A cerca de seis meses da Copa do Mundo de 2018, a comissão técnica de Tite está cada vez mais atenta a números, planilhas, cálculos e projeções de tempo. Esse trabalho com dados será importante para o treinador monitorar o desgaste dos titulares durante a atuação pelos respectivos clubes e, quem sabe, avaliar possíveis mudanças na formação para apostar em quem estiver melhor fisicamente na Rússia.

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A grande preocupação da comissão técnica é ter os jogadores no auge da forma física no dia 17 de junho, data da estreia contra a Suíça. O estágio inicial do trabalho logo depois da apresentação do time, na Granja Comary, em maio, será de recuperar os convocados, que chegarão desgastados pela extensa temporada europeia.

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“Para se dar bem na Copa é preciso ter sabedoria para se chegar às vésperas dela bem fisicamente e mentalmente para esse desafio”, afirmou o ex-atacante Ronaldo, campeão mundial em 1994 e 2002.

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Se um jogador for titular de um time europeu que chegar à final de todas as competições, pode disputar cerca de 60 partidas antes da Copa. Para piorar, a parte final da temporada é mais cansativa na parte física e psicológica, pela sequência de decisões e a impossibilidade de os times pouparem os principais atletas.

Como a Copa é realizada durante o período de férias do calendário europeu, o atleta pode chegar à competição mais importante do futebol abaixo da forma ideal, seja atrapalhado por lesões ou sem conseguir atingir o máximo rendimento.

Titulares de Tite e do Real Madrid, o lateral Marcelo e o volante Casemiro são os dois que podem fazer mais partidas na temporada. Ambos disputam o Mundial de Clubes além do calendário regular. É provável que ambos se apresentem para a Copa com mais de 50 jogos, assim como Neymar.

No caso de Gabriel Jesus, o calendário inglês é um temor, pois o time dele, o Manchester City disputa duas copas nacionais, fora o campeonato nacional. Por outro lado, como atua na China, o meia Renato Augusto cumpre um calendário diferente e menos apertado.

Desde o começo do trabalho de Tite, em junho do ano passado, a comissão técnica abastece planilhas com várias informações sobre a rotina nos clubes dos mais de 50 atletas monitorados.

A equipe se debruça sobre minutos de cada um dos jogadores em campo, intervalos de uma partida para outra, suplementação nutricional, cargas de treinos e distâncias percorridas. Esses dados propiciam à comissão técnica estabelecer trabalhos individualizados, para não desgastar demais quem já está cansado nem poupar em excesso alguém que esteja descansado.

As informações são fornecidas pelos clubes. A comissão técnica da CBF vai à Europa para acompanhar os treinos dos atletas e conversar com fisioterapeutas e médicos dos times sobre possíveis lesões. Em contrapartida, a CBF devolve às equipes dados sobre como foi o período dos atletas na seleção, como os trabalhos físicos realizados e até mudanças de fuso horário.

O cuidado vale para aproveitar o tempo. Não há como dar férias prolongadas entre o fim do calendário dos clubes europeus e o começo de preparação para a Copa. “A possibilidade de descanso vai ser na própria concentração. Todos eles vão ter de cinco a sete dias de descanso após terminado os campeonatos de seus países”, disse ao Estado o preparador físico da seleção brasileira, Fábio Mahseredjian.

O começo do trabalho de preparação para a Copa não será no campo, mas sim com exames. “Vamos buscar ferramentas para diagnosticar se ele (o jogador) está desgastado ou não, se está no seu limite físico”, afirmou o preparador.

O assunto condição física é tratado com cuidado por Tite. Por ideia dele, por exemplo, a CBF já bancou voos fretados para os jogadores chegaram ao Brasil mais rapidamente e sem escalas para a disputa de partidas das Eliminatórias da Copa. Em outubro houve ainda transporte de helicóptero do Rio para a Granja Comary, para evitar o trânsito e apressar o processo de recuperação muscular.

BAIXAS – A história dos Mundiais teve casos emblemáticos de estafa muscular. O meia francês Zinedine Zidane se apresentou para jogar a Copa de 2002 desgastado pela temporada no Real Madrid. Para piorar, ele se machucou no último amistoso antes da estreia e ficou fora dos dois primeiros jogos no torneio. Em 2014, outra estrela do Real Madrid viveu o mesmo drama. O português Cristiano Ronaldo veio ao Brasil abaixo da forma ideal e viu a sua seleção sair na primeira fase sem que ele brilhasse em campo.