melhor, para todos, é que a gente resolva essa questão. Contamos com esse patrocinador e acho que esse momento de incerteza será superado”. Bittencourt não falou em cifras, mas estima-se que o valor desse patrocinío giraria na casa dos R$ 200 mil mensais. “Só posso assegurar que com a verba acertada não teríamos dificuldades em relação a salários”, afirmou.
Além dessa pendência com a Sinoway, Celso Bittencourt confirmou que o clube também está próximo de um acordo com o Vitória-BA, que retiraria o bloqueio judicial às verbas de TV que o clube recebe através da CBF.
“Com isso, vamos virar de vez essa página e seguir nossa vida. Com outros projetos que estão em andamento, acredito que conseguiremos fechar o ano sem falar mais nessas questões econômicas”, arrematou Celso Bittencourt.