O jogo contra o Real Potosí começava a ficar dramático quando o novo xodó da Vila Capanema resolveu decidir. Primeiro com um corte no zagueiro e um forte tiro cruzado, depois com um cruzamento perfeito para boa cabeçada de Daniel Marques.
E Dinelson mais uma vez saiu como herói.
Bastaram sete jogos para o baixinho (de 1,65m) viver a melhor fase da carreira. Após surgir como grande revelação do Guarani, em 2003, aos 17 anos, foi logo fisgado pelo Corinthians, então associado à investidora MSI. Mas apesar de alguns bons momentos, a promessa nunca desabrochou no Parque São Jorge.
Fora dos planos do técnico Leão, Dinelson chegou à Vila Capanema com a providencial intervenção de Zetti, que recomendou sua contratação à diretoria tricolor. Já era um interesse antigo, e a presença paranista na Libertadores facilitou o negócio. ?Conhecia bem seu potencial, apesar de não termos trabalhado juntos.
E ele está dando a resposta, usando sua habilidade sem deixar de ser sério?, elogia o comandante.
O próprio meia atribui parte da boa fase ao entrosamento com o chefe. ?Ele me dá liberdade e passa confiança. No Paraná, atuo da maneira que mais gosto, partindo de trás e fazendo com que os atacantes joguem. Meu jeito é esse, não dá pra mudar?, falou o meia, que completou 21 anos no início do mês.
Mas o fator principal, segundo Dinelson, é a continuidade. No Corinthians, por exemplo, jamais conseguiu ser titular e era aproveitado esporadicamente. ?Você pode decidir a partida entrando no final, mas às vezes não dá tempo para nada. Aqui consegui fazer sete bons jogos e espero manter essa seqüência?, disse o jogador, aplaudido com entusiasmo pela torcida ao sair de campo contra o Potosí.
Mas os dribles desconcertantes e jogadas de efeito do baixinho devem ter prazo limitado na Vila.
O contrato de empréstimo de Dinelson, ainda vinculado ao Corinthians, termina no final do ano. E, se mantido o bom desempenho, o time do Parque São Jorge deve chamá-lo de volta ao fim do período, ou vendê-lo sem benefício financeiro ao Paraná. ?O negócio foi firmado de modo diferente do habitual. Precisávamos de um meia com urgência e o Dinelson surgiu como uma boa opção. Não temos percentual caso seja vendido, mas o empréstimo foi gratuito e pagamos apenas seus salários, que estão dentro dos padrões do clube?, afirma o vice-presidente José Domingos.
A torcida, portanto, que aproveite enquanto é tempo.
Paraná deve trocar Joma pela Penalty
A vitória paranista sobre o Real Potosí teve um ponto negativo. O uniforme desajeitado dos jogadores foi um reflexo da troca da fornecedora de material esportivo, misturada com uma pitada de desorganização. O clube busca os culpados pelo erro enquanto finaliza o acordo com a Penalty, que deve substituir a espanhola Joma e vestir o Tricolor a partir do mês que vem.
Diante dos bolivianos, o Paraná entrou em campo com uniforme sem patrocínio e voltou para o segundo tempo com a marca da empresa Embracon no peito e nas costas. Menos Dinelson e André Luiz, que seguiram até o fim com a bicolor ?limpa?. A camisa do atacante Henrique parecia gasta, e o goleiro Flávio vestia Penalty. Tudo isso num dos momentos de maior exposição em mídia da história do clube.
O vice-presidente de marketing tricolor, Valdomiro Gaier Neto, concordou que o clube protagonizou um papelão. ?Faremos uma reunião amanhã (hoje) para saber de onde partiu o erro. Mas adianto que a Joma não teve culpa nenhuma?, falou o diretor.
Há cerca de um mês o Paraná estuda a troca do fornecedor. Com a classificação à Libertadores, o clube recebeu propostas de três fabricantes e as apresentou à Joma. A mais vantajosa é da brasileira Penalty, que inclui material para todas as categorias de base, esporte amador, escolinhas e maior volume ao futebol profissional.
?Queríamos que a Joma cobrisse as propostas, mas os europeus não costumam mudar o contrato. De nossa parte temos que aproveitar o momento do clube?, falou Gaier, salientando que o Paraná ainda não assinou contrato com a Penalty. O entrave é uma divergência no valor da multa pelo rompimento do acordo com a Joma, em discussão pelo Departamento Jurídico do clube. Ao mesmo tempo, o Tricolor negocia com outro patrocinador principal.
Maratona não pára
A Libertadores dá um tempo, mas a maratona prossegue para o Paraná Clube. Até 14 de março, quando o Tricolor volta a atuar pela competição continental, serão mais seis partidas, todas pelo estadual. Prazo para refazer a condição física e, ao mesmo tempo, não desligar a atenção do Campeonato Paranaense.
Ontem, a comissão técnica já mudou a programação e realizou um treino regenerativo na piscina da sede Kennedy. ?Normalmente o trabalho pós-jogo é de musculação, mas o desgaste foi enorme nos últimos dias. O elenco terá que repousar, se alimentar e se der tempo treinar?, protesta o preparador físico Fernando Moreno.
Fevereiro nem acabou, mas o Paraná já soma 13 partidas na temporada. Além das seqüências de jogos, as longas viagens para Calama e Maracaibo agravaram o desgaste. ?Na volta de Maracaibo ficamos três dias entre hotel, ônibus, aeroporto e avião. Não dá pra treinar, a perna incha. Jogar cansa bem menos?, conta Zetti, que enfrentou maratonas parecidas como jogador do São Paulo. ?Mas quase sempre os vôos eram fretados. Chegávamos no dia seguinte aos jogos?, lembra o treinador. Mas o Paraná enfrentou dificuldades para fretamentos, tanto pela crise na aviação nacional quanto pelo curto prazo para programar as viagens.
