A retirada de moradores de favelas para abrir caminho para obras da Olimpíada de 2016 é um sinal preocupante de que os direitos humanos podem não ser respeitados durante os preparativos do Rio de Janeiro para o evento, disse o indiano Salil Shetty, secretário-geral da Anistia Internacional.
Entre outros projetos, o Rio planeja construir três vias expressas de ônibus (BRTs) antes de 2016, que passarão por várias favelas que abrigam milhares de moradores que vivem em condições precárias.
“Nossa preocupação é que, por causa da Olimpíada, essas ações possam ser ampliadas de forma muito significativa”, disse Shetty, que iniciou visita de uma semana ao Brasil.
Nos últimos meses, autoridades começaram demolições em algumas favelas, oferecendo indenizações pelas casas ou novas moradias. A população afetada reclama que as novas moradias ficam distante de seus locais de trabalho e de suas comunidades.
Embora o número de despejados tenha sido pequeno até agora, Shetty disse que os primeiros sinais de como o Rio está tratando residentes de áreas que abrigarão projetos de infraestrutura “não têm sido bons”.
Shetty deve se reunir com moradores das comunidades afetadas e disse que iria levantar a questão com representantes do governo, possivelmente incluindo a presidente Dilma Rousseff, em Brasília, ainda esta semana.