Em sua coluna, publicada ontem no Paraná Online, Augusto Mafuz descreveu como o Atlético virou refém da política que o próprio clube adotou durante a permanência de Mário Celso Petraglia no poder. Principalmente em relação aos contratos dos jovens valores do time. Citou o caso do zagueiro Ronaldo como exemplo.

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O clube preferiu não se manifestar oficialmente, mas esclareceu alguns detalhes. A renovação de Ronaldo, cujo contrato se encerra em maio de 2010, realmente está complicada.

Isso porque, conforme o clube, os procuradores do jogador querem que ele receba ganho salarial igual a de companheiros (ex-juniores) que já se firmaram como titulares ou estão em estágio mais adiantado dentro da equipe.

Essas solicitações vão contra o que estabelece normas contratuais criadas pelo clube e que foram implementadas e seguidas pelos atuais procuradores de Ronaldo, na época em que faziam parte do quadro de funcionários do Atlético.

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De acordo com o diretor de futebol, Ocimar Bolicenho, no primeiro contrato assinado pelos atletas é estipulado salário e também objetivos a serem cumpridos.

À medida que tais metas são alcançadas há um aumento salarial. No caso de Ronaldo, os procuradores querem pular essa etapa de objetivos e, por isso, a negociação está emperrada. Além disso, os valores solicitados não são baixos, principalmente para um jogador que estreou como profissional há poucas semanas.

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O dirigente ressaltou que o Atlético tem buscado entendimento com Ronaldo, porém, em todas as tratativas, o jogador afirma que vai seguir as orientações de seus procuradores. O zagueiro não foi liberado pelo clube para falar na entrevista coletiva de ontem.

Ronaldo atuou como titular em apenas três jogos pré-Atletiba. No clássico não figurou sequer no banco de reservas, o que levantou algumas suspeitas de que teria sido preterido em razão das dificuldades na negociação de contrato.

Porém, ontem, as declarações do técnico Antônio Lopes fizeram com que as desconfianças perdessem força. Segundo o Delegado, Ronaldo é o terceiro reserva da equipe.

O titular é Rhodolfo e, por isso, jogou o Atletiba. O reserva dele é Chico e depois Ronaldo. O garoto jogou anteriormente porque tanto Rhodolfo quanto Chico estavam lesionados. Essa situação se repete contra o Santos e, novamente, Ronaldo voltará à titularidade hoje à noite.

As negociações entre as partes continuam visando a renovação de contrato. Ronaldo, no entanto, poderá assinar pré-contrato com outro clube a partir de dezembro e sair no final de maio de 2010 sem que o Atlético lucre com a transação.

A situação específica de Ronaldo não é a única no clube, já que os procuradores de grande parte da garotada rubro-negra são os mesmos. Porém, quase todos os atletas que estouraram na Copa São Paulo e subiram para o profissional tiveram seus contratados renovados por um prazo mais longo. Manoel, Raul e outros tiveram seus vínculos estendidos.

Ressalta-se que problemas dessa natureza, com a intervenção de procuradores nas renovações de contrato ou buscando melhores ganhos para seus atletas, têm que ser administrados quase que diariamente por clubes de futebol.

E no Atlético não seria diferente. No Furacão, o que preocupa é exatamente o que foi citado por Mafuz em sua coluna. O Atlético pode se tornar refém de suas próprias crias.