O ano de 2009 ficará na memória dos torcedores do Vasco, que pela primeira vez disputou a 2.ª Divisão do Brasileiro. Mas, na opinião do presidente Roberto Dinamite, a queda não deve ser vista como motivo de vergonha e não manchará os 111 anos de tradição do clube.

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Em entrevista, o dirigente enalteceu o planejamento para a competição e traçou um panorama político do clube. Lamentou a dívida crescente – superior a R$ 250 milhões -, mas comemorou o sucesso da campanha para trazer novos sócios – conseguiu a adesão de quase 40 mil em menos de seis meses.

Paraná-Online – Como foi 2009, com o time disputando pela primeira vez a Série B?

Roberto Dinamite – Grandes clubes já passaram por isso. Futebol é assim. E a queda serviu para que o Vasco pudesse traçar um planejamento para essa competição, que é diferenciada. Formou uma equipe com pessoas comprometidas, engajadas com a nossa volta à Série A.

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Sabiam que os jogos seriam com mais pegada, mais marcação, muitas faltas. Foi uma experiência importante. Se você me perguntar se eu gostaria de passar por isso de novo, eu diria que não, é claro. Mas, na vida, não há escolha. Ela é feita de desafios.

Paraná-Online – A queda manchou a história do Vasco?

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Dinamite – Não acredito e não penso assim. O que é pior? Cair para uma 2.ª Divisão e voltar triunfante ou ficar dez anos brigando entre os cinco últimos para não descer? Essa recuperação do Vasco é uma prova de que é possível ser honesto, trabalhar com seriedade, ser competente e ao mesmo tempo vitorioso.

Paraná-Online – Em 2008, houve muita turbulência política, antes, durante e após a eleição na qual você derrotou Eurico Miranda. Isso já foi superado?

Dinamite – Hoje, para limparmos o Vasco de tudo, vamos levar de 3 a 4 anos, sem aumentar a dívida, sem criarmos outros problemas Isso vai se dar com trabalho, buscando soluções no dia a dia e também com um projeto de equipe a longo prazo.

Paraná-Online – Quando haverá nova eleição?

Dinamite – Pode ser em 2010 ou 2011. O outro lado defende que meu mandato começou antes da minha posse. Sinceramente, o nosso grupo está mais focado no trabalho e tivemos ultimamente uma grande conquista.

O Vasco pulou de 930 sócios para quase 40 mil em menos de seis meses. E muitas dessas pessoas vão estar aptas a votar na próxima eleição. Com 40 mil votantes é mais difícil qualquer manobra ilegal.

Paraná-Online – Tem conversado com Eurico?

Dinamite – A gente não se fala. Não tem por quê. Deixe ele viver a vida dele, eu vou vivendo a minha aqui, ajudando o Vasco da melhor maneira possível.

Paraná-Online – Qual a dívida atual do Vasco?

Dinamite – Por alto, passa dos R$ 250 milhões. Tem muita dívida trabalhista, muita coisa em aberto. Há o caso do Romário, por exemplo, em que uma auditoria está em curso para se levantar quanto o Vasco deve realmente a ele. Só essa dívida, na sua origem, está entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões.

Paraná-Online – A torcida do Vasco aumentou ou diminuiu com o rebaixamento?

Dinamite – O que aconteceu foi que a torcida vestiu a camisa. Está mostrando a cara. Torcedor do Vasco não tem vergonha de estar na 2.ª Divisão. Se você pega as gravações dos anos de 1970 e 80, não vê tanta gente com a camisa do Vasco nos estádios. Descemos todos nós, vamos subir todos juntos.