Alinhado, Scolari prepara-se para a viagem de volta |
Yokohama (AE) – Felipão anda tão feliz com o sucesso da campanha na Ásia que pretende transformá-la em livro. A intenção é revelar detalhes, bastidores, etapas da caminhada para o quinto título mundial do Brasil. Não há data prevista para início da aventura literária nem disse quem vai ajudá-lo a passar para o papel a história da obra-prima de sua carreira. “Foi algo que me surgiu agora”, contou, minutos antes de se despedir do Japão. “Quero mostrar para todos como conseguimos ganhar o Mundial.”
Se o plano de trabalho intelectual der tão certo quanto aquele que executou em campo, Felipão mostrará como houve variação de esquema, a quais estratégias recorreu para enfrentar as sete etapas da competição, os momentos mais marcantes dos 50 dias da expedição – que começou em 13 de maio, com os treinos iniciais, em Barcelona. “Aí todos poderão entender o que fizemos”, afirmou, com um ponta de cansaço, alívio e ironia. “Quem não viu aqui, ou à distância pela televisão, terá oportunidade de conhecer lendo o livro, que ainda é só um projeto.”
Felipão tem a autoridade de campeão do mundo, proeza que poucos puderam desfrutar até hoje. Mas também guarda mágoa da desconfiança que cercou sua passagem inicial pela seleção. Em sua opinião, as avaliações deveriam ser feitas só no fim independentemente da natureza imediata e fragmentada da atividade jornalística.
“Mais uma vez mostramos ao mundo que, quem trabalha, alcança seus objetivos”, discursou. “Por isso, seria interessante que não emitissem opiniões sem conhecer direito as pessoas, o que pensam, como agem”, sugeriu. “Que esperem um pouco antes de fazer juízos definitivos. Espero que agora não digam mais que tal ou tal jogador serve apenas para clube.”
A crítica sempre incomodou Felipão – como, de resto, não é bem aceita em qualquer atividade. Mesmo assim, garante ter aprendido muito nesse período e considera ter amadurecido. A prova de que buscou relação amistosa e cordial com a imprensa teria sido a distensão no trabalho durante a Copa. “Procuramos sempre ter um clima tranqüilo”, recordou. “Por isso, não impedimos entrevistas, fizemos treinos abertos e ainda nos chateamos quando vimos que outras seleções fechavam as portas para jornalistas brasileiros”, garantiu. “Não tivemos nada a esconder.”