Os resultados fenomenais da China nos Jogos Paralímpicos estão chamando a atenção e, consequentemente, gerando questionamentos. Em seis dias de competição no Rio-2016, os chineses já conquistaram mais de 100 medalhas e lideram o quadro, com ampla vantagem sobre a Grã-Bretanha, a segunda colocada. “Alguma coisa está acontecendo. Durante os Jogos não tem o que fazer, depois é uma questão para ser analisada”, afirmou Edilson Tubiba, chefe de missão da delegação brasileira na Paralimpíada Rio-2016 e diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

continua após a publicidade

Se doping é a maior ameaça nos Jogos Olímpicos, o uso de substâncias ilícitas fica em segundo plano na Paralimpíada. Fraude nas classificações funcionais é o principal motivo de desconfiança nas competições. Suspeita que recaiu sobre os atletas da China e também envolveu a Ucrânia, terceira colocada no quadro geral de medalhas da Paralimpíada.

continua após a publicidade

“Um ou outro atleta até pode estar envolvido com doping. Mas não há suspeita de um sistema, como ficou provado no caso da Rússia. A maior dúvida é se os atletas estão dentro de uma classificação funcional justa”, explicou Edilson Tubiba.

continua após a publicidade

Dois casos de quebra de recorde mundial na natação dão fôlego para a polêmica. Aos 21 anos, Liankang Zou cravou 1min45s25 nos 100 metros costas na classe S2, baixando 17 segundos da marca anterior aos Jogos (2min02s25). No revezamento 4×50 metros livre misto até 20 pontos, a China pulverizou o melhor tempo da história, que pertencia ao Brasil, sendo 11 segundos mais rápida. Para isso, o chinês Wenpan Huang fez uma parcial quase seis segundos abaixo do recorde mundial nos 50 metros livre S3: de 42s60 para 36s64.

Soberana desde os Jogos de Atenas-2004, a China é uma potência paralímpica. De acordo com Edilson Tubiba, a supremacia dos asiáticos é explicada por um grande número de pessoas com deficiência em um sistema sólido de investimento esportivo. O chefe de missão do Brasil também aponta que a Paralimpíada de Pequim, em 2008, teve papel importante no crescimento.

Mas os chineses enfrentam problemas por “esconder” suas promessas. A nova geração de competidores de diversas modalidades é desconhecida até por parte dos atletas, visto que muitos asiáticos não participaram de competições importantes durante o ciclo olímpico. Diante desse cenário de descontentamento, o Comitê Internacional Paralímpico (IPC, na sigla em inglês) prometeu analisar o caso.

“Sobre o doping não tenho nenhuma informação. Tivemos uma reunião muito rápida e informal no IPC e essa questão foi levantada, não exatamente relacionada ao doping. Sempre investigamos essas questões independente de qualquer coisa. Os atletas brasileiros têm dado declarações e vamos levar em conta porque somos uma entidade centrada nos atletas. Vamos averiguar”, garantiu o presidente Philip Craven. (colaborou Marcio Dolzan, do Rio)