Com todos os prazos de entrega de obras descumpridos e um orçamento que não pára de crescer – o custo do Pan-Americano 2007 subiu treze vezes, de R$ 386 milhões para R$ 5 bilhões -, os organizadores do evento consideram agora como prioridade a liberação das obras na Marina da Glória. Querem, assim, evitar que o Brasil seja o único país-sede em 55 anos de competição a não promover a tradicional disputa da vela.
O Ministério Público Federal e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) são contrários às obras na marina por causa do impacto ambiental e travam na Justiça uma briga com a prefeitura pela não-liberação da área para a construção de uma garagem de barcos e de um shopping.
O Co-Rio nega que haja um plano B para a vela, mas a hipótese não está descartada.
O Iate Clube, na Urca, é apontado por alguns velejadores como alternativa e poderia ser utilizado para o Pan em caráter de emergência, desde que passasse também por algumas reformas.
Velocidade
As obras seguem em ritmo acelerado a sete meses do Pan. Depois de problemas para a liberação de financiamento da Caixa, a Vila Pan-Americana está com sete dos seus 16 prédios já em condições de abrigar os atletas. A conclusão das obras no local está prevista para fevereiro. São, ao todo, 1.480 apartamentos.
O Complexo Olímpico do Autódromo de Jacarepaguá, a três quilômetros da vila, é um dos principais centros nervosos dos jogos – abrigará disputas de basquete, natação, nado sincronizado, ginástica artística, saltos ornamentais e ciclismo de pista. As obras do complexo podem ser consideradas as mais atrasadas: só devem ficar prontas em junho.
No local, a Arena Olímpica, com capacidade para 15 mil pessoas, consumirá R$ 119,2 milhões, e, para evitar novos atrasos no cronograma, o trabalho tem sido realizado todos os dias da semana.
No Parque Aquático, com custo de R$ 74,8 milhões, o ritmo também é veloz. A única obra modesta no complexo é o velódromo (R$ 9,8 milhões) -que vai ser construído em 2007.
O Estádio João Havelange, palco do futebol e do atletismo, está em uma fase delicada, com a montagem dos arcos da cobertura. Seu valor pode servir como referência para comparar o salto no orçamento dos jogos. No lançamento do projeto, em 2003, custaria R$ 166 milhões. Passou para R$ 229,8 milhões, R$ 237 milhões, R$ 305 milhões, R$ 315 milhões e, de acordo com a última estimativa da prefeitura, chegará a R$ 350 milhões.
Custos
O orçamento do Pan, atualizado, conta com R$ 2 bilhões da prefeitura, R$ 1,4 bilhão da União e R$ 310 milhões do estado. Completam a receita, R$ 690 milhões do Co-Rio e investimentos da iniciativa privada.
Essas cifras não incluem determinados gastos com infra-estrutura como os R$ 628,5 milhões do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara ou os R$ 70 milhões do sistema de monitoramento das ruas por câmeras (220), que o governo do estado disse ter investido para a realização dos jogos.
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