Se há males que vêm para o bem, a derrota do Atlético para o Coritiba, em 1995, deverá ser, mais do que nunca, comemorada pela torcida nesta véspera de decisão. Foi após o vexaminoso Atletiba da Páscoa, perdido por 5 a 1, no Couto Pereira, que os dirigentes rubro-negros resolveram dar um basta na mesmice e projetar o clube do futuro que virou o Furacão de hoje em dia. Dez anos depois e com várias conquistas estaduais e nacionais, o clube não pára e continua em busca de objetivos cada vez mais ambiciosos.
Primeiro, a história. O que mais mexeu os dirigentes naquela época não foi nem a derrota no clássico, mas a forma como ocorreu. O placar sintetizou aquele momento, mas o clube sentiu que não poderia mais se sustentar numa forma arcaica de administração. Precisava ter uma casa para atuar, precisa formar jogadores e criar ídolos e precisa fazer o torcedor sentir orgulho de vestir as cores vermelha e preta. O soco na mesa foi dado por Valmor Zimmermann, que retornou ao clube e trouxe alguns pares de volta.
Começou a mudança de pensamento. Com Ênio Fornea, Ademir Adur, Ademir Gonçalves, o atual presidente João Augusto Fleury da Rocha e, num segundo momento, a presença essencial de Mário Celso Petraglia, o Atlético começou a pavimentar o futuro. Eles largaram velhas práticas e investiram numa administração profissional, tendo como exemplo os maiores clubes do mundo. O resultado foi tão impressionante que, tanto a Arena quanto o CT do Caju, se tornaram referências no mundo. Isso sem contar com os títulos da Série B e A nacional, quatro títulos estaduais e três participações na Copa Libertadores.
Só isso? Não. O clube não pára nunca e basta chegar ao CT do Caju para ver para onde o clube vai. Estão sendo construídos quatro novos campos, sendo um com gramado sintético, um novo hotel, o aquecimento e a cobertura da piscina e a construção de uma sede administrativa. A intenção é abrigar o próprio time e seus categorias de base e delegações estrangeiras para intercâmbio. As parcerias com as multinacionais Clear Channel e Kyocera devem alavancar a conclusão da Baixada assim que as pendências judiciais com o Colégio Expoente forem resolvidas.
Mais ambicioso, o clube ainda pretende fundar a primeira universidade do futebol no País. Por enquanto, um projeto embrionário, mas os dirigentes já estão angariando atleticanos de várias áreas no meio acadêmico local para montar o futuro curso. A intenção é fundar desde administradores até técnicos de futebol. Tudo saindo do CT do Caju para o mundo. Na bola, além de tentar mais um título estadual, o clube encaminhou a vaga para a próxima fase da Copa Libertadores e mantém o sonho de conquistar a América.
Única novidade do time será na ala
O ala-direito Etto deverá ser a única novidade do Atlético para a decisão do campeonato paranaense. Como não estava inscrito na Copa Libertadores, o jogador ficou de fora da partida contra o América de Cali, substituído por Jancarlos, mas já foi confirmado pelo Edinho para enfrentar o Coritiba, às 15h50 de amanhã, na Kyocera Arena. O restante da equipe será o mesmo que enfrentou e venceu os colombianos.
De acordo com o treinador do Furacão, a vitória foi importante para os jogadores ganharem moral na hora da decisão. ?Acredito que o grupo ficou ainda mais confiante para conquistar o título paranaense?, apontou. Ele chegou a dar uma cutucada no Alviverde, que passou a semana apenas esperando por esta partida. ?Esta vitória na Libertadores também deve ter deixado o adversário um pouco mais alerta, até porque jogaremos em casa. Já esquecemos o jogo de ontem (quinta-feira) e estamos totalmente concentrados na final do Estadual?, destacou.
Segundo ele, apesar da disposição, o time ainda tem muito o que evoluir. ?Temos alguns pontos para melhorar, já que uma equipe que pretende conquistar títulos não pode ter seu ponto forte apenas no poder de superação. Mas de maneira geral, acho que foi uma boa estréia?, analisou. Hoje, ele comanda o último trabalho antes do Atletiba decisivo.
O ala-direita Jancarlos não foi nem convocado para a partida e será substituído por Etto. Como Maciel ainda sente dores musculares e não consegue atuar 90 minutos, Dênis Marques ganha mais um voto de confiança e continuará como titular. Assim, o time amanhã terá Diego; Danilo, Baloy e Marcão; Etto, Alan Bahia, Fabrício, Fernandinho e Marín; Dênis Marques e Aloísio.
Reforço
O ala-esquerdo Beto, do Ipatinga, de 20 anos, se apresenta nas próximas semanas no CT do Caju. Ele foi uma das revelações do Campeonato Mineiro deste ano e já assinou um pré-contrato com o clube da Baixada. Como o acerto com os mineiros vai até o final do mês, Beto deverá vir a Curitiba somente no início de maio. Antes do Ipatinga, Luiz Alberto de Souza atuou no Cruzeiro, Tupi-MG e Joinville.
Fora da Arena, só no rádio
Quem pagou ingresso, vai assistir. Quem não comprou, só poderá ouvir pelo rádio a finalíssima do campeonato paranaense – a não ser que esteja no interior ou no Litoral do Estado. Por enquanto, a diretoria do Atlético mantém o veto para transmissão televisiva do Atletiba de amanhã para a capital.
O presidente atleticano, João Augusto Fleury da Rocha, alega que o contrato assinado com a TVE e a RPC, através da empresa Ethisports, não obriga o clube mandante a liberar as imagens para a cidade onde se realiza a partida. ?A TV paga muito pouco para transmitir o jogo para a capital. Ainda que o estádio esteja cheio, cria-se um desestímulo a quem compra o pacote?, afirma Fleury. O dirigente afirmou ainda que o clube poderia reclamar da geração de imagens dos jogos contra Malutrom (1.ª fase), e contra o Coritiba (domingo passado). Não o fez para não deixar uma imagem ?antipática?.
Fleury abre, porém, uma possibilidade de acordo. ?Eu não censuro a TV, mas não permitiremos a transmissão a menos que eles venham negociar?, afirmou.
O diretor de esportes da RPC, Gil Rocha, confirma que o Atlético tradicionalmente cria empecilhos. ?É uma questão filosófica deles. Mas estaremos negociando até domingo? falou.