Rio – Com muita festa e cansaço a seleção brasileira sub-20 desembarcou ontem no Rio de Janeiro, após a conquista do título de tetracampeã Mundial, nos Emirados Árabes, sexta-feira. Apesar da saudade dos familiares, todos os jogadores permaneceram concentrados em um hotel da zona sul do Rio, porque hoje a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) homenageará os atletas e comemorará a “tríplice coroa” do País, que também é o atual campeão nas categorias principal e sub-17.
“A ficha ainda não caiu. Talvez ela só caia daqui a uns três ou quatro dias”, disse o meia Fernandinho, do Atlético-PR, autor do gol do título, na vitória decisiva contra a Espanha, por 1 a 0. “Saí do banco de reservas para fazer o gol da vitória. É uma emoção que deixa você sem saber como agir e o que falar.”
O técnico da seleção sub-20, Marcos Paquetá, ressaltou que a derrota para a Austrália, por 3 a 2, na última partida da primeira fase, foi capaz não somente de motivar seus jogadores, como também permitiu que fizesse algumas “experiências”. De acordo com o treinador, foi neste confronto que ele pôde escalar os meias Jardel e Fernandinho.
“Tinha a certeza de que mesmo com a derrota estaríamos classificados. Por isso, aproveitei para observar alguns jogadores, fazer algumas mudanças porque não tive tempo de preparar a equipe antes da competição”, disse Paquetá, que contestou algumas críticas sofridas durante o Mundial.
“Sabia o que estava fazendo quando modifiquei o time. E a certeza disso foi que coloquei o Fernandinho contra os australianos e ele fez o gol do título contra os espanhóis.”
Após a conquista do segundo título de campeão Mundial, em um mesmo ano, já que em agosto foi vencedor com a seleção sub-17, Paquetá reassumirá sua função de técnico do time de juniores do Flamengo, já que não possui vínculo empregatício com a CBF, a exemplo do que acontece com os técnicos da principal e sub-23, Carlos Alberto Parreira e Ricardo Gomes, respectivamente.
O coordenador das Divisões de Base da entidade, o ex-jogador Branco, afirmou que tem a intenção de “contar” com Paquetá e, inclusive, já estuda a possibilidade de aproveitá-lo na seleção sub-18.
Dagoberto ainda sente a contusão
Descansando em seu quarto de hotel, no Rio de Janeiro, o atacante Dagoberto já está com saudades de Curitiba. Ele que hoje, ao lado de seus companheiros de seleção brasileira, receberá uma homenagem pelo quarto título da equipe em Mundiais, conquistado na última sexta-feira em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, não vê a hora de voltar para casa, e passar três dias com a família.
Ele lembrou ainda que sua situação foi um complicador a mais. “Vocês aí de Curitiba, sabem da minha situação. E tornozelo é muito complicado”, explicou Dagoberto, revelando ainda receio em relação a não estar completamente curado, principalmente em razão de ter sido atingido por um espanhol.
Ele deve desembarcar no início da noite de hoje, ao lado dos companheiros Fernandinho e Adriano. Sobre sua convocação para a equipe pré-olímpica, o atacante atleticano considera ser um “prêmio pelo trabalho e dedicação. Você tem que trabalhar com seriedade, pois só assim colhe frutos como essa convocação”, finalizou Dagoberto.
Quanto a recuperação, Dagoberto acredita que terá tempo para entrar cem por cento para servir à seleção sub-23.
Quatro ficam sem folga
Rio –
Somente após o término da homenagem desta segunda, em um hotel da zona sul do Rio, com a presença dos capitães da seleção principal, Cafu, e sub-17, João, é que os jogadores e comissão técnica estarão liberados da seleção, que passou o domingo no Rio. Mas, para o meia Dudu Cearense (Vitória), o atacante Dagoberto (Atlético-PR), o meia Nilmar e o atacante Daniel Carvalho (ambos do Internacional), a dispensa durará somente três dias, porque na sexta-feira se apresentam ao técnico Ricardo Gomes para a disputa do Torneio Pré-Olímpico do Chile, entre os dias 7 e 25 de janeiro.Eleito o segundo melhor jogador e o terceiro melhor artilheiro do Mundial, o meia Dudu Cearense comemorou não somente as conquistas, mas também o fato de ter sido chamado para a seleção olímpica. Com esta convocação, Dudu conseguiu o feito de servir em um mesmo ano as categorias sub-20, sub-23 e a principal, já que participou da equipe de Parreira no amistoso contra a Nigéria, e da Copa das Confederações, em junho.
“É uma felicidade grande porque aos 20 anos já consegui estar nas três categorias. Acho que isso se deve ao trabalho que procuro realizar. Determinação, vontade e perseverança não me faltam”, contou Dudu. “Já conheço na sub-23 o Juninho (goleiro), que joga comigo no Vitória e o Edu Dracena (zagueiro do Cruzeiro). É só ter tranqüilidade, manter a vontade que tudo dará certo.”
E nem mesmo a saudade dos familiares desanima os quatro convocados por Ricardo Gomes. Daniel Carvalho não escondeu que sua prioridade é a de estar na seleção e, por isso, os três dias serão suficientes para ficar com os familiares e recuperar as energias. “Com certeza sempre vou largar as férias para ir servir à seleção”, enfatizou Daniel Carvalho. “Esse tempinho vai ser suficiente para matar a saudade da família, mas neste domingo quero mesmo é aproveitar o dia de folga para conhecer o Rio, já que ainda não posso voltar para o Rio Grande do Sul.”
Premiação
A CBF ainda não informou oficialmente, mas a premiação pela conquista do título de tetracampeonato Mundial para os jogadores da seleção sub-20 não vai ser inferior a R$ 10 mil. Em agosto, esse foi o valor pago aos atletas campeões na categoria sub-17.
Kléber descarta Ucrânia
Campeão mundial com a seleção sub-20, o atacante Kléber foi enfático ao desembarcar ontem no Rio e falar sobre a sua saída do São Paulo. “Só vou se eu quiser. Ninguém vai me forçar a nada.” O jogador, que nesta segunda será homenageado com os demais companheiros, em um hotel da zona sul do Rio, pela CBF, não assumiu, mas deixou transparecer que não tem o desejo de se transferir para uma equipe de pouca expressão no futebol, como o Dínamo de Kiev, da Ucrânia.
“Não assinei nada com ninguém. E vou decidir nos próximos dias”, informou Kléber, que tem sua negociação considerada como certa pelos dirigentes do São Paulo, por cerca de US$ 2,2 milhões.
