Paraná Clube e Coritiba já caminham pro centésimo encontro, mas este das 17h de hoje difere dos demais. Nem o fator Vila Capanema camufla o favoritismo exagerado do Coxa, talvez o mais acentuado pra qualquer um dos lados nestes 21 anos do clássico. Bastaram duas rodadas do Campeonato Paranaense pra se comprovar o bom momento do Alviverde, que manteve e reforçou o time encaixadinho e vitorioso de 2010; e pra se insinuar o fracasso do catadão do Tricolor, que montou elenco com orçamento de clube do interior, sem o tempo pra treinamento que estes tiveram.
A liderança de um e a lanterna de outro poderiam ser acidentais nessa fase de ajustes, mas só reforçam a discrepância. É difícil imaginar algum dos 11 escalados hoje por Roberto Cavalo vestindo a camisa titular do Coxa de Marcelo Oliveira – talvez, e com muito boa vontade, o jovem lateral-esquerdo Henrique.
Houve épocas em que os rivais se enfrentaram em condições opostas. Na primeira metade dos anos 90, depois do fatídico rebaixamento pela caneta de Ricardo Teixeira, o Coxa viveu momentos de séria crise financeira e política. O Tricolor, ao contrário, a partir de 1991 desfrutou seus anos de glória, com craques como Saulo, João Antônio, Adoílson e dinheiro de sobra pra tirar destaques do rival do Alto da Glória, como Serginho Cabeção e Hélcio. Em 94 e 95, só o Paraná representava o Estado na Série A.
Aí, no começo dos anos 2000, quando a penúria começou a rondar a Vila Capanema, o Tricolor também montava times baratos no Estadual, pra economizar e tentar extrair deles um caldo que servisse de base no Brasileiro. Então o Alviverde, já em processo de reestruturação financeira e patrimonial (do CT da Graciosa começaram a surgir talentos como Adriano, Miranda, Rafinha e outros), deitava e rolava nos clássicos do Paranaense.
Mas nunca houve tamanho desequilíbrio como o atual, reflexo principalmente da crise sem precedentes que atravessa o Paraná. Só o acaso do futebol e a mística do clássico jogam a favor do Tricolor; pela lógica pura e simples, dá Coxa.